Ilíadas nos campos da Copa

No salto mortal, Klose comemorou o gol em seu primeiro toque na bola, que empatou o jogo para a Alemanha e igualou seu atacante a Ronaldo como o maior artilheiro de todas as Copas (foto: Reuters)
No salto mortal, Klose comemorou o gol em seu primeiro toque na bola, que empatou o jogo para a Alemanha e igualou o recorde de Ronaldo como maior artilheiro de todas as Copas (foto: Reuters)

 

Tecnicamente, esta Copa teve até aqui três grandes jogos: o Espanha 1 x 5 Holanda (dia 13), o Inglaterra 1 x  2 Itália (14) e o Alemanha 4 x 0  Portugal (16), todos na primeira rodada.

Encerrada hoje a segunda rodada, tivemos nela os dois jogos mais épicos do Mundial: o Uruguai 2 x 1 Inglaterra (16) e o Alemanha 2 x 2 Gana de ontem.

Por jogo técnico, entenda-se aquele definido na qualidade de um time, na habilidade de seus jogadores.

Por épico, aquele de maior dramaticidade, onde as chuteiras parecem ser estar amarradas não com cadarços, mas às veias das pernas de cada jogador, como heróis clássicos a compor uma Ilíada.

Sobre Uruguai e Inglaterra, no qual o artilheiro Luisito Suárez saiu de uma astroscopia no joelho, há menos de um mês, para resgatar com dois gols a mística da Celeste, já escrevi aqui.

Ontem, foi o dia de uma Alemanha favorita na teoria e no campo encontrar uma igual na Gana, melhor seleção africana nesta Copa.

Após um primeiro tempo disputado, mas sem gols, Mario Götze completou de cabeça um cruzamento da direita para abrir o placar e a expectativa por outra goleada alemã.

Ledo engano!

Para provar a igualdade entre aqueles homens de pele pálida e retinta em busca da mesma glória, foi também no arremate preciso de um cruzamento pela direita que Andre Ayew empatou o jogo.

De igual para igual, os ganeses provaram que poderiam ser superiores, depois que Philipp Lahm perdeu a bola no meio e Asamoah Gyan recebeu um passe em profundidade para entrar na área, tocando na saída de Manuel Neuer.

Quando tudo parecia perdido, no fracasso de mais um favorito, os alemães foram buscar suas esperanças no banco de reservas. Seu craque Bastian Schweinsteiger e seu veterano atacante Miroslav Klose entraram em campo.

Na primeira jogada de Schweinsteiger, uma trama pela esquerda do ataque germânico gerou um escanteio.

Cobrado, após um desvio no primeiro pau, Klose aproveitou a oportunidade para completar de pé direito e se tornar o maior artilheiro de todas as Copas, com 15 gols, igualando o recorde do brasileiro Ronaldo.

Na celebração daquele homem maduro de 36 anos, o salto mortal do moleque que acabara de conquistar a imortalidade nos campos.

Homens brancos e negros iguais no placar, no talento, na entrega, na glória vermelha de sangue não derramado dos irmãos Boateng, Jérôme da Alemanha e Kevin-Prince de Gana, filhos da África como todos os homens.

 

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Este post tem um comentário

  1. sandra santos

    Alegre como uma criança.

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