“Caminhando e cantando e seguindo a canção, aprendendo, ensinando uma nova lição…”
Por Frânio Abreu(*)
O cantor e compositor Geraldo Vandré estava certo quando em 1968 afirmou em verso e prosa: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Foi isso que eu fiz, sem grandes pretensões, quando já funcionário da Folha da Manhã, trabalhando como revisor de textos, iniciei uma nova era na minha vida. Essa nova era se estendeu por 20 anos dentro da empresa, considerada por mim e tantos outros como uma verdadeira escola.
Como revisor de textos sofria influências jornalística de todos os lados, principalmente, pelo próprio trabalho diário de revisar, já que tinha ao meu lado, na mesma função, uma jornalista experiente, com passagem por grandes jornais da época, como “Última Hora”, “Jornal do Brasil”, entre outros diários que acompanharam o processo histórico nacional por longo tempo. Marilda Rios ou “Marildinha”, como era conhecida, falava com um entusiasmo tão grande de jornalistas como Alberto Dines, Carlos Heitor Cony, Wladimir Herzog e outros que eu sequer sabia existirem, que contagiava.
Na época, eu estudava Letras na Faculdade de Filosofia e meus amigos eram do curso de Jornalismo da mesma faculdade e, por coincidência, também da Folha. Antônio Fernando Nunes, Juscelino Rezende e outros acabaram me influenciando, assim como Marildinha. Sem contar que, por força do meu trabalho de revisão, tinha contato direto com os mais experientes jornalistas: José Cunha Filho, Orávio de Campos, Luiz Mário Concebida, Angela Bastos, Francisca de Assis, além dos mais novos da época e nem por isso menos conceituados, como Ricardo André Vasconcelos, Jane Nunes, Rosayne Macedo, Aloysio Balbi e muitos mais.
Mas o grande mestre era mesmo “seu” Aluysio Barbosa, chefe de poucas conversas, mas muito observador — característica essencial para o jornalista. E eu, influenciado por todo esse pessoal, não sei como criei coragem e fui à sala de Seu Aluysio para pedir uma oportunidade na redação.
A primeira coisa que ele perguntou foi se eu gostava de ler, independente dos textos que revisava por obrigação e, se não gostasse, não adiantava nem tentar. Conversamos não mais do que cinco minutos e, direto e objetivo, me mandou procurar no dia seguinte Orávio, responsável pela pauta, para um teste.
A vida de revisor de textos terminou três meses depois deste dia, quando então começou a do jornalista. No meu lugar na revisão ficou minha irmã, Suany Abreu, que também soube fazer sua história dentro da Folha.
Na “empresa/escola” tive a grata oportunidade de ser repórter de quase todas as editorias — Geral, Polícia, Economia, Política, Folha Dois —, além de ter sido subeditor, editor, responsável pelo antigo caderno infantil “Folhinha”, tablóides como a “ Folha Shopping”, matérias de cunho comercial, colunista social substituto em férias dos titulares — Angela Bastos, principalmente, porque fazia uma coluna mais jornalística do que social.
Minha experiência em rádio também foi dentro da empresa, cobrindo férias na Continental, pertencente ao Grupo Folha. Sem falar nos flashes passados de dentro da redação, lá pelas 22h, para diferentes rádios da região.
São muitas histórias, impossíveis de contar em 40 linhas. O que é possível afirmar é que tudo isso me deu base para continuar na luta até hoje.
Viva os 40 anos da Folha da Manhã!
(*) Jornalista, ex-editor da Folha da Manhã
Publicado hoje (13) na Folha da Manhã