Após facada em Bolsonaro, Datafolha revela a pedra entre Caim e Abel

 

 

Datafolha após facada

Do atentado de Juiz de Fora até ontem, foram apenas quatro dias. Mas, dada a solidariedade até dos concorrentes, dificilmente Jair Bolsonaro (PSL) vai contar nesta campanha presidencial com ambiente mais favorável para crescer as intenções de voto e diminuir sua rejeição. Na esperada pesquisa Datafolha divulgada ontem, o presidenciável do PSL cresceu pouco no índice positivo: de 22% a 24%. No negativo, mesmo ainda se recuperando na UTI de um hospital, sua rejeição aumentou: os eleitores que não votariam nele de jeito nenhum foram de 39% para 43%. É rejeição bem próxima à revelado pelo Ibope no dia 5, véspera da facada: 44%.

 

Ciro, Marina, Alckmin e Haddad

Nas intenções de voto, bem atrás de Bolsonaro, vieram Ciro Gomes (PDT), com 13%; Marina Silva (Rede), 11%; Geraldo Alckmin (PSDB), 10%; e Fernando Haddad (PT), 9%. Na margem de erro de dois pontos para mais ou menos, estão todos em empate técnico. A vantagem entre os quatro é apontada pelas tendências na comparação com a Datafolha divulgada em 22 de agosto. A maior perda foi de Marina: sangrou cinco pontos. Alckmin cresceu um e Ciro, três. Mas Haddad foi quem mais ganhou: cinco pontos.

 

Força do PT

O crescimento de Haddad era esperado, mas ele mais que dobrou as intenções de voto. Hoje, em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde 7 de abril, o ex-prefeito paulista será ungido candidato a presidente do PT. Coincidentemente, será o dia do 17º aniversário do atentado às Torres Gêmeas de Nova York, enquanto as novas delações de Antonio Palocci já decolaram. Com a candidatura impugnada pelo TSE, que também o impediu de participar da campanha, Lula terá dificuldade de fazer por Haddad o que fez por Dilma em 2010 e 2014. Mas só um tolo duvidaria da capacidade eleitoral do PT e do seu maior líder.

 

Hora H

Até aqui, o maior obstáculo para que o PT e Bolsonaro se enfrentem no segundo turno sonhado por ambos, parece ser Ciro. Marina e Alckmin estão no jogo, mas não na melhor posição. A ambientalista, que vinha atrás de Bolsonaro nas pesquisas há dois anos, teve uma queda relevante nas intenções de voto justamente quando a campanha se afunila, a apenas 26 dias da urna. Já o tucano disputa o mesmo eleitor antipetista com o ex-capitão do Exército, mas perde para ele até em São Paulo, Estado que governou quatro vezes. Em 2014, o hoje pária Aécio Neves (PSDB) perdeu nas suas Minas Gerais para Dilma Rousseff (PT).

 

Caim e Abel

Como no Ibope, Bolsonaro perdeu todas as simulações de segundo turno Datafolha: 35% x 45% para Ciro, 34% x 43% para Alckmin, e 37% x 43% para Marina. É fruto da sua tremenda rejeição, que nem a solidariedade mitigou. Mas, pesquisa a pesquisa indicam que o capitão sobrevive a 7 de outubro. Haddad também perdeu quase todas suas simulações de segundo turno: 29% x 43% para Alckmin e 31% x 42%, para Marina. Só entre si, Bolsonaro 38% x 39% Haddad têm chance. Curiosamente, o Datafolha não simulou o turno final entre Ciro, que ganha de todos, e o substituto de Lula. Talvez por prever um confronto entre Caim e Abel.

 

Ibope: Paes e Romário

No último dia 6, mesmo do atentado a Bolsonaro, a pesquisa Datafolha a governador do Rio deu a impressão que a fatura estivesse liquidada: Eduardo Paes (DEM) com 24% das intenções de voto, bem à frente de Romário Faria (Pode) e Anthony Garotinho (PRP), ambos com 10%. Mas a consulta Ibope, divulgada ontem, sinalizou que a coisa não é bem assim. Na comparação com a amostragem anterior do mesmo instituto, Paes confirmou sua curva ascendente: pulou de 12% a 23%. Mas, diferente da Datafolha, Romário cresceu no Ibope: de 14% a 20%. Ele está em empate técnico pela liderança, na margem de erro de três pontos para mais ou menos.

 

Atrás: Garotinho e Tarcísio

Na dúvida sobre a diferença de 10 pontos que Romário teve entre os dois institutos, duas certezas em ambos: a) Paes cresceu bastante e briga forte pela liderança; e b) Garotinho ficou para trás na disputa ao segundo turno. No Ibope de ontem, o político de Campos manteve os 12% que já havia registrado em 20 de agosto. Seu único consolo é que, pelo menos na última pesquisa, ele apareceu fora do empate técnico com Tarcísio Motta (Psol), que também não alterou seus 5% anteriores. No Ibope, o candidato do PRP teve sete pontos de vantagem sobre o do Psol, um além da margem de erro. No Datafolha, foram só três pontos de diferença.

 

Publicado hoje (11) na Folha da Manhã

 

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