Depois da Argentina (1 A 1 com a Bolívia) e do Brasil (0 a 0 com a Venezuela), ontem foi a vez do também favorito Uruguai igualmente decepcionar em sua estréia na Copa América, empatando em 1 a 1 o jogo em que o Peru abriu a contagem. E este último exemplo torna-se ainda mais emblemático, lembrado que a seleção uruguaia foi a sul-americana de melhor desempenho na última Copa do Mundo (4º lugar, tendo Diego Forlán eleito como melhor jogador), enquanto a peruana foi a última colocada nas Eliminatórias do continente à África do Sul.
Ou seja: no primeiro confronto oficial de 2011, entre o melhor e o pior da América do Sul em 2010, o placar final de ontem não expressou nenhuma diferença. E quem assistiu ao jogo pôde constatar que o resultado foi fruto da justiça aplicada no que se viu dentro das quatro linhas, não do acaso.
Ao blogueiro, três parecem ser as explicações para esse rendimento continental abaixo do esperado das três seleções de maior tradição da América do Sul, que, juntas, conquistaram nove Copas do Mundo, só uma a menos do que os cinco ganhadores europeus (Itália, Alemanha, Inglaterra, França e Espanha)…
1) A primeira é de que, diante do regulamento da Copa América, as seleções teoricamente mais fortes poderiam estar se poupando para o mata-mata a partir das quartas-de-final, à qual se classificam oito das 12 seleções presentes na Argentina.
Ou seja, dos três grupos de quatro seleções cada, têm passagem garantida à próxima fase os três primeiros, três segundos e dois melhores terceiros colocados. Pai da independência da maioria dos países da América do Sul, Simón Bolívar não seria mais maternal…
2) Outra explicação possível advém do fato de que o Brasil, principal força do continente e único país do globo a disputar todas as Copa do Mundo, não disputará as próximas Eliminatórias, posto ter sua vaga garantida na condição de país-sede do Mundial que se avizinha. Isso abrirá mais uma vaga nas Eliminatórias sul-americanas aos times tidos como inferiores, que estão usando a Copa América como tubo de ensaio à tática que a maioria usará na tentativa de se classificar para 2014: se fechar atrás para garantir o empate fora de casa e, quando com o apoio da torcida, buscar a vitória na base dos contra-ataques.
E, pelo menos no que se viu na primeira rodada desta Copa América, o recurso pareceu acertado ao sonho com a próxima Copa do Mundo.
3) Por fim, a última explicação reside em algo que passa despercebido à maioria: o confronto tático. Argentina, Brasil e Uruguai hoje jogam no antigo 4-3-3, “reinventado” no 4-2-1-3 do famoso quadrado mágico brasileiro (Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno e Adriano) que naufragou diante do gênio de Zinedine Zidane, na Copa de 2006. Em contrapartida, tanto Bolívia, Venezuela e Peru, como todas as demais forças consideradas menores, atuam no velho 4-4-2, com duas claras linhas defensivas de quatro homens no seu próprio campo. Foi o esquema, por exemplo, adotado em 1994, na conquista do Tetra brasileiro pelo time de Carlos Albero Parreira (coincidência, ou não, o mesmo técnico de 2006).
E, novamente pelo que se viu na primeira rodada desta Copa América, o esquema que deu a Copa do Mundo ao Brasil em 1994 tem criado sérias dificuldades àquele com o qual fracassamos em 2006.