O blog ecoou aqui uma provocação do Alexandre Bastos (aqui), sobre o papel do PSDB de Campos na campanha de Serra na cidade, mas devido ao hiato nas atividades deste blogueiro, acabou não sendo conferido aqui o devido destaque à educada resposta, dada no dia seguinte, pelo presidente tucano local e também blogueiro da Folha, Robson Colla.
Bem, antes tarde do que nunca para garantir o princípio da equidade, e até porque ainda faltam quatro dias para o segundo turno da eleição presidencial, segue abaixo, na forma mais destacada de post, a satisfação dada pelo Robinho em comentário de 15 dias atrás, não sem as devidas ecusas pelo atraso tanto a ele, quanto a você, leitor…
Robson Colla
outubro 12th, 2010 em 23:03
Caro Aluysio,
O PSDB de Campos está estruturado e funcionando normalmente em sua sede no final da avenida Pelinca. Depois de um período conturbado que atravessamos (2006/2008), estamos cuidando de remontar a base do partido em nossa cidade, trabalho este que vem sendo executado por mim, como presidente, contando com a ajuda de nossa executiva e também de filiados históricos, como Gel Coutinho e Marcelo Mérida.
Entendo a provocação do jornalista Alexandre Bastos, mas o meu estilo é mais de trabalhar do que de criar factóides para aparecer na imprensa, como vimos em recentes episódios acerca da criação de uma pretensa terceira via para um eventual pleito suplementar.
Trabalhamos muito para o Serra no primeiro turno, inclusive tivemos a vinda do seu Vice, o Deputado Índio da Costa, à nossa cidade, onde cumpriu extensa agenda.
Só a titulo de curiosidade, informo que foram distribuídos/colocados cerca de 1.000 adesivos de Serra em todo o município, mas esse montante ainda é insuficiente para fazer aparecer uma campanha como estamos acostumados a ver.
Vamos nos esforçar mais ainda no segundo turno.
Quanto ao fato do Alckmin ter vindo a Campos em 2006 é exatamente porque a região contava, então, com o deputado federal do PSDB Paulo Feijó, que tinha tido em 2002 cerca de 111.000 votos. Quanto a isso, não há como negar a influência de Feijó para que tal evento acontecesse.
Em relação a questão de participarmos do Governo Municipal, afirmo que em momento nenhum recebi qualquer orientação contrária ao meu apoio ao Serra, até porque sabem de minha condição de presidente do PSDB, desde que ali adentrei.
Sou amigo pessoal de Feijó, seu companheiro principalmente nos momentos mais difíceis de sua vida política, mas não o segui para o PR quando de sua filiação e nem cogito fazê-lo.
Ele respeita minha decisão e jamais tentou me fazer agir ao contrário.
Sou filiado desde 1998 e o PSDB é o meu único partido até hoje e dele não pretendo sair.
Após mais de duas semanas de recesso, inclusive na net, retornei ontem à lida na Folha, com um sedex bem pesado me esperando na portaria do jornal. Ao chegar à minha sala e abrir o pacote, pude constatar que se tratavam de cinco exemplares do bem acabado livro “As Melhores Primeiras Páginas dos Jornais Brasileiros”, editado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) e organizado por sua presidente, Judith Brito, e seu diretor executivo, Ricardo Pedreira.
Lembrei-me, então, da inscrição que a nossa editora executiva e também blogueira, Suzy Monteiro, havia feito há alguns meses, no concurso da ANJ para eleger as melhores capas dos jornais brasileiros, entre seus 146 associados, responsáveis por mais de 90% da circulação de diários impressos no país. E entre as escolhidas, ao ler o sumário, pude perceber que, entre as capas de O Globo, Folha de São Paulo, Correio Braziliense, O Estado de São Paulo, Extra, O Dia, Lance!, Estado de Minas e Zero Hora (RS), entre outros, lá também estava, na página 100, aquela que havíamos optado por inscrever, concebida por mim e pelo editor de Arte da Folha, Eliabe de Souza, o Cássio Júnior.
Tratava-se da capa da Folha de 1º de julho de 2006, dia do jogo Brasil x França, pelas quartas-de-final da Copa da Alemanha. Recordo-me que, por parte de nós, brasileiros, o clima antes da partida era de desforra, de confirmar o ditado popular “ri melhor, quem ri por último”, na expecativa de uma resposta pela acachapante derrota por 3 a 0 na final da Copa da França, em 1998, imposta por Zidane e cia. Não por outro motivo, a capa gráfica trazia as fotos dos perfis opostos e sorridentes de Ronaldo e Zizou, astros em 2006 como eram oito anos antes, com a indagação entre ambos, em forma de manchete: “Quem vai rir hoje?”
Pois no hoje de quatro anos depois, sabemos muito bem quem riu ao fim daquele jogo, na mais humilhante derrota já sofrida pela Seleção Brasileira na história das Copas. Não por ter perdido pelo placar mínimo e ter sido eliminada, mas por ter encontrado alguém inapelavelmente superior naquilo em que sempre nos julgamos melhores do que todos: o domínio da arte no futebol. Diante do espetáculo de Zidane naqueles 90 minutos, com direito a lençóis em Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, bola em baixo das pernas de Juan, giro de balé com o corpo e a bola nos pés sobre o corpo impotente de Gilberto Silva, fieiras de jogadores brasileiros driblados em arrancadas verticias, sem contar o passe na medida para o gol de Henry, o gênio francês calou definitivamente a boca de quem ainda insistia em buscar motivos nebulosos para o resultado da final de 98.
Mais que uma derrota brasileira, o êxito francês de 2006 foi uma vitória da arte, de um artista superior. Muito embora, como todos hoje também sabem, ao aceitar a provocação e trocar a arte pela violência, naquela cabeçada no peito do zagueiro italiano Materazzi, Zidane acabaria também não rindo no fim, com o título da Azurra sendo providencialmente selado pelo gol do… Grosso.
Menos mal que com a conquista da Espanha e seu jogo lúdico, os deuses do futebol tenham determinado rumo diverso à Copa de 2010.
Como viajei às vésperas do prazo final do concurso da ANJ, e havia esquecido esquecido da inscrição, pedi a Suzy que a fizesse. É dela, pois, o texto que consta no livro como apresentação da Folha e sua primeira página. Nele, porém, só consta um erro, pois o então editor-geral do jornal, Sebastião Carlos Freitas, não participou especificamente da feitura daquela capa. De qualquer maneira, não está errada na medida em que Tião, assim como também o ex-jornalista e hoje blogueiro da Folha Antunis Clayton, foram parceiros naquele que ainda considero, sobre todos, o melhor trabalho de que participei nestes mais de 20 anos de redação: a cobertura daquela Copa de 2006.
A seleção da capa da Folha entre “As Melhores Primeiras Páginas dos Jornais Brasileiros”, mais que ao mérito individual do Cássio Júnior, do Tião, do Tuneco, da Suzy, ou meu, é um reconhecimento nacional ao trabalho coletivo desenvolvido por todos os profissionais que atuaram e atuam nos mais de 32 anos de história deste jornal. Sobretudo, é um endosso ao mesmo crédito que você, antes leitor só do impresso e hoje multiplicado virtualmente, em escala geométrica, nos confere diariamente. E por todos nós fica aqui externado o orgulho diante à demonstração, neste nosso dia-a-dia de dar e receber informação, de toda a arte e obstinação que podem ser reunidas em um drible de Zidane.
Até onde se possa estender a parte que me cabe neste latifúndio, confesso, não sem emoção, ter sido uma alvissareira surpresa para quem retoma suas atividades, neste blog e na Folha…
Abaixo, o (belo) texto da Suzy:
Em 32 anos de existência foram mais de 10 mil capas. Então, como selecionar uma entre milhares, repletas de tantas histórias que retrataram esperança, amor, sofrimento, alegrias e decepções de um povo durante as últimas três décadas? É como pedir a uma mãe que escolhesse um entre seus filhos.
Nesse mundo de opções, por que escolher a capa — criada pelo diretor de redação Aluysio Abreu Barbosa, pelo então editor-geral Sebastião Carlos Freitas e pelo editor de arte Eliabe Souza — que estampa o fenômeno brasileiro Ronaldo e o fenomenal francês de origem argelina Zidane, astros da Copa da Alemanha, em 2006? Porque essa capa consegue reunir todas as expectativas e sentimentos não só dos campistas ou dos fluminenses, mas de todos os brasileiros, irmãos no amor pelo futebol. A Seleção Brasileira, mais uma vez, conseguia unir etnias, religiões, homens, mulheres e crianças na perspectiva de ser, de novo, o melhor futebol do mundo.
Tínhamos Ronaldo. A França tinha Zidane. Mas era só mais uma etapa rumo ao título. “Quem vai rir hoje?” dizia a manchete sobre o duelo contra os algozes de 1998, colocando uma dúvida na esperada vitória do Brasil. O jogo trouxe resposta que todos nós gostaríamos que fosse diferente. A capa do dia seguinte trazia o “lençol” de Zidane em Ronaldo retratando toda decepção, sofrimento e vexame da derrota brasileira. Essas capas resumem os sentimentos desse povo, que tem no futebol uma de suas maiores (senão a maior) paixão e que nele extravasa todos os sentimentos.
Peço desculpas aos leitores por esta uma semana de hiato, sem aviso prévio, por parte deste blogueiro. De volta à ativa, os comentários atrasados estarão sendo moderados na sequência.
Costumo sempre dizer que, em jornal, a melhor foto é aquela que dispensa palavras. Todavia, em consonância com o título dado, a foto feita e postada hoje, aqui, pelo repórter-fotográfico e blogueiro Diomarcelo Pessanha, tem força para calar qualquer outra palavra na boca dos eleitores de Dilma, de Serra, dos indecisos ou daqueles que pretendem anular seus votos.