Artigo do domingo — Brasil à beira do segundo turno entre Bolsonaro e Haddad

 

 

A última semana foi de mudanças nas pesquisas presidenciais. Começou e terminou com consultas Datafolha. Entre as duas, Ibope e Paraná confirmaram tendências. Como um desfile de moda, é o que se pode tirar de prático das pesquisas.

Após a facada que recebeu no dia 6, a tendência de Jair Bolsonaro (PSL) foi de crescimento nas intenções de voto. Dentro da margem de erro, ele teve 24% na Datafolha de segunda; 26% no Ibope de terça; 26,6% na Paraná de quarta; e 26% na Datafolha de sexta.

Se sempre foi competitivo no primeiro turno, o dado mais relevante sobre Bolsonaro é a competitividade que ele passou a ter também no segundo. Na primeira Datafolha da semana ele começou perdendo por muito em três das quatro simulações de turno final.

Na Ibope do dia seguinte, o capitão chegou à margem de erro nas disputas de segundo turno. A Paraná não fez essas simulações, mas a última Datafolha confirmaria o Ibope: a eleição de Bolsonaro é possível. Ainda assim sua rejeição permanece sempre acima dos 40%, enquanto o limite recomendável é de 35%.

Em relação à semana anterior, Ciro Gomes (PDT) começou a última em tendência de crescimento. Mas pareceu estagnar ao final. Nas duas Datafolha, o cearense começou e terminou com 13% de intenções de voto. No Ibope teve 11%, com 11,9% na Paraná.

Ciro herdou naturalmente parte dos votos de Lula, após este ter sido barrado pelo TSE na madrugada de 1º de setembro. São eleitores que decidiram não esperar mais 10 dias para o ex-presidente ungir, da cadeia em Curitiba, Fernando Haddad como candidato do PT.

Ainda assim, a sangria dos votos de Lula foi contida. E produziu a terceira e mais clara tendência registrada nas pesquisas da semana. Nelas, Haddad foi o único a ter crescimento real, fora da margem de erro.

Vindo de 4% nas intenções de voto, o petista pulou a 9% na Datafolha de segunda. E registou 8% no Ibope, divulgado na terça em que foi ungido candidato. Na quarta, ficou com 8,3% na Paraná, para aparecer com os mesmos 13% de Ciro, na Datafolha de sexta.

Haddad é o menos conhecido entre os candidatos ainda competitivos. Como o Datafolha também registrou, apenas 65% do eleitorado sabem quem ele é. Bolsonaro é conhecido por 86%, enquanto Ciro, por 85%. Faça as contas.

Esse campo aberto, unido à popularidade de Lula e à competência da propaganda do PT, indica que Haddad deve continuar a crescer nesta próxima semana. As dúvidas começam a ser tiradas amanhã (17), com a pesquisa do BTG Pactual, feita pelo instituto FSB. As certezas das tendências esperam as próximas Ibope, na terça (18), e Datafolha, na quinta (20).

Como Dilma externou em 2014, mais que nunca os petistas parecem dispostos a “fazer o diabo” para voltarem ao poder. Foi o que demonstraram na quinta, com a pesquisa fake do Vox Populi contratada pela CUT, que colocou Haddad à frente até de Bolsonaro. Pela desonestidade, revoltou mesmo quem não gosta, nem vota de maneira nenhuma no capitão.

Competitivos até a última semana, Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) ficaram para trás na reta final. Ainda estão em empate técnico com Ciro e Haddad. Mas parecem incapazes de acompanhar quem ganhar a briga pela segunda posição.

Marina estava há dois anos atrás apenas de Lula e Bolsonaro nas pesquisas. Na série Datafolha, entrou a semana com promissores 16%. Mas caiu na segunda para 11% e fechou a sexta com apenas 8%. Na hora H, perdeu metade dos seus votos para Ciro e Haddad.

Alckmin foi o único dos cinco primeiros candidatos que estagnou. Ele foi obrigado a interromper a propaganda agressiva contra Bolsonaro, por conta da facada. Também na série Datafolha, o “Picolé de Chuchu” entrou a semana com 9%, passou a 10% na segunda e voltou aos 9% na sexta.

Ao admitir os erros do PSDB desde a eleição de 2014, passando pelo apoio ao governo Temer, Tasso Jereissati jogou a toalha do partido. Foi autocrítica que Haddad não fez na “inquisição” do Jornal Nacional de sexta, quando relativizou os escândalos de corrupção do PT. Como Rosinha no mesmo dia, ao culpar o povo e a Justiça pelos erros sucessivos de Garotinho.

Resta saber até quando Alckmin terá merenda para saciar a fome dos partidos do Centrão. A banca de apostas já foi aberta para saber quando debandarão entre Bolsonaro e quem vencer a disputa fraticida de Ciro e Haddad.

Pelas últimas pesquisas, o petista abre como favorito esta semana. A apenas três da urna, Ciro não tem saída a não ser deixar Bolsonaro por ora de lado, para mirar o “Poste de Lula”. Nesta peleja entre Caim e Abel, uma pedra no meio do caminho não é uma rima, mas pode ser a única solução.

Um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad é a tendência. Que deixará o Brasil à beira da conflagração.

 

Publicado hoje (16) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 3 comentários

  1. Marcos

    Imaginem o cenario Haddad presidente.
    Nao vai haver a vitoria de Bolsonaro será no primeiro turno.
    17

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Marcos,

      De um lado todas as pesquisas, que apontam claramente o segundo turno. Do outro, seu desejo. É preciso pesquisa para saber quem está certo?

      Grato pela chance de constatar o óbvio!

      Aluysio

  2. joao

    Se o PT vencer e ainda por cima com o Haddad é o fim da linha; entrega a chave do Brasil para o Lula e será a derrocada definitiva desta “nação”;
    Depois de todo saque ao Erário Público e as várias comprovações e condenações da “elite” deste partido a partir do seu “grande líder”, este
    bando de salteadores vão receber o “salvo conduto” pra voltarem a comandar o nosso destino? Ou seja: vão referendar todas as atrocidades realizadas..
    A Ditadura da esquerda vai estar mais do que nunca autorizada a seguir com os seus devaneios de perpetuação no Poder;
    Simplesmente Inacreditável!
    Para quem ainda puder a melhor saída será mesmo um dos aeroportos internacionais..

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