Maior prêmio da cultura de Campos hoje ao maior artista de Campos
Lamego e Kapi
Às 19h de hoje, no Museu Histórico de Campos, serão entregues os prêmios Alberto Ribeiro Lamego de 2014 a 2018. Criada em 1987, a mais importante honraria da cultura de Campos deveria ser entregue anualmente. Com cinco anos de atraso, hoje serão 10 os ganhadores, dois por cada ano: um vivo e outro, em homenagem póstuma. Entre músicos, professores, literatos, jongueiros e jornalistas de grande valor, um deles se destaca pela multiplicidade da sua criatividade artística, talvez maior do que a cidade que o abrigou em seus 59 anos de vida: o diretor teatral, poeta e carnavalesco Antonio Roberto de Góis Cavalcanti, o Kapi.
Divisor das águas do Paraíba
Vítima do HIV como outros grandes artistas, Kapi morreu em 2 de abril de 2015. Em vida, encenou mais de 100 peças, não apenas em Campos, mas também no Rio de Janeiro. Algumas dividiram as águas do Paraíba do Sul no teatro goitacá. Em 1995, inaugurou um Trianon ainda em construção e sem teto, com sua ousada montagem de “Gota D’Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes. Conhecido pela ambição épica, a produção da qual mais se orgulhava foi “Romanceiro da Inconfidência”, de 1998. Nela, dirigiu dezenas de atores na superprodução do texto de Cecília Meireles, usando como cenário real a Igreja e o Mosteiro da Lapa.
No Carnaval
Kapi também marcou época na manifestação cultural mais genuinamente brasileira. Como conta Marcelo Sampaio, historiador e pesquisador de cultura popular: “foi também um visionário no Carnaval. Começou desfilando na ala dos artistas da tradicional escola de samba Mocidade Louca. E logo passou a trabalhar como carnavalesco nos barracões de blocos e escolas. Depois, suas atuações enquanto coordenador dos desfiles carnavalescos da cidade, foi o único a conseguir acabar com os costumeiros e enormes atrasos. Como em tudo que fez na vida, ele também deixou sua marca no Carnaval de Campos”.
Como poeta
Como poeta, Kapi foi vencedor duas vezes do FestCampos de Poesia Falada: em 2002, com “Canção amiga”, e em 2005, com “Goya Tacá Amopi”. Foi também exitoso na direção de poemas de outros autores. Com a direção de Kapi e a interpretação do ator Yve Carvalho, dois poemas de Aluysio Abreu Barbosa acabaram vencedores do FestCampos de 2007 e do 11º Concurso Nacional Francisco Igreja, em 2008, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. E com poemas próprios, de Aluysio, Artur Gomes e Adriana Medeiros, Kapi montou e dirigiu também a peça “Pontal” em 2010, tendo como palco o próprio Pontal de Atafona.
Arte e vida
Kapi dizia não acreditar em artista humilde. E é certo que adoraria receber o Alberto Ribeiro Lamego, ao qual só seria eleito depois de morto, pela mesma administração Rosinha Garotinho que o condenou ao ostracismo no final da sua vida. Sem parentes na cidade, entre seus muitos amigos e admiradores é difícil pensar em alguém que estará mais emocionado do que a professora Elizabeth Araújo, a Bebeth, outra justa vencedora do Alberto Lamego por seu trabalho como educadora. O desejo hoje, no Museu de Campos, é que a cidade um dia possa ser do tamanho dos seus artistas. E, entre eles, difícil pensar em alguém maior do que Kapi.
Segurança máxima
A estrutura de segurança para a posse de Jair Bolsonaro (PSL), em 1º de janeiro, será a maior já registrada no Brasil e está tirando o sono do governo. O presidente eleito tem feito exigências cada vez maiores para garantir a preservação de sua vida. Não se sabe, por exemplo, se haverá o tradicional cortejo em carro aberto. A Esplanada dos Ministérios será fechada a partir de 30 de dezembro para a instalação de equipamentos e até estudo para o posicionamento de atiradores de elite.
Barra pesada
Ontem, em transmissão ao vivo, nas redes sociais, Bolsonaro pediu o apoio de todos para governar a partir de 1º de janeiro de 2019, quando tomará posse. Ele disse que a “barra vai ser pesada”, mas com apoio de Deus e da sociedade será possível superar. Bolsonaro lembrou que aqueles que estavam no poder não acreditavam na sua vitória. Ele apareceu sozinho sem a tradutora de libras. Também não havia sobre a mesa os livros que normalmente mantém para indicar a leitura.
Com Suzy Monteiro
Publicado hoje (19) na Folha da Manhã