Primeiro debate dos presidenciáveis e Exército na violência em Guarus

 

 

Charge do José Renato publicado hoje (11) na Folha

 

Debate sem brilho

Há menos de dois meses das urnas, foi encerrado na madrugada de ontem o primeiro debate presidencial, promovido pela Band. Líder em todas as pesquisas sem o ex-presidente Lula (PT), quem esperava que Jair Bolsonaro (PSL) fizesse feio na sua estreia em debates como candidato a governar o Brasil, não teve a expectativa atendida. Sem brilho individual de ninguém, o ex-capitão do Exército se manteve na média dos oito candidatos. Até pela maior experiência, Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (rede) e Álvaro Dias (Podemos) demonstraram mais consistência.

 

Escadas

No contraste, Bolsonaro foi ajudado pelo caricato Cabo Daciolo (Patri). Perto dele, o capitão pareceu até equilibrado. Misto de bufão e pastor pentecostal, Dacioclo ficou conhecido na greve fluminense de policiais e bombeiros de 2011, antes de ser eleito deputado federal em 2014 pelo Psol. Como Bolsonaro chegou a cogitar se candidatar a presidente pelo Patri, ficou a impressão de que seu substituto o servirá nos debates como escada. Como Paulo Feijó (PR) foi para Rosinha Garotinho (hoje no Patri) na eleição municipal de 2008, ou Caio Vianna (PDT) para Dr. Chicão (SD), em 2016.

 

Psol antes e depois

Daciolo seria expulso do Psol em 2015. Presidenciável da legenda e líder do MTST, Guilherme Boulos tem articulação verbal. Mas não a usou na Band para fugir do maniqueísmo com que se pode topar conversando com qualquer jovem alternativo. Confirmou a fixação dessa esquerda na figura do impopular presidente e repetiu o bordão “cinquenta tons de Temer” em boa parte do debate. Por sua vez, se não foi bufão, Bolsonaro tampouco foi Geni. Este papel coube Henrique Meirelles (MDB), candidato de Temer (MDB) e ex-presidente do Banco Central nos governos Lula (PT).

 

Bolsonaro x Ciro

Ausente da campanha por decisão judicial, preso e virtualmente inelegível pela Lei da Ficha Limpa, que sancionou quando presidente, Lula só teve o nome no debate lembrado por Boulos. Que depois provocaria risos ao dizer que não tinha Dilma Rousseff (PT) como chefe. Pelos temperamentos assertivos, também se esperava um duelo à parte entre Ciro e Bolsonaro. E o capitão não se saiu mal, apesar de inferior como orador. Ao ser perguntado pelo cearense como livraria 66 milhões de brasileiros do SPC, Bolsonaro devolveu a pergunta, desejando um debochado “boa sorte, Ciro!”.

 

Marina x Alckmin

Alckmin e Marina também se estranharam. Ele apanhou de quase todos pela aliança com o Centrão. Mas quando ela insistiu, perguntando como mudar o Brasil levando a base de sustentação de Temer, foi bicada pelo tucano: “nunca fui do PT, nem ministro do PT”. Ex-governador bem avaliado do Paraná, Álvaro Dias tentou fazer da Lava Jato sua bandeira. E prometeu nomear o juiz federal Sérgio Moro ministro da Justiça. No combate aos privilégios prometido por todos — à exceção de Bolsonaro e Daciolo em relação aos militares —, Ciro lembrou a Dias que Moro recebe o auxílio-moradia.

 

Evolução?

Também foram debatidas questões como saúde, educação, segurança, infraestrutura e necessidade de reformas. Mas ninguém explicou como pretende cumprir suas promessas. A não ser, claro, Daciolo: “pelo amor, em honra e glória do senhor Jesus!”. Muito se fala que, pela pulverização de candidatos, a eleição presidencial deste ano lembra a de 1989, primeira após a ditadura militar (1964/85). Mas para quem tem 45 anos ou mais, e lembra daqueles debates entre gente como Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Mário Covas, Lula e Roberto Freire, é difícil não lamentar onde chegamos.

 

Violência

A chegada da intervenção federal ao subdistrito de Guarus, com uma operação na última quinta-feira, não mudou o cenário de insegurança. Horas após os homens do Exército, polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal, além do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, deixarem a região, a violência voltou a assustar. O dono de um bar foi executado a tiros e um PM foi alvo de uma tentativa de homicídios. A primeira operação das forças de segurança foi importante, mas para reduzir os índices da criminalidade o trabalho tem de ser constante.

 

Com o jornalsita Arnaldo Neto

 

Publicado hoje (11) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 3 comentários

  1. Sandra Maria Santos

    “Velhos tempos ,belos dias” Homens com H maiúsculo,inteligentes ,estudiosos ….

  2. Alex Olimpio

    Acho que Bolsonaro saiu vitorioso e surpreendeu. Isso porque ele soube se segurar ante as provocações. Logo no início deu uma “cala boca” no Boulos. Aliás me surpreendeu a inteligência e oratória desse tal de Boulos. Ciro idem, super inteligente. Pena que esses dois são comunistas. Hoje minha preenchia está entre Alckmin e Bolsonaro apesar de eu ter gostado da serenidade do Álvaro Dias. Mas acho que o Álvaro já ensaia um apoio a Bolsonaro num segundo turno. Por outro lado, tenho visto tanta gente migrando seus votos para o Bolsonaro que não me surpreende se for eleito em primeiro turno. Não concordo com algumas ideias dele, mas com a maioria sim. Acho que só coloca o Brasil no jeito sendo uma pessoa com o perfil do Bolsonaro,sem histórico de corrupção, sem barganhas,anti PT.

  3. Cesar Peixoto

    Na minha opinião a Marina foi a estrela desse primeiro debate,mulher guerreira não tremeu na base

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