Com mais de 80% da posse de bola durante o jogo, mas ainda assim com as duas melhores chances de gol produzidas pelo Irã, a Argentina só se salvou hoje de um vexame do Mineirão por conta de um único lance de gênio. Mesmo sem jogar bem, como todo seu time, aos 46 do segundo tempo, Lionel Messi fez o que sempre faz: cortou o marcador da direita para a esquerda, soltou sua canhota e decidiu a partida, num chute em diagonal e curva precisas de fora da área.
Se todos sabem que Messi só corta para a esquerda, é conhecimento tão inútil quanto foi para os marcadores de Garrincha (Bicampeão em 1958 e 62, além de 66) saber que só poderiam ser driblados pela direita de quem os transformaria sem dó em “João”. A diferença é que, como sempre foi com o ponta do Botafogo e da Seleção Brasileira, o argentino tem sido pela sua seleção, pelos menos nos dois jogos desta Copa, tão decisivo quanto sempre foi jogando pela Barcelona, ou talvez ainda mais, considerada a última temporada não tão brilhante do clube catalão. No Brasil, depois de ter definido a vitória de 2 a 1 sobre a Bósnia (relembre aqui), Messi garantiu agora há pouco contra o Irã não só o jogo, mas a classificação da Argentina às oitavas de final.
Certo de que o técnico Alejandro Sabella tem muitas coisas a acertar para ver confirmado na prática do campo o favoritismo argentino creditado por todos os teóricos do planeta. Já com a Copa iniciada, foi mais uma vez visível a inconsistência coletiva entre tantos talentos individuais do meio para frente, sempre aberta ao sustos pela mediocridade dos jogadores de defesa, com exceção do goleiro Romero, cuja boa atuação hoje foi igualmente decisiva em pelo menos três defesas salvadoras.
Mas independente do destino coletivo dos hermanos no Brasil, bem como das eleições individuais da Fifa, seja atuando por clube ou seleção, ninguém mais tem o direito de duvidar: desde que o francês Zinedine Zidane se aposentou na Copa de 2006, o maior gênio do futebol mundial ainda é Lionel Messi.