Com governo perdido e se desintegrando, Dilma, em vez de guia, é descaminho

Dilma sem rumo

 

 

Jornalista, blogueiro e escritor Merval Pereira
Jornalista, blogueiro e escritor Merval Pereira

Governo sem rumo

Por Merval Pereira

 

A tensão política só faz aumentar em Brasília, e reflete a disputa intestina dentro de um governo sem rumo e sem liderança. A coalizão governista, artificialmente montada, se desmonta a olhos vistos sem que exista alguém que possa dar um destino, um caminho, para a rearrumação da casa.
Há exemplos de desencontros por todos os lados, e necessariamente a presidente Dilma está no centro de todos eles, em vez de guia tornando-se descaminho. Pode ser que eu tenha perdido alguma coisa, mas há alguma explicação lógica para que uma decisão tomada em novembro do ano passado possa ser desautorizada quatro meses depois pelo mesmo governo?

A repactuação da dívida dos Estados e municípios foi feita durante a campanha eleitoral, e seria até normal que a presidente, para agradar cabos eleitorais importantes, tivesse prometido o que não poderia fazer. Eleita, porém, poderia simplesmente não sancionar o projeto, afirmando que os tempos eram outros. Seria mais um estelionato eleitoral, mas teria nexo.

Do jeito que foi feito, parece que só quando o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou ao governo é que os desmandos foram identificados. Nesse caso, a situação é mais grave do que parece. Se for verdade, Dilma estava convencida, até a chegada de Levy, de que a renegociação da dívida era perfeitamente possível, e que outras medidas que hoje o seu novo governo renega estavam certas.

Quando ela diz que fez tudo certo no primeiro mandato, não estaria mentindo, mas reafirmando convicções. Nesse caso, a continuação no cargo é um perigo potencial de repetição dos mesmos erros caso um dia a economia se recupere ainda em sua gestão.

E quando o ministro Joaquim Levy classificou de “brincadeira” a desoneração da folha de pagamentos de várias empresas, não estava fazendo uma metáfora, estava apenas revelando a qualidade das decisões econômicas tomadas pela equipe de Mantega e sua nova matriz econômica.

O que dizer do plano maquiavélico de usar mais uma vez o hoje ministro Kassab para criar um novo partido, o PL, que se fundiria ao PSD e assim permitiria que muitos deputados e senadores hoje no PMDB o deixassem, enfraquecendo-o na coalizão governista?

Como não são bobos, os líderes do partido viram longe a situação e começaram uma rebelião interna que não tem hora de acabar. Ainda mais quando detectam que a própria presidente Dilma participou diretamente da manobra, não sancionando a lei aprovada pelo Congresso que a impediria.

O tiro deve sair pela culatra, primeiro por que o PL acabou se inscrevendo no Tribunal Superior Eleitoral sem o número mínimo de assinaturas, prometendo remetê-las depois. Mas a impugnação da nova legenda, que parece provável, não apaga o fato de que o Palácio do Planalto continua tentando neutralizar a força do PMDB, que já sentiu para que lado o vento sopra e começa a saltar do barco, não como quem foge acovardado, mas como quem enfrenta os desmandos da capitã, afinal identificada como incapaz de levar o barco nessa tempestade que enfrenta.

A necessidade identificada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, de haver um plano econômico abrangente que possa dar um rumo à economia, e não apenas cortes de gastos que atingem os cidadãos mais desprotegidos e as empresas que geram empregos, é correta e vai ao encontro do que tem cobrado o presidente do PSDB, senador Aécio Neves.

Está também correta a exigência do PMDB de que o governo reduza para 20 o número de ministérios e corte os cargos em comissão de provimento direto, que são cerca de 25 mil DAS. Só que é uma ação populista, pois foi o mesmo Renan Calheiros, juntamente com Eduardo Cunha, que aceitaram que os partidos políticos mais que dobrassem a verba do Fundo Partidário, e aumentassem as verbas dos parlamentares.

É como diz o ditado: em casa em que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. No país desgovernado, faltam pão e quem dê o rumo.

 

Publicado aqui, no Blog do Merval

 

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Este post tem um comentário

  1. Jaci Capistrano

    Olavo de Carvalho Fala Sobre a Fraude Eleitoral de 2014 no Brasil…IMPERDÍVEL! Vídeo da apresentação do Professor Olavo de Carvalho no Conclave de Washington, ocorrido no último sábado (21/03/15) e que teve como temas centrais a fraude da eleição presidencial Brasileira de 2014 e as máquinas de votar “viciadas” da Smartmatic.

    Não deixem de compartilhar esse material excelentíssimo! A apresentação é uma leitura clara e nua do surgimento e consolidação e vitória nas eleições de 2002 do partido que está no comando do país há doze anos. Excelente oportunidade de esclarecimento e reflexão sobre como o país chegou a um nível tão baixo de valores éticos e morais que propiciou toda esta corrupção e roubalheira de forma institucionalizada para suportar financeiramente um projeto de poder absoluto.

    https://www.youtube.com/watch?v=yZtMVFy5X6k

    O Conclave de Washington realizado dia 21/03/2015 é, portanto, um evento voltado a denunciar aos Estados Unidos e ao mundo, a ação do Foro de São Paulo em todo o continente sul americano. Esse Foro foi fundado por Lula e Fidel Castro em 1990 na capital paulista com a finalidade de reunir todos os partidos esquerdistas da América Latina, incluindo também os grupos terroristas como as FARC da Colômbia e outros aparelhos de agitação comunista.

    Participação do filósofo, jornalista e escritor brasileiro Olavo de Carvalho, que vive há mais de 10 anos nos Estados Unidos, e que há pelo menos 20 anos vem denunciando a ação do Foro de São Paulo no Brasil em toda a América Latina, fala também sobre fraude na última eleição presidencial do Brasil.

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