Muhammad Ali — O maior de todos os tempos

Aqui, quando da morte do ex-boxeador e ex-campeão mundial Joe Frazier, lancei mão de um oxímoro para seu epitáfio, posto que, embora baixo para a categoria peso-pesado, dentro de um ringue, ninguém como ele esteve à altura do maior pugilista de todos os tempos: Muhammad Ali. 

Pois, hoje, enquanto o mundo celebra os 70 anos de vida de Ali, no lugar de um texto em prosa, faço aqui minha modesta lembrança à data na forma de poesia, linguagem por certo mais próxima àquela com que ele mudou o mundo nos anos 60 e 70 do séc. 20, dentro dos ringues e fora deles…

 

“virá impávido que nem muhammad ali
virá que eu vi”
(caetano veloso)

 

paixão a palo seco 
 
o punho esquerdo vivo, arauto ativo
da direita dissimulada em guarda baixa,
guardada ao avessar da face que o encara
pendularmente, lado a lado, pela cartilha,
não para frente e trás, como seria
recuar nos trilhos do trem que avança,
só não alcança quando lá está ali,
feminino nos gestos de um felino.
 
a delicadeza florescida em oposição,
por oposto o soco ao giro da ponta do pé
na lona plantado à picada da abelha,
mas de raiz aérea, de vôo de borboleta
— belo a reinventar o mundo que abalou,
derrubando homens e se arrogando rei,
negou ser soldado de matar alguém,
para afirmar sua raça: homens também;
eu, nós, nos versos do campeão.
 
campos, 22/03/07

Ejetadas do carro na colisão, mulher e filha de Nahim ainda estão internadas

Ao contrário do que a edição impressa da Folha informou hoje, na capa e na página 2 do primeiro caderno, Nélia e Maria Oliveira, respectivamente esposa e filha do vereador Nelson Nahim (PPL), não receberam alta ontem. O blogueiro falou agora há pouco, por telefone, com o presidente da Câmara de Campos. Ele está na Bahia, ao lado da mulher e da filha, ainda internadas na Santa Casa de Misericórdia de Salvador.

No acidente ocorrido no último domingo, numa estrada em Feira de Santana, ambos foram ejetadas do carro. Nélia sofreu escoriações, enquanto Maria teve uma parte do couro cabeludo descolada na colisão (já reimplantada), mas felizmente não sofreu nenhum dano neurológico. Ambas passam bem se e submeteram a exames de tomografia e ressonância. A partir do resultados, a expecativa é que tenham alta possivelmente amanhã.

Diretor da Câmara de Campos, Amaro Luís dos Santos Rangel guiava o carro, no qual também se encontrava sua esposa, Eliane Rangel. Ele sofreu escoriações  pelo corpo e fraturou os dedos do pé esquerdo, enquanto ela teve duas costelas quebradas. Ambos também estão ainda internados e igualmente fora de perigo.

 

Atualização às 16h30: O blogueiro acabou de falar ao telefone também com Amaro Rangel, diretor geral da Câmara de Campos. Ele revelou que a colisão ocorreu quando o pneu do carro que guiava furou. Ao perder a direção, a colisão se deu com o pneu traseiro de um caminhão que seguia em sentido contrário. Jogado para fora da estrada, o automóvel foi para num matagal às suas margens, mas não chegou a capotar. Inicialmente, seus quatro passageiros foram encaminhados ao Hospital Estadual de Feira de Santana, sendo transferidos no mesmo dia 15 à Santa Casa de Misericórdia, em Salavador. À informação passada antes por Nahim, de que a alta coletiva poderia ser dada amanhã, Amaro disse que o mais provável é que todos saiam do hospital na próxima quinta-feira.

Atualização às 21h10 de 18/01/11, para adotar o verbo mais suave do leitor Ademario.

O bobo sem corte

 

No último dia 28, durante a confraternização de final de ano que reúne os jornalistas e blogueiros da Folha, conversava com a vereadora petista Odisséia Carvalho. Entre outras coisas, ela me falou, sem disfarçar os risos, do ostracismo a que determinada e repugnante figura havia sido relegada, real e virtualmente, após mais um dos seus surtos psicóticos, banalmente motivado pela existência do segundo turno na eleição presidencial de 2010. 

Em se tratando de alguém que, diante de uma simples discordância política, passa a classificar publicamente seus próprios amigos como putas, adúlteros, cornos, impotentes, viciados, sonegadores, covardes e idiotas, não espanta que a ausência de qualquer vestígio de altruísmo coexista, sempre bipolarmente, com o conhecimento da grafia da palavra. O problema é quando se pretende medir os outros pela própria régua. Sobretudo quando esta tem demanda muito curta para se aferir o tamanho real, metafórico, do caráter ou da própria relevância.

Moral da história: bobo é quem dá luz a canalha, notadamente quando este foi por si mesmo banido de todas as cortes.

Mãe dá sua versão sobre discussão, tiros e morte do filho em Atafona

Rosângela ontem, no enterro do filho Douglas, à esquerda (reprodução e foto de Antonio Cruz)
Rosângela ontem, no enterro do filho Douglas, à esquerda (reprodução e foto de Antonio Cruz)

 

O blogueiro falou agora há pouco, por telefone, com Rosângela Moura, mãe de Douglas Moura Monteiro, baleado e morto aos 17 anos, no último sábado, em Atafona, pelo agente penitenciário Daniel Menezes Pinheiro. Ela falou da enfermaria do Hospital Ferreira Machado (HFM), onde acompanha o marido, Alessandro Pessanha Monteiro, e o cunhado, Marcos Antônio Pessanha Monteiro,  que também foram baleados na confusão.

O pai de Douglas ainda tem a bala alojada no lado direito das costelas, enquanto em Marcos Antônio, atingido no lado esquerdo da mesma região, o projétil vazou. Ambos estão com drenos, que só devem ser retirados na próxima quarta-feira, sendo que Alessandro ainda espera avaliação de um cirurgião toráxico para saber se ficará com a bala no corpo, ou se passará por uma cirurgia para extraí-la. A conselho dos médicos e da assistente social do HFM, ele ainda não sabe que o filho morreu, notícia que poderia agitá-lo e acabar tirando o dreno.

Rosângela presenciou toda a confusão e revelou ao blog a sua versão. Segundo ela, um amigo da família, que soube identificar apenas como Pablo, comprou um jet-ski e depois de receber a habilitação para conduzi-lo, passou na casa da família amiga no sábado, que fazia um churrasco, convidando todos para assistí-lo estrear a embarcação na foz do rio Paraíba do Sul, em Atafona.

Chegando todos ao cais localizado nos fundos da Igreja Nossa Senhora da Penha, o agente Daniel estava tirando seu jet ski da água, mas teria demorado a fazê-lo. Pablo, então, se ofereceu para ajudar. Como o procedimento continuou demorando, Alessandro interviu e perguntou ao agente:

— Você vai demorar?

— Por quê? Está com muita pressa? — teria dito Daniel.

— Não estou com pressa não. Para mim, você pode enfiar seu jet ski no (…) — repondeu Alessandro, segundo sua esposa.

— Você disse o quê? — indagou Daniel, enquanto tirava do seu jet ski algo enrolado num pano.

— Disse que você pode enfiar seu jet ski no (…) — teria reafirmado Alessandro.

A partir daí, segundo Rosângela, o agente desenrolou o pano, tirou dele sua arma (uma pistola Taurus, modelo PT, calibre 380) e deu o primeiro tiro, que acertou Alessandro. Vendo o pai tombar com o disparo, Douglas, que já estaria indo embora, depois de iniciada a discussão, saltou da garupa da moto de um amigo, se dirigiu ao agente e acertou-lhe um soco. Sem cair com o golpe, Daniel teria dado um tiro à queima roupa no peito de Douglas, acertando outro depois no abdômen do rapaz.

No meio da confusão, para dispersar as pessoas, o agente teria ainda efetuado vários disparos, para cima e para o chão. Num deles, Marcos Antônio também acabou atingido. No meio da correria, Daniel teria aproveitado para tentar sair com seu carro do local. Pablo ainda tentou impedir a fuga, atravessando seu carro na saída, mas foi abrigado a tirá-lo, depois que o agente teria apontado a arma para seu rosto, mandando que lhe desse passagem.

Depois de fugir do local, Daniel acabaria interceptado pela PM.

Agente penitenciário preso foi transferido para Bangu

Depois da repercussão nacional que o caso atingiu, após ser noticiado pelo “Fantástico” de ontem, o agente penitenciário Daniel Menezes Pinheiro foi transferido hoje da Casa de Custódia de Campos para o complexo penitenciário de Bangu, na cidade do Rio de Janeiro. Ele foi preso em flagrante no último sábado, após uma discussão por conta de jet skis, atrás da Igreja Nossa Senhora da Penha, em Atafona, onde matou a tiros Douglas de Moura Monteiro, de apenas 17 anos, além de ter baleado também o pai e o tio deste, respectivamente Alessandro e Marcos Antônio Pessanha Monteiro.

Lavrado em Campos, no esquema de plantão da Polícia Civil nos fins de semana, o inquérito foi remetido há poucas horas para a delegacia de origem, em São João da Barra, na 145ª DP, cujo delegado titular é Carlos Alberto Andrade. A contar de ontem, ele tem prazo de 10 dias para fechar o inquérito e remetê-lo ao Ministério Público sanjoanense, a quem caberá ou não oferecer denúncia.

As duas metades de um canalha

Numa metade, um “erudito” que identifica filme de Terrence Malick como de Clint Eastwood, ou atribui um conhecido livro de George Orwell a Orson Welles. Na outra, um recalcado capaz de se sentir mal quando alguém deseja o bem, disposto a polemizar em cima de solidariedade manifesta, questionador do altruísmo alheio pela incapacidade do sentimento e fixação patológica por quem o sente.

Juntando as duas metades, o que se tem? Simples: um canalha completo!