Lenda do basquete, dentro e fora das quadras, Jerry West faleceu hoje, aos 86 anos. No grupo de WhatsApp deste blog e do programa Folha no Ar, tenho acompanhado e publicado sobre a NBA, desde as finais das Conferências Leste e Oeste. Na noite da última quinta (6), logo após o Boston Celtics (campeão do Leste) derrotar com facilidade o Dallas Mavericks (campeão do Oeste), para abrir 1 a 0 na série final (já está 2 a 0, com o jogo 3 hoje, às 21h30), citei a lenda do basquete Jerry West, para falar do misticismo que existe na NBA:
— Kyrie Irving (armador do Dallas) poderia ter jurado ficar no Boston e saído, como fez. Mas não deveria, antes de chegar ao Dallas, ter pisado na cara do leprechaun, ser mítico do folclore irlandês, pintado no círculo central da quadra dos Celtas. Lenda dos Los Angeles Lakers que disputou e perdeu algumas finais contra o Boston, Jerry West já tinha advertido: “Quem não crê nesse duende sacana, que enfrente o Boston dentro da casa dele”.
Jerry West sabia bem do que estava falando. Como jogador, disputou 9 finais da NBA pelos Los Angeles Lakers, entre os anos 1960 e 1970. E foi campeão apenas em 1972. Das oito vezes em que perdeu, nada menos que seis foram para o Boston, do também lendário Bill Russell, morto em 2022 e único jogador com 11 anéis de campeão do melhor basquete do mundo.
Ainda assim, West foi eleito em 1969 como MVP (“Most Valuable Player” ou “Jogador Mais Valioso”) das finais contra o campeão Boston. E é até hoje o único a ter conquistado esse cobiçado título individual a despeito da derrota coletiva do seu time. Depois, como coordenador técnico e dirigente, seria campeão da NBA oito vezes. Com os Lakers, em 1980, 1982, 1985, 1987, 1988 e 2000. E, com o Golden State Warriors, em 2015 e 2017.
Antes de estrear profissionalmente nos Lakers como jogador, West foi campeão olímpico pelos EUA em Roma-1960. Particularmente, me lembro dele nos anos 1980, já aposentado das quadras, como coordenador técnico dos Lakers. Foi quando passei a torcer pelo time e a acompanhar a NBA, então dominada pelo Showtime de Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar, em sua rivalidade hoje mítica com o Boston Celtics de Larry Bird — em reprise ao que West e Russell tinham feito nas duas décadas anteriores.
Não tive a sorte de ver Jerry West jogar. Assim como não pude ver dentro de quadra Bill Russel e outro lendário pivô, companheiro de West nos Lakers, Wilt Chamberlain, morto em 1999. Os três, certamente, entram na briga da sempre polêmica eleição de melhor jogador de basquete de todos os tempos. Sobre West, o armador e ala-armador era apelidado de “Mr. Clutch”, por sua habilidade de acertar arremessos difíceis e decisivos com o tempo estourando.
Sempre que um garoto de qualquer parte do mundo ganhar uma camisa de qualquer clube da NBA e for conferir a logomarca desta, verá Jerry West jovem, imortalizado com a bola na mão esquerda, driblando dentro da quadra. Ao saber hoje da sua morte, fiquei com a mesma sensação de quando soube da passagem de Garrincha, Domingos da Guia, Didi, Zizinho, Puskás, Di Stéfano, Cruyff, Beckenbauer e Pelé. Tive saudade do que não vivi.
Confira alguns dos melhores lances de Jerry West como jogador: