Perto de completar seus 300 anos, a cavalhada em honra a Santo Amaro na baixada Campista segue firme na passagem da secular tradição através das famílias de cavaleiros. Atraindo ainda público expressivo, mas suplicando por mais apoio, a manifestação de fé faz parte da história de boa parte dos campistas.
Ainda bebê fui motivo de promessa feita a Santo Amaro por meus pais, nascera com uma hérnia, o médico aconselhou cirurgia e, com pena de me operar tão novinho, a fé aconselhou buscar a intercessão do Santo. Curado, tive um pequeno porta retratos, com fotografia minha, posto na sala dos milagres, anexa a nave da Igreja, em memória do milagre concedido. Já adolescente ainda pude localizá-lo em meio a bonecos de cera e outros objetos, lá deixados como forma de agradecimento por Graças alcançadas. Depois não mais o vi, deve ter cedido espaço a agradecimentos mais recentes. A devoção ficou e quando do momento de batizar minha filha a Igreja de Santo Amaro foi o local de eleição. Esse ano, tivemos a felicidade de ter cavalos nossos, de meu irmão, usados na simulação dos combates, montados por Sr. Joel e seu Filho, Popó. Guardiões da tradição, desse patrimônio de nossa gente.
A referência aos esforços de expulsão dos invasores Mouros da Península Ibérica, que permitiu depois o surgimento da própria civilização ocidental, se faz ainda mais importante no momento de crise moral que atravessamos. Todo o mundo ocidental passa por uma espécie de crise existencial, não sabe de onde veio, para onde vai, pede desculpas por existir. Aqui em nossas terras, discursos voam ao vento, a palavra dada já nada vale.
Precisamos nos lembrar de onde viemos e rememorar os valores judaico-cristãos que são o alicerce de nossa civilização, precisamos nos lembrar dos esforços dos que nos antecederam para entregar-nos esse mundo imperfeito, carente de oração e trabalho, mas que é o nosso mundo. Devemos preservá-lo e aperfeiçoá-lo como pudermos para transmitir algo melhor aos que vierem nos suceder. Vida longa à cavalhada!
´Sinto saudade até hoje do mestre Cirilo, que também fazia parte dessa grandiosa cavalhada
O que mais gosto em seus textos, é que sempre nos da uma pouco da água da cultura com informações relevantes para beber.
Como sua leitora, aguardo ansiosa o próximo.
Um abraço
Belíssimo texto! Informativo e reflexivo!