A vida nos reserva surpresas, o acaso espreita a cada esquina e aquele de nós que se crê autossuficiente não poderia estar mais enganado. Passamos, minha família, por uma situação arrasadora que, tendo um final feliz, nos pôs a provar o amargo do desespero, mas, ao mesmo tempo, o doce sabor da solidariedade humana de que ainda somos capazes.
Domingo, 10 de junho de 2018, meu sogro, Ulisses saiu para fazer uma “caminhadinha” como as muitas já feitas desde que sofrera o AVC, ou derrame cerebral como me lembro de dizerem quando ainda era eu criança. Desta vez ele não voltou, não como de costume. O procuramos exaustivamente pelos lugares em que poderia, ainda que eventualmente estar. Buscamos por fim em delegacias e hospitais, o demos por desaparecido.
Anunciamos o desaparecimento nas redes sociais, a imprensa da cidade se mobilizou em noticiar o fato e as pessoas se puseram a ajudar como em raras vezes percebemos no correr de nossos dias. Verificamos todas as informações que pudessem trazer mesmo que apenas um fio de esperança em encontrá-lo, muitas não se confirmaram. Entretanto, em dos grupo de whatsapp, dos muitos que há em nossa cidade, surge a informação de um rapaz, de uma lanchonete em Santa Cruz, que o haveria atendido e visto embarcar no ônibus que faz a linha Campos – Miracema. A busca teve seu raio aumentado, mas havia ao menos um norte a ser buscado. Alguns minutos depois recebo a ligação da Delegacia de Polícia de Miracema, ele havia sido localizado e nos aguardava. O alívio banhado em lágrimas é impossível ser descrito.
Tratar redes sociais e mídias tradicionais como inimigas é um terrível erro. Elas se completam, a velocidade e democracia das redes junto à credibilidade e solidez da mídia tradicional são incríveis. Em minutos a foto e o relato do desparecimento de meu sogro repercutiram por toda a região levados pelas redes sociais e a credibilidade das mídias tradicionais permitiu as pessoas terem a certeza de não se tratar de “fakenews”.
Por fim, a forma como meu sogro foi acolhido e atendido em Miracema merece todos os elogios. Sem dinheiro, sem documentos e desorientado, ele foi acolhido, medicado e assistido com amor. Passou a noite de domingo na unidade de saúde e, no dia seguinte, foi encaminhado à delegacia. Lá, apesar dos relatos inconsistentes que fazia, teve atenção a seu problema até que verificaram nas mídias a busca por ele, prontamente fizeram contato e o mantiveram assistidos até que pudéssemos chegar para o buscar.
O serviço público alcança sua maior honra nas atitudes daqueles que o exercem. Assistentes sociais e servidores da saúde de Miracema foram primorosos, policiais deram mais uma prova de que para salvar vidas nem sempre são necessários tiros. Vocês tem minha eterna gratidão!
Muito bacana, imagino que renasceu em vocês um valor, perdido dia a dia: o mundo ébom e o bem até existe!
Fico muito feliz por vcs e por ele!
Sem dúvidas, Sandra! Saímos melhores de situações assim.