Por que votar em Jair Bolsonaro e Fernando Haddad a presidente?

 

Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT)? O primeiro é franco favorito em todas as pesquisas. Mas são as urnas de hoje que decidirão quem será o presidente do Brasil. Em meio à polarização extremada que tem marcado essa campanha presidencial, a aposta no diálogo e no contraditório se faz presente no advogado Fernando Miller e no sociólogo José Luiz Vianna da Cruz. E, com eles, os motivos para se votar em Bolsonaro e Haddad.

 

Fernando Miller e José Luis Vianna da Cruz

 

Folha da Manhã – Por que votar no seu candidato para governar o Brasil nos próximos quatro anos?

Fernando Miller – Eu escolhi Jair Bolsonaro porque ele representa a esperança de mudança. O povo brasileiro não aguenta mais ver tanta corrupção e viver permanentemente em insegurança diante de uma violência que atingiu níveis alarmantes.

José Luis Vianna da Cruz – Porque o PT continua sendo o partido com mais chances de governo, dentre os que priorizam o desenvolvimento, que é o crescimento com distribuição de renda, ampliação dos direitos, liberdades, apoio aos movimentos sociais, às periferias, aos movimentos pela terra, pela valorização das identidades.

 

Folha – Por que não votar no adversário do seu candidato?

Fernando – Fernando Haddad não tem sequer expressão política própria. Não passa mesmo de um fantoche do Lula, que está preso pela prática de crimes que afrontam o povo brasileiro.

José Luis – Ele representa o oposto do que penso. É primário, rude, tosco, patético, além de violento, autoritário. Como disse FHC, ele não tem pensamento sobre nada que um presidente precisa ter. .

 

Folha – Independente do voto, todas as pesquisas apontam a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) com larga vantagem? Racionalmente, dá para esperar algo diferente?

Fernando – As pesquisas revelam ampla vantagem para Bolonaro e isso deve ser confirmado nas urnas porque reflete a vontade da população que não quer mais o PT no poder.

José Luis – Como os institutos de pesquisa erraram no primeiro turno, ao não captar a movimentação virtual em todas as suas consequências, tecnicamente, é possível se esperar surpresas. O que está, por exemplo, acontecendo nas redes virtuais, neste exato momento em que escrevo e no momento em que isto é lido pelas pessoas? A ver.

 

Folha – Eduardo Bolsonaro falou em fechar o STF. Petistas como Wadih Damous já tinham pregado o mesmo. O Supremo e a democracia estão sob risco?

Fernando – Penso que está sendo dada uma exagerada dimensão a esse discurso do Eduardo Bolsonaro. A frase “para fechar o STF basta um soldado é um cabo” foi interpretada de forma isolada, fora do contexto global do discurso. Na verdade, essa frase nem sequer é de autoria do filho de Bolsonaro, pois ao que parece, foi dita há anos atrás por Jânio Quadros, num momento de arroubo insano, sem maiores consequências. O Supremo, bem como as instituições de modo geral, não correm risco algum no país.

José Luis – Ambos o disseram em contextos e em concepções diferentes. O Eduardo, no contexto de sempre, no qual afirma e reafirma que vai prender, arrebentar e exilar quem discordar dele. Seu viés ditatorial orienta suas posições. Não há como questionara a natureza democrática republicana do Damous, que o mencionou em contexto de atuação supostamente inconstitucional da Corte máxima.

 

Folha – Pela radicalidade, culto ao líder e dogmatismo acrítico, o lulopetismo e o bolsonarismo são muitas vezes comparados. Até onde seriam mais seitas do que movimentos políticos?

Fernando – O PSL, sob a liderança de Bolsonaro, está em crescimento, como se viu nas eleições do primeiro turno. Já o PT, sim, pode ser definido como uma seita, pois não visa o bem do país. Basta dizer que sob o manto do PT nasceu no Brasil esse movimento criminoso chamado de MST, que não respeita a propriedade privada e que invade terras agrícolas.

José Luis – É um absurdo comparar um líder carismático radicalmente democrático, pacífico, republicano e liberal, como Lula o demonstrou, na prática, em 8 anos de governo, com um líder carismático de corte fascista, antidemocrático, violento, que ataca as leis, as instituições, a paz e os direitos humanos, sociais e civis, que ecoa o que o ser humano tem de mais bárbaro na sua alma.

 

Folha – Independente de quem vencer, como coexistir com os vencidos? Essa incapacidade de conviver com o contraditório não é incompatível com a democracia? Como restabelecer o diálogo?

Fernando – Esse  radicalismo realmente criou uma divisão no país, mas não acho que a palavra correta para resumir essa divergência seja ódio. E penso que o tempo vai se incumbir de amenizar essa situação, pois é importante existir o contraditório.

José Luis – Sinto como se estivéssemos diante de um destino que adiamos por séculos: o do encontro do brasileiro consigo mesmo, da forma e do tamanho que somos. Choca, no início, mas é o princípio de uma caminhada altamente civilizatória. Se compreendermos dessa maneira, podemos superar nossos desafios históricos como nação de vocação pacífica e generosa.

 

Primeira dobra da página 2 da edição de hoje (28) da Folha

 

Publicado hoje (28) na Folha da Manhã

 

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