Só compra de medicamento?
O governo estadual Wilson Witzel (PSC) liberou, desde 23 de dezembro, R$ 10 milhões à Saúde Pública de Campos. Com cópia da ordem bancária, a informação foi divulgada (confira aqui) no blog Opiniões no último sábado (18). Devido à crise nos hospitais contratualizados, com atraso da complementação municipal, no mesmo dia a reportagem da Folha tentou contato com o presidente do sindicato dos Hospitais, Frederico Paes, e o secretário de Saúde Abdu Neme. Ainda no sábado, Paes informou que nada tinha sido repassado aos hospitais. Já o município informou só ontem que o dinheiro “será utilizado na compra de medicamentos e insumos”.
Pai da verba?
A informação da liberação da verba estadual foi repassada ao blog pelo presidente do PSC de Witzel em Campos, o empresário e pré-candidato a prefeito Marcelo Mérida. Segundo ele, a verba teria saído de um esforço seu, coordenado com o deputado estadual Bruno Dauaire, líder do partido do governador na Alerj, junto ao secretário estadual de Saúde Edmar Santos. Já para a Prefeitura “houve uma articulação do governo Rafael Diniz (Cidadania) com o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), fundamental para a obtenção do recurso. E, como ocorre no jogo político, há quem tente buscar a paternidade para ganhar destaque”.
Por quê?
O contraste entre as informações traz questionamentos lógicos: 1) se a verba saiu da articulação entre Rafael e Ceciliano, por que foi Mérida quem revelou sua liberação? 2) com tanta agenda ruim pela crise financeira do município, uma notícia boa na Saúde não deveria ser divulgada logo pelo verdadeiro “pai da criança”? 3) compra de remédios e insumos é fundamental à Saúde, mas não daria para destinar parte da verba também aos hospitais contratualizados, que igualmente atendem à população, inclusive pacientes transferidos às pressas do Hospital Geral de Guarus (HGG), quando este foi interditado (relembre aqui) em 20 de novembro?
“Situação caótica!”
A “paternidade” da verba estadual à Saúde Pública pouco ou nada importa a quem dela precisa: a maioria do meio milhão de campistas que não pode pagar um plano. E é também atendida pelos hospitais contratualizados. Em seu diagnóstico, Frederico Paes não demorou: “A nossa situação é caótica! São três meses de salários atrasados e começa a faltar material hospitalar. Não sabemos onde isso vai parar. Entendemos que não há da Prefeitura a disposição ao diálogo. Precisamos pelo menos que nos seja colocado um cronograma de pagamento dos atrasados”. Coletiva à imprensa está marcada às 9h desta quinta (23), na Santa Casa.
Publicado hoje (22) na Folha da Manhã