Desde sempre, intervenções estrangeiras sobre nações independentes geram antipatia. E, quase sempre, costumam não acabar bem.
As legiões da Antiga Roma levavam aos dominados a sua urbis, com estradas, telhas de cerâmica e aquedutos, que elevavam muito a qualidade de vida dos vencidos em guerra. Ainda assim, para saber o que eles pensavam dos seus conquistadoress, não é nem preciso recorrer a um livro de História. Basta ler o Novo Testamento da Bíblia.
Apoiar o envio de ajuda humanitária comandada pelos EUA ao povo da Venezuela, não significa ter simpatia por figuras como Donald Trump. Tampouco Jair Bolsonaro ou Iván Duque Márquez, respectivamente presidentes do Brasil e Colômbia. Nem ignorar o dolo político do envio de alimentos e remédios.
Daí a apoiar o regime tirânco de Nicolás Maduro, como fizeram hoje oficialmente o PT e o Psol, transcende qualquer aspecto político ou ideológico. É questão de caráter! Mais precisamente, da sua ausência!
Maduro só está no poder pelo apoio dos militares do seu país, que ainda conserva. Ao custo de soldos majorados com dinheiro público, em um país cuja esmagadora maioria da população civil não tem o que comer. Nem acesso a insumos básicos, como remédios, artigos de higiene e limpeza.
Assistir a Maduro se esbaldando com carne e charutos num restaurante badalado de Istambul, na Turquia, como se deixou fotografar e filmar sem nenhum constrangimento, em setembro de 2018, é um acinte. Não revela apenas a latrina em que o bolivarismo desaguou na América do Sul, com apoio irrestrito dos governos Lula e Dilma. Aquele foi o retrato mais arquétipo de um senhor feudal, que farta sua avantajada pança no estrangeiro e ri, enquanto o povo do seu país passa fome.
Para o brasileiro que não conhece Roraima, estado brasileiro que faz fronteira com a Venezuela, é fácil ignorar a complexidade da questão. Além de desconhecer que a vegetação da região é de cerrado, não de selva amazônica, pode ser desagradável descobrir que os 576,5 mil roraimenses dependem do país vizinho para terem energia elétrica.
Se a Rússia não intervir, é muito difícil que Maduro não caia de podre, com EUA, OEA e Europa condenando o governo venezuelano. Depois de levar dois caças bombardeios russos TU-160, com capacidade de levar armas atômicas, para a Venezuela, em dezembro de 2018, Vladimir Putin evidenciou o que pode fazer: imprimir caráter mundial (e nuclear) ao problema.
China e Turquia também apoiam o regime Maduro. Mas são potências militares apenas em seus respectivos quintais regionais. Só três países no mundo têm Marinha e Aviação de Guerra capazes de levar seu poderio bélico a qualquer canto do globo: EUA, Rússia e Grã-Bretanha.
Putin é tão amoral quanto Maduro. Ou Trump seria, se não existissem instituições nos EUA como o Congresso, a Suprema Corte e a imprensa. Mas o presidente vitalício da Rússia é pragmático. Não perdeu o contato com a realidade como seu aliado venezuelano, que disse viajado ao futuro e visto que está tudo bem. E que recebeu a visita do seu antecessor, o falecido Hugo Chávez, na forma de um… passarinho.
Apoiar um canalha delirante e despótico como esse, é abraçar o risco de a ele se nivelar. Cientista político uruguaio radicado em Campos, onde é professor da Uenf, Hugo Borsani fez uma visita ao seu país, tomado por parte dos 2,3 milhões de refugiados venezuelanos, como todos os demais países da América do Sul. E (aqui) testemunhou:
— É só ir a um bar, tomar um uber ou um taxi, ir numa drogaria, uma cafeteria, uma padaria, uma loja de artigos para o lar ou qualquer outro lugar para poder ter uma visão de 1a. mão da farsa e brutalidade do q é e do q foi o tristemente famoso socialismo do século XXI da dupla Chavez-Maduro.