Ao dar meus palpites para esta Copa, no último dia 10 (aqui), disse que as surpresas das anteriores costumavam sair da África ou do Leste europeu, embora tenha ressalvado que, na África do Sul, apostava numa seleção de outro continente para surpreender: os Estados Unidos. Pois se encerrou agora há pouco o primeiro confronto entre um time da África contra outro da Europa oriental: Gana x Sérvia, vencido pela primeira por 1 a 0, gol de pênalti, primeiro do Mundial, convertido aos 39 da etapa final pelo meia Gyan, eleito o melhor em campo.
Todavia, o que poderia ser um embate clássico entre duas escolas marcadas pela habilidade no trato com a bola, foi um jogo chato e de poucas emoções. Gana perdeu muito da qualidade que apresentou na última Copa, quando caiu nas oitavas-de-final, diante do Brasil, com o desfalque por contusão do craque Essien (Chelsea), antes do Mundial, enquanto espera pela recuperação de Muntari (Inter de Milão), que foi à África do Sul na esperança de recuperação, mas ontem ainda não entrou em campo. Por sua vez, desde as Eliminatórias, quando mandou a França à repescagem, a Sérvia optou pelo pragmatismo dos europeus do oeste, deixando de lado o jogo vistoso que sempre aproximou do futebol sul-americano os herdeiros da antiga Iugoslávia.
Num jogo podado em suas possibilidades de virtude, o resultado foi definido em dois erros da Sérvia. O primeiro, do zagueiro Lukovic, que até vinha fazendo boa partida, mas levou o segundo amarelo e foi expulso numa falta boba, aos 28 do segundo tempo, depois de segurar o braço de um adversário, ainda no meio-de-campo, em bola alta lançada em contra-ataque. A falha capital, no entanto, coube ao meia Kuznanovic, que havia entrado aos 16 da última etapa, para reforçar o ataque, mas acabou tirando com o braço outra bola alta, no canto esquerdo da sua área, cruzada em direção a Boateng, que talvez nem chegasse nela.
Com o favoritismo à primeira vaga do Grupo D para a Alemanha, que enfrenta daqui a pouco a zebra Austrália, o blogueiro já havia apostado em Gana na segunda vaga, mas não contava ser endossado por vacilos tão bobos dos sérvios.
GANA
KINGSON — Foi exigido em duas defesas, em chute de Stankovic, aos 38 do primeiro tempo, e de Krasic, aos 32 da etapa final. NOTA 6.
PAINSTIL — O lateral-direito apoiou o ataque, principalmente em tabelas com Tagoe. Ficou mais na defesa após a entrada de Lazovic, que entrou para jogar na esquerda. NOTA 6,5.
VORSAH — Marcou bem o grandalhão Zigic, centro-avante sérvio. NOTA 6,5.
MENSAH — No mesmo nível do companheiro de zaga. NOTA 6,5.
SARPEI — O lateral-esquerdo apoiou, mesmo com o meia Krasic caindo os 90 minutos pela direita do ataque sérvio. NOTA 6,5.
ANNAN — Atuou como primeiro volante no combate e saída de bola. NOTA 6.
PRINCE BOATENG — Tentou levar seu time à frente, com muita disposição física, mas sem tanta habilidade. NOTA 6. Foi substituído, aos 45 do segundo tempo, por ADDY. SEM NOTA.
AYEW — Atuou na ligação com o ataque, dando duas cabeçadas a gol. NOTA 6,5.
GYAN — Autor do gol de pênalti e considerado o melhor em campo, o meia-atacante ainda acertou duas vezes a trave. NOTA 7. Já nos acréscimos, foi substituído por ABEYE. SEM NOTA.
TAGOE — Sozinho ou em triangulações com Painstil, comandou as ações ofensivas de Gana, sobretudo pela direita. NOTA 6.
AZAMOAH — O meia-atacante buscou o jogo, bateu escanteios e faltas, mas ontem não estava em dia inspirado. NOTA 6. Saiu aos 27 da segunda etapa para a entrada de APPIAH, habilidoso meia, mas que ainda não se mostrou recuperado após sofrer com lesões nas duas últimas temporadas. NOTA 5.
SÉRVIA
STJOKOVIC — Até o pênalti, só apareceu num soco, em cobrança de escanteio. NOTA 5.
IVANOVIC — Tentou apoiar, mas teve que se cuidar com as subidas de Sarpei. NOTA 6.
VIDIC — Considerado um dos melhores zagueiros do mundo, falhou em cabeçada de Ayew. NOTA 5.
LUKOVIC — Não vinha mal, até tomar o segundo amarelo, em falta infantil. NOTA 3.
KORALOV — Mesmo com Painstil e Tagoe por seu lado, o lateral apoiou o ataque. Apareceu também em cobranças de falta. NOTA 6,5.
STANKOVIC — Veterano que atua no futebol italiano em todas as posições do meio-campo, hoje jogou atrás, na saída de bola da Sérvia. Depois do 1 a 0, tentou encostar no ataque, mas já era tarde demais. NOTA 5.
MIJILAS — Atuação apagada na marcação e criação. NOTA 4. Foi substituído, aos 16 do segundo tempo, por KUZMANOVIC, autor do pênalti bobo que definiu o jogo. NOTA 2.
KRASIC — Incansável na ligação do meio com o ataque, sempre pela direita. Teve a melhor chance da Sérvia, aos 32 do segundo tempo, mas Kingson defendeu o chute. NOTA 6,5.
JOVANOVIC — Atuou como volante no primeiro tempo e meia-esquerda no segundo. NOTA 5. Após a expulsão de Lukovic, foi substituído por SUBOTIC, para recompor a zaga. NOTA 5.
PANTELIC — Atacante de movimentação, mas não muita habilidade. NOTA 5.
ZIGIC — Com 2,02m, é o típico pivô, que hoje teve dia de poste. NOTA 3. Foi substituído, aos 23 do tempo final, por LAZOVIC, que caiu pela ponta-esquerda, de onde cruzou a bola para o chute de Krasic, na melhor chance da Sérvia. NOTA 6.
Obs: O texto foi postado anteriormente no blog Folha na Copa (aqui).