Outsider a prefeito de Campos em 2020 não nega, nem admite, e analisa quadro político

 

Por Aldir Sales e Aluysio Abreu Barbosa

 

Em todas as simulações a prefeito de Campos em 2020, a opção de outsider é quase sempre a mesma: o empresário do ramo de supermercados Joilson Barcelos. Nesta entrevista à Folha, ele não nega, nem confirma a possibilidade. Seu grupo lojista ganhou nesta semana outro potencial prefeitável: Marcelo Mérida, companheiro de Joilson, vai migrar ao PSC do governador Wilson Witzel. A não eleição de Mérida a deputado federal em 2018 foi um “sinal amarelo”, admitiu Barcelos, na tentativa do empresariado local ter representação política. Ele diz não ver diferença entre consumidor e cidadão. Foi crítico ao prefeito Rafael Diniz (PPS), assim como a Caio Vianna (PDT) e a Witzel. E ainda mais duro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas elogiou a prefeita sanjoanense Carla Machado (PP), o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) e o ministro da Justiça Sérgio Moro. Sobre os Garotinho, que alguns enxergam por trás das ações da CDL/Campos, Joilson ficou em cima do muro, entre o “positivo” e o “negativo”.

 

(Foto: Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

 

Folha da Manhã – Você é pré-candidato a prefeito de Campos?

Joilson Barcelos – Vou responder o que falo para todo mundo que me pergunta isso. Nessa semana eu tive um momento lá na obra (do novo Shopping Guarus) que um grupo de pedreiros e ajudantes vieram me fazer essa mesma pergunta. E eu respondi para eles o seguinte: eu sou empresário, não sou político, mas o caminhar da coisa que vai decidir depois. Não te direi que serei candidato, mas também não sei se não vou. Vamos ver como vai ser lá para frente.

 

Folha – Você tem vontade de ser prefeito de Campos?

Joilson – Vou dizer o que falei com minha família. Eles também me apertaram sobre isso. Nós sempre temos sonhos e vou contar um dos sonhos que tive quando era muito jovem. Sempre pautei minha vida para chegar a esse momento, que fosse reconhecido. Eu muito jovem, aos 17 anos, sempre me incomodei muito com a questão da desigualdade, também com a pessoa que tem poder e usa o poder pelo poder. E lá atrás meu sonho era ser prefeito de São João da Barra, porque eu sou de lá. Eu tinha uma visão que teria de ser apoiado por Genecy Mendonça (o Dodozinho, ex-prefeito de SJB), que era um grande líder na região. Desse momento que eu pautei minha vida, que eu fosse reconhecido. E o que eu falei com minha família é que é um sonho. Mas o sonho tem que ser com responsabilidade para não virar pesadelo. Hoje eu tenho um momento muito importante na minha empresa. Não posso ser irresponsável de largar a minha empresa no momento em que ela está hoje e concorrer a um cargo político, que é um sonho. Ser prefeito de uma cidade como Campos, acho que o cara que não tiver esse sonho de ser, ele não está sonhando com um dia melhor, uma vida melhor. Sou uma pessoa muito grata pela sociedade, que hoje reconhece que eu possa ser prefeito, que possa ter uma liderança diante de uma cidade como Campos, com 500 mil habitantes. Fico muito grato e me sinto à vontade para dizer que isso é muito satisfatório em saber. Mas eu não sei se vou conseguir ser ou não, pela minha responsabilidade.

 

Folha – Você é um homem prático, de negócios e falou em São João da Barra. Você está hoje filiado ao PP, que é o partido da prefeita sanjoanense Carla Machado. Sua pré-candidatira seria pelo PP

Joilson – Você está falando comigo como se eu fosse um pré-candidato.

 

Folha – Quando você vai fazer seus empreendimentos comerciais, tem todo o trabalho de projeto e pesquisa antes. Como político, não?

Joilson – Isso. Do mesmo modelo, eu faço todas as coisas da minha vida. Também tenho a certeza e sei que cavalo selado não passa duas vezes. Hoje pode ser a oportunidade de eu realizar um sonho. E aí eu volto a outra pergunta. Você está se preparando para isso? Não estou. Sou filiado ao PP por causa de um momento. Existia alguma coisa que precisaria decidir e o Papinha (ex-vereador) me chamou para me filiar ao partido. Mas se você me perguntar: Joilson, você se filiou ao PP para quê? Não teve nenhum objetivo a longo prazo.

 

Folha – Quando se filiou?

Joilson – Foi na eleição de 2016. Mas não me filiei para dizer que quero ser candidato. Houve alguma especulação naquela época, de que eu poderia ser vice de fulano, de beltrano, de cicrano. Mas não houve nada como está tendo agora. Sou filiado ao PP, mas não porque tinha algum compromisso, algum projeto.

 

Folha – Você está com um novo empreendimento que até cinema vai ter, O Shopping Guarus.

Joilson – São três salas de cinema. Nós fechamos com a Casa & Vídeo, com a academia, que é do Flamengo…

 

Folha – Quanto de área construída?

Joilson – De área construída, cerca de 14 mil m².

 

Folha – Quantas pessoas empregadas?

Joilson – Hoje temos 600 pessoas. E depois da obra finalizada calculo que de 500 a 600 pessoas. Já geramos mais de 1.500 empregos, ao todo, entre indiretos e diretos.

 

Folha – Todo empresário trabalha com metas. Entre o novo empreendimento e o sonho de ser prefeito de Campos, qual viria primeiro na escala de prioridades?

Joilson – Eu tenho que colocar a minha empresa. Se hoje eu sou o que sou, é pela minha empresa. Acredito naquilo que eu vejo.

 

Folha – E a inauguração do Shopping Guarus vai ser quando?

Joilson – Inauguramos nossa loja do SuperBom no dia 15 de agosto e no dia 10 de outubro vamos inaugurar o shopping. Abrimos o shopping na parte da manhã e à noite fazemos uma comemoração com show de Daniel.

 

Folha – Então daria tempo, pelo calendário eleitoral, para cumprir uma meta e partir para outra.

Joilson – Tem todo um cronograma que vai ser analisado. Tenho que ter tudo isso bem posicionado. Tenho hoje um contrato de sócio que determina que eu tenha que me afastar totalmente se eu for candidato a qualquer cargo político. Tem todo um passo a passo de que, se vier a acontecer, tenho que me preparar bem antes. O prazo que você está falando, para uma possível candidatura, eu teria que me preparar muito antes. E eu também não vou entrar “de bucha”, não. Se eu perceber que não tenho capacidade e estrutura para tocar uma candidatura, eu também não vou. Já falei até com minha família, terminando a obra, vou fazer alguns cursos de gestão pública.

 

Folha – Qual a sua formação?

Joilson – Minha formação é muito mais do tempo de trabalho do que acadêmica. Estudei até a sétima série, depois fiz um supletivo e terminei o Ensino Médio.

 

Folha – O Brasil de hoje mudou muito na política. Tem Jair Bolsonaro (PSL) presidente, Wilson Witzel (PSC) governador e um perfil parecido com o seu, que é o de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. De um tempo para cá, essa coisa do gestor entrou na moda. Acha que pegar pessoas que venceram na iniciativa privada para o poder público está correta? Você se vê nesse perfil?

Joilson – Vou falar por mim. Tocar uma empresa é um negócio totalmente diferente de fazer gestão de dinheiro público. Eu produzo resultado e dali faço meu grau de investimento. No poder público é diferente. Vou fazer gestão de um dinheiro que vem para mim carimbado ou vem pela arrecadação própria e preciso fazer uma gestão para a sociedade. É diferente. Para criar um ambiente bom para a sociedade. Eu acho que os prefeitos deveriam ter um plano bem alinhado com o orçamento. E o orçamento precisa ser muito bem alinhado com as necessidades da população. Você tem que planejar muito para fazer algo bem feito. A nossa gestão é com pouco dinheiro, nós, como empresários, temos que exercitar o ganhar e não perder para que faça um investimento muito bem feito para ter um resultado. Se o poder público coloca R$ 100 mil de investimento no mercado, isso se multiplica dez vezes, porque ele circula e faz a roda girar. Mas não é muito fácil se não tiver um controle e gestão bem alinhada. Aí vem os problemas que vivemos no Brasil.

 

Folha – Você se encaixa nesse perfil de gestor da iniciativa privada, como Zema, que poderia fazer a transição ao poder público?

Joilson – Aí que está o problema. Gestão pública depende muito da política. Preciso avançar como político ou preciso avançar como gestor? As coisas devem andar juntas. Não adianta eu falar que vou fazer uma gestão com o dinheiro público da mesma maneira que faço na minha empresa. Isso vai dar errado. O modelo de enxergar esse resultado que você vai precisar para desenvolver a Saúde, a Educação, a segurança, a habitação, que acho que as responsabilidades do poder público são essas. São os quatro pilares, é o que importa para a população. Se ele não fizer com política, não consegue fazer gestão.

 

Folha – Você está com que idade hoje?

Joilson – Com 55.

 

Folha – Hoje, os principais nomes postos para disputar a eleição a prefeito de Campos estão na faixa dos 30 anos. É o caso de Rafael Diniz (Cidadania), Wladimir Garotinho (PSD), Caio Vianna (PDT), Rodrigo Bacellar (SD). Só Gil Vianna (PSL), é um pouco mais velho. Você é o que se chama na política de Campos de “cabeça branca”. Com a experiência de 55 anos, traz quais vantagens e desvantagens num eventual confronto com essa garotada?

Joilson – Eles têm idade para ser meus filhos. Tenho um filho de 25 anos e uma filha de 29. Tem sobrinho meu que está com 30 anos. Mas eu sempre fui um cara que gosta de inovação. Meus negócios progrediram por causa disso. A questão de ter cabeça branca ou cabelo preto…

 

Folha – Wladimir é louro.

Joilson – Acompanho muito as tendências. Sou um cara que não sai muito fora da linha das tendências, senão eu perco meu cliente. Preciso entender meu cliente e entregar o que ele quer. Então eu acabo entendo um pouco a cabeça dessa galera.

 

Folha – Mas que vantagem você traria, sendo mais experiente? E quais desvantagens?

Joilson – A vantagem é que penso como eles, como jovens, e tenho uma experiência de 55 anos de idade que vem da prática. Do aprender fazendo. A garotada de hoje, tenho percebido isso e tentado trabalhar isso até em casa, porque a visão deles é muito mais de querer mandar, querer projetar, querer executar. É uma geração que não tem a disposição de se envolver no processo, enxergar o processo, analisar o processo e executar o processo. É uma vantagem que acho que eu teria. A experiência de vida e de gestão.

 

Folha – Você falou que como empresário sempre pensa no cliente. O político tem que pensar no cidadão. Qual a diferença de perfil do cliente e do cidadão?

Joilson – Não vejo diferença nenhuma. Quando penso no meu negócio, pensando no cliente, também penso nele como um cidadão. Primeiro penso nele como humano, como pessoa, depois vejo o que ele pode me dar como cliente. Mas em primeiro lugar olho como cidadão.

 

Folha – Você disse que uma das suas preocupações é a desigualdade. Em um eventual governo seu, quais seriam as prioridades?

Joilson – Saúde, Educação, segurança e habitação. É quando poucos têm muito e muitos têm pouco. E o pouco além do que ele tem, não é o mínimo para que possa ter dignidade. O governo anterior, de Rosinha e de Garotinho, uma das coisas que mais me encantou, estou falando porque faria a mesma coisa, é a habitação. Não estou falando se está certo ou errado a execução, mas o modelo de tirar as pessoas da inércia, do submundo, isso faz dar dignidade. Aí já entra outro caso. A partir do momento em que eu dei dignidade, dei igualdade, aí todo mundo tem direito de se desenvolver e aquele que não quiser, é um problema dele. Mas ele teve o mesmo direito, a mesma oportunidade.

 

Folha – Você fez referência ao Morar Feliz, que foi o maior contrato da história do município de Campos, com valor de R$ 1 bilhão. Mas os próprios diretores da Odebrecht que assinaram o contrato, o Benedicto Junior e Leandro Azevedo, denunciaram o repasse de caixa dois para as campanhas de Garotinho a governador, além de Rosinha, a prefeita, e Clarissa, a deputada. É esse o exemplo a ser seguido?

Joilson – Sendo bem sincero a você, falei do modelo, de tirar a desigualdade. Uma cidade que chegou a ter um orçamento de R$ 3 bilhões, hoje tem R$ 2 bilhões, e ter pessoas vivendo no submundo… Para mim isso é uma desigualdade. Não estou dizendo que o modelo que eles fizeram é bom ou ruim. Mas eu tiraria as pessoas do submundo.

 

Folha – O que chama de submundo?

Joilson – Submundo é morar numa favela, sem saneamento, sem esperança. Eu já tive momentos na minha vida que tinha recursos, mas não tinha energia elétrica, água encanada, saneamento. Então eu sei mais ou menos o que é isso. Vou dar outro exemplo de uma coisa que me incomoda muito. É ver as pessoas dormindo na rua. E esse governo  Rafael teve a sensibilidade de colocar lá no Cepop. Isso, para mim, foi uma grande atitude humana. Agora se qualquer coisa que foi falada tem corrupção, isso nunca fez parte da minha vida. Não sou santo, mas nunca permiti que houvesse corrupção dentro da minha empresa.

 

Folha – O que acha de caixa dois?

Joilson – Um problema sério. Quem faz isso está arriscado ir para cadeia.

 

(Foto: Antonio Leudo – Folha da Manhã)

 

Folha – Você tem quantos supermercados hoje?

Joilson – Hoje são 12 e, com esse novo, serão 13.

 

Folha – Tem uma média de quantos clientes por mês?

Joilson – Em média, umas 900 mil pessoas por mês. No caso, contabilizando as pessoas que voltam mais de uma vez.

 

Folha – Campos tem mais de 500 mil habitantes. Como funciona a transição na sua cabeça de 900 mil clientes para 500 mil cidadãos exigindo Saúde, Educação, transporte, habitação, lazer?

Joilson – Isso vai se aprender fazendo. São coisas que às vezes você vai ter que personalizar, criar um modelo. Gestão de pessoa é complicada. E atender essa quantidade de gente é mais complicada ainda. E eles com toda a razão, porque o dinheiro é da população. Quando eu coloco um cliente dentro da minha loja, é diferente. Eu chamo, mas ele vem se quiser. Mas o prefeito de uma cidade, que tem responsabilidade com o dinheiro público, ele tem que responder a essas pessoas. Ele tem que dar o melhor, o sangue dele por essas pessoas. Por isso desde o começo venho falando que isso não pode virar um pesadelo. Tenho que ter isso muito bem claro na minha cabeça e comunicar muito bem isso para todas as pessoas. Promessa de campanha é algo utópico. A pessoa fala várias coisas, mas não consegue nada. Na campanha, para conseguir o voto, é uma coisa. Mas na hora de fazer, é completamente diferente. Por isso eu falo, não sou político, sou empresário. Posso um dia me candidatar a algum cargo político, mas vou ter a visão de empresário. Vou lutar, com minha visão de empresário, para transformar o resultado que recebo na minha mão para que atenda a população.

 

Folha – Não existe candidatura de si mesmo. O candidato representa um grupo. Você esteve muito tempo à frente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), atualmente  comandada por Orlando Portugal. Você é também muito ligado ao Marcelo Mérida, que se candidatou a deputado federal em 2018. Ele não se elegeu e ficou atrás de Wladimir, Marcão Gomes (PR) e Caio. Naquela época, muito se falava que Marcelo seria um “tubo de ensaio” para uma posterior candidatura sua a prefeito. A não eleição dele foi um sinal amarelo?

Joilson – Sim, é um sinal amarelo. Mas para não entrarmos muito “verde” nesse negócio, acho que a candidatura dele nos serviu para ver o que é certo ou errado. Foi a primeira vez que fizemos esse trabalho todo, mas percebemos o que fizemos de errado. E outra coisa, o Marcelo liderou a candidatura. Fizemos um trabalho em conjunto, mas ele liderou. Uma campanha política precisa ser mais encorpada.

 

Folha – Você foi a várias reuniões de campanha com ele.

Joilson – Fui, participei e acompanhei tudo. Mas eu tenho um modelo meu de ser, que é de seguir a hierarquia. Às vezes você tem que seguir que está ali na frente, quem está liderando. Você tem que entender que é preciso se colocar no seu lugar. Essa semana Marcelo esteve lá em casa, conversou comigo, trocamos idéias sobre essa questão do partido dele. Mas acho que uma campanha para deputado é uma coisa e uma campanha majoritária é diferente. Uma candidatura para prefeito é mais focada, é muito mais alinhada no próprio município. Já para deputado federal abre para outras cidades.

 

Folha – Você teve quatro mandatos e meio à frente da CDL agora Orlando Portugal está à frente da entidade. Tivemos o episódio de desentendimento entre Orlando e o secretário municipal de Governo Alexandre Bastos. A CDL fez algumas cobranças por melhorias no Centro, Bastos respondeu nas redes sociais, dizendo que se tratava de política partidária, pelo fato de Orlando ter sido ex-secretário do governo municipal Rosinha. Houve um certo estremecimento entre a categoria que você representa e o governo Rafael?

Joilson – Quando somos presidente da CDL, fazemos tudo de acordo com a diretoria. Quando o Orlando tomou essa decisão eu não estava na reunião, mas do que eu sei, ele pediu autorização da diretoria para fazer isso. Se a categoria se estremeceu porque um entendeu de um jeito ou de outro, ele não fez por conta própria. Toda a diretoria apoiou a decisão.

 

Folha – Você concorda com os pleitos colocados por Orlando?

Joilson – Vou ser bem claro, não vi os pleitos que Orlando Portugal colocou, mas não são pleitos de agora.

 

Folha – Segurança, morador de rua, transporte público…

Joilson – São todos pleitos antigos. Falei mais cedo da questão dos moradores de rua, que a Prefeitura tomou uma atitude. Talvez tenha sido pela reivindicação de Orlando. A pessoa pode não ter gostado de como o Orlando falou, mas ele entendeu que era preciso o Orlando falar. Não são reivindicações de Orlando, são da CDL. Sabemos que tem as coisas que poderiam ser feitas de outra maneira, mas não são porque falta um pouco de atenção. Até um pouco de zelo, eu diria. Orlando teve o impasse porque ele tinha que ter, ele é o líder e estava nessa posição.

 

Folha – Marcelo Mérida também foi secretário no governo Rosinha.

Joilson – Foi. O que eu quero dizer é que é da natureza do Orlando. Ele é explosivo por natureza. É o jeito dele. Orlando tinha muita vontade de ser presidente da CDL. Portanto, ele está fazendo mudanças na diretoria e quer deixar a marca dele. Em momento nenhum ele se omitiu porque é um líder. Ele traz esse jeito. Não é de Rosinha, de Garotinho, é dele.

 

Folha – Você não vê, como Bastos disse, uma ligação do seu grupo com o grupo de Garotinho?

Joilson – Não vejo isso, não. Orlando é empresário do ramo de farmácia, Marcelo foi secretário de Rosinha? Foi, Marcelo Mérida tem as empresas dele, tem os negócios dele e não vive de política. É uma pessoa que tem a vida própria. Não vejo isso.

 

Folha – Nesta semana foi definida (aqui) a ida de Mérida ao PSC do governador Wilson Witzel. Falta só oficializar. Como vê a possibilidade dele se lançar candidato a prefdeito pelo partido? Ou apoiar Wladimir, que tem o deputado estadual Bruno Dauaire, líder do PSC na Alerj, como seu principal aliado político?

Joilson – No começo eu falei que não sou político e, sim, empresário. Não conheço muito sobre isso. Eu acabo consultando quem conhece, mas não tenho habilidade para falar sobre isso. Não tenho conhecimento, não tenho história. Essa conjuntura sobre partidos não está desenhada para mim. No final, na minha visão, tem alguém que dita a regra do jogo. Não sei se estou certo ou errado, mas o meu modelo é ser empresário e não político. Mesmo se eu venha assumir um cargo político, vou dizer que estão lidando com empresário. Depois que me eleger, não, aí serei político.

 

Folha – Mas para se eleger você precisa passar pela política. No Brasil não existe candidatura avulsa.

Joilson – Sim, por isso disse que preciso me assessorar com as pessoas que conhecem isso. Por isso não sou apto a dar uma resposta sobre as conjunções políticas.

 

Folha – Mas ninguém imagina que você vai vir candidato contra Marcelo Mérida, por exemplo. Fatalmente, essa decisão política também vai interferir na sua decisão de entrar ou não na política.

Joilson – Sabe o que decide para mim no final? É o voto. O que decide quem vai ser, é que tem a melhor perspectiva de ganhar a eleição.

 

Folha – Mas para você chegar a colocar seu nome como opção de voto, tem que passar pelo partido.

Joilson – Já entendi isso e sei que tem que ser assim, mas estou esperando um pouco mais. Vou continuar do meu jeito. Marcelo esteve conversando comigo ontem (quarta-feira), ele perguntou mais ou menos isso e eu respondi para ele: “Marcelo, eu sou empresário e não político. Vou continuar do mesmo jeito e amanhã ou depois a gente vê o que vai dar, a gente estuda. Vai depender de como esteja a situação. Não vou entrar em alguma coisa para ficar me arranhando”.

 

Folha – Vamos fazer um pinga fogo. Eu dou um o nome e você me diz qual a sua opinião. Rafael Diniz?

Joilson – É um cara que todo mundo acreditou nele. E ele fugiu do que todo mundo acreditou. Não conseguiu fazer o que gostaria de fazer, não sei. Para mim, Rafael Diniz ainda é um negócio meio encoberto, porque ele fala uma coisa para você, demonstra uma coisa para você, e você não vê isso acontecer. Lá em casa, quando se candidatou, ele disse assim: “O que eu faço?”. Ganhou as eleições e falou: “E agora, o que eu faço?”. Então, é um cara que caiu no negócio sem saber o que era. E até hoje ele está procurando, eu acho, o que realmente ele teria que fazer como prefeito.

 

Folha – Wladimir Garotinho?

Joilson – Não sei, é um cara novo, um cara que vem aí, tem experiência de pai e mãe com gestões, chegaram a ser governadores. Ele tem uma geração de exemplo dentro de casa. Se vier a ser um gestor público, pode usar bem ou mal. É um cara que conhece isso tudo, tem uma visão melhor do que qualquer um de nós do que é certo ou errado, do que é a política, do que deve fazer, como fazer, e ainda a retaguarda dele, o pai e a mãe, duas pessoas totalmente diferentes uma da outra… Ele pode achar um meio de campo, ser um grande líder, uma grande liderança. Se souber o bem dos dois, vai tirar um resultado muito bom.

 

Folha – Anthony Garotinho?

Joilson – Rapaz, eu acho que esse cara é um fenômeno.

 

Folha – Positivo ou negativo?

Joilson – Dos dois lados, tanto positivo como negativo.

 

Folha – Caio Vianna?

Joilson – É um cara que pode tirar alguma resposta boa de Dr. Arnaldo, que teve uma liderança boa. Mas, eu acho que ele não tem visão nenhuma de gestão pública, conhecimento, de experiência de gestão de nada. Não estou… Pelo amor de Deus, é entender bem o histórico dele. Se vou contratar alguém para entrar na minha empresa, olho o currículo e vejo o que ele já fez, como ele fez.

 

Folha – Rodrigo Bacellar?

Joilson – É um cara mais articulador. Tem mais visão de articulação, é um cara mais dinâmico… Não sei se vai fazer uma boa gestão, mas parece ter uma experiência muito boa de articulação.

 

Folha – Gil Vianna?

Joilson – É um cara bacana. Tem uma história bonita, mas não sei se tem uma visão dessa gestão, do que é uma gestão de poder público, e digo Campos, especialmente, com R$ 2 bi de orçamento.

 

Folha – Marcelo Mérida?

Joilson – Marcelo é um cara bacana, um líder da sua categoria. Um líder que tem uma visão de companheirismo, uma visão de arrastar, com carisma. É um líder que hoje está no Rio de Janeiro e tem uma liderança na categoria, consegue arrastar a categoria quando precisa… Quando precisa fazer um movimento, trabalha bem. E ele é muito focado na liderança dele empresarial. Hoje, pode estar abrindo um pouquinho, mas é muito mais focado na liderança como empresário, de categoria, do que político mesmo.

 

Folha – Carla Machado?

Joilson – Acho ela uma grande líder. Ela parte para cima, saber o que quer e dá o tom das coisas.

 

Folha – Jair Bolsonaro?

Joilson – É um cara que ficou seis mandatos como deputado, quase 30 anos. Conhece todos os bastidores. Como é um cara muito firme, militar, não quer se igualar ao que ele via nos bastidores. “Sou contra isso, não faço isso, não aceito isso”. Acho que isso está parando um pouco, o país não está avançando muito como deveria avançar por causa dessa rigidez dele. Mas, como ele agora abriu um pouquinho, está contrariando aquilo que ele queria. Mas, ele tem que entender que, para andar as coisas…

 

Folha – Tem que liberar emendas para aprovar a Reforma da Previdência. Rodrigo Maia?

Joilson – O Rodrigo Maia eu acho um cara muito firme, tem uma visão muito clara sobre política. É o pai dele mais novo, com mais experiência e mais vivência. E com um argumento muito melhor que o do pai, mil vezes. Acho que é um cara muito político. Eu acho que faz ele bem o papel dele lá.

 

Folha – Luiz Inácio Lula da Silva?

Joilson – Esse cara, para mim, foi um corrupto, um safado. Eu nunca votei nele. Avaliei ele como o pessoal que trabalhava na lavoura lá, que, quando queria ficar parado, se mutilava, arrancava a perna, pegava a pele do joelho, cortava, e depois ainda botava leite de mamão para ficar inflamado e não ir trabalhar. A primeira vez que eu soube que ele arrancou o dedo… o mindinho não serve para nada. Esse cara, para mim, comparo aos caras que trabalhavam lá e faziam isso. Então, para mim, ele nunca serviu. Todo governo dele, todo mundo endeusava ele, eu nunca endeusei. E sabia que um dia ele ia pagar caro pelo que fez. Desde o começo. Deus está preservando ele vivo para ele ver que não é assim que se trata as pessoas.

 

Folha – Sérgio Moro?

Joilson – É um cara intelectual.

 

Folha – Com “cônge” e tudo?

Joilson – Eu acho que é. Um cara que estudou para isso, analisou, viu a história de grandes países, como que se resolveu…

 

Folha – Ele estudou muito a Operação Mãos Limpas da Itália.

Joilson – Isso… Ele viu como que resolveu essas situações. E ele tomou algumas atitudes baseado naquelas informações que ele trouxe: quando liberou aquela delação…

 

Folha – Para Lula não ser ministro.

Joilson – Isso. Se ele fosse, acabou.

 

Folha – Wilson Witzel?

Joilson – É outro que caiu de paraquedas. Pelo menos das últimas vezes que vi ele falando da história como governador, estava falando como um um cara que saiu da magistratura e foi para o Executivo.Meu amigo, fazer a gestão desse estado, que para mim é um país, e um cara que não se preparou, não achou que ia ser governador… Dizer que ele tinha uma conjunturazinha e tal… Tinha, claro, as pessoas que o apoiavam. Fez o grupo dele, e essas pessoas que estão com ele. Agora, o fundamental, que eu discuto muito sobre isso: tem que ter o chefe para segurar no leme do barco. Se não for um cara que tem experiência para governar, dança. Porque a galera faz o que quer, cada um tem um pensamento, e fica fatiada em várias secretarias, e isso aí morreu, cara. É um risco de dar errado muito claro, porque cada secretaria tem um dono. Cada setor tem um dono. O líder tem que olhar a coisa toda. Ele pode não tomar a decisão em tudo, mas tem que olhar tudo. Tem que saber de tudo. Eu digo o seguinte: o líder não precisa saber das coisas pequenininhas. Se eu cuidar da pulga, o cachorro morre. Mas, se eu deixar a pulga continuar crescendo muito, o cachorro também morre, porque a pulga mata o cachorro. Então, eu não preciso cuidar da pulguinha lá, mas preciso entender o tamanho, a quantidade de pulga. Se não, entendo é um fracasso.

 

Folha – André Ceciliano?

Joilson – Tive pouco com ele. Em um dia que estive com ele lá, inclusive, ele estava papeando com Bruno Dauaire. Acho que é um cara que tem uma liderança boa, tem um jeito bom de liderar, sabe escolher bem as pessoas para estarem do lado dele. É um cara bom de articulação. Mas, acho que ele tem mais coisa para mostrar ainda aí.

 

Folha – Campos dos Goytacazes?

Joilson – É uma cidade privilegiada. É reconhecida por ser a cidade que primeiro teve energia elétrica, conhecida como a cidade que mais produziu cana-de-açúcar e, hoje, o petróleo. Então, ela teve grandes fases. Em todas as fases mundiais de produção de energia, ela estava no contexto. Campos, estrategicamente, em questão de logística e de um monte de coisa, ela está muito bem posicionada. Se souber tirar resultado disso, Campos avança muito. Essa visão, a gente, que é campista, a gente tem.

 

Pàgina 2 da edição de hoje (28) da Folha

 

Página 3 da edição de hoje (28) da Folha

 

Publicado hoje (28) na Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. Cesar Peixoto

    Gostei da entrevista com Joilson se Wladimir não vier candidato ele pode contar com o meu voto.

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