Crianças da II Guerra e a perda de Geraldo no gol de Pedro

 

Geraldo Machado e Aluysio Cardoso Barbosa (Fotos: Divulgação e Diomarcelo Pessanha/Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Perda de Geraldo Machado

“Sua dedicação exemplar ao Direito e sua trajetória brilhante serão lembradas com respeito e admiração. Sua memória permanecerá viva na história da advocacia”. Foi a manifestação da OAB Campos à morte do seu ex-presidente Geraldo Machado, aos 87, vítima de um câncer contra o qual lutava há anos, na noite da última quarta (15).

 

Coincidência?

Anunciada (confira aqui) pela Folha, da qual Geraldo foi articulista e advogado, a notícia da sua morte ecoou rapidamente em grupos de WhatsApp. Quase no mesmo momento em que os rubro-negros, como ele, comemoravam o gol de Pedro naquela mesma noite de quarta no Nilton Santos, primeiro dos 3 a 0 do Flamengo sobre o Botafogo no Brasileirão.

 

Geraldo e Aluysio

A relação de Geraldo com a Folha, intensa desde que esta foi lançada há 47 anos, derivou da amizade ainda mais antiga com o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa. Fundador do jornal e titular desta coluna até sua morte em 2012, aos 76, Aluysio foi colega de Geraldo no Liceu de Humanidades de Campos dos anos 1950.

 

Amigos diferentes

Geraldo e Aluysio eram diferentes. Além de Flamengo, o primeiro era alto, foi atleta de basquete, combativo como advogado e engajado militante de esquerda. Tricolor, o segundo era baixo, foi atleta de futebol, um jornalista marcado pelo equilíbrio e sutil em suas posições políticas de centro. Opostos unidos em amizade sincera e completa.

 

Forma crítica de ver o mundo

Além da advocacia, Geraldo foi produtor rural, presidente da Cooperleite em Campos e membro da Academia Campista de Letras (ACL). Que também se manifestou em sua morte: “Seus artigos e crônicas, publicados na Folha da Manhã e nas redes sociais, sempre foram marcados por sua forma crítica de ver o mundo”.

 

Alternativa à bipolaridade do ódio

Distintas, as formas de ver o mundo de Geraldo e Aluysio tinham algo geracional em comum. De crianças da II Guerra (1939/1945), jovens na esperança do Brasil dos anos 1950 e adultos na ressaca ditatorial dos anos 1960 e 1970. Cuja amizade entre homens diferentes tanto faz falta como alternativa viva à bipolaridade do ódio deste novo século.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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