Crítica de cinema — Uma animação que não decepciona

De olhos bem abertos

 

cada um na sua casa

 

Mateusinho 3Cada Um Na Sua Casa — Esta é a  nova aposta dos estudos Dreamworks, realizadores dos mega sucessos “Shrek” e “Madagascar”. Sob a direção de Tim Johnson (que já dirigira “FormiguinhaZ” e “Os Sem Floresta”) o longa narra  a amizade entre dois “marginais”: um extratrerrestre meio desastrado e uma garota pré-adolescente. Como costuma acontecer neste tipo de relatos, aquilo que começa com uma relação de mutua desconfiança irá se tornando uma enorme amizade. Obrigados a percorrer um trajeto juntos ao redor da Terra, este road movie infantil coloca o foco nas diferenças culturais entre a espécie humana e a alienígena; em quanto podem ser diferentes as coisas quando são olhadas através de outra perspectiva e em como, ao aprender dos outros, podemos perceber aquelas coisas que antes não enxergávamos.

Além da amizade entre os protagonistas, o filme  possui um  humor que pode chegar a agradar mais aos adultos do que às crianças, mas os  momentos de ação e de comédia atrapalhada certamente na desapontarão os baixinhos. Tem também aqueles inevitáveis momentos  “tristes”, presentes em quase todos os filmes infantis, destinados a que as crianças entendam que na vida há obstáculos a ser superados para poder chegar a um final feliz, embora neste caso seja um final bastante previsível.

O filme é estridente, colorido e com uma direção de arte que resultará  muito atrativa para as crianças. Não entrará na lista dos longas de animação que marcaram uma época, como foram “Toy Story” ou “Shrek”,  mas garantirá uma hora e meia de entretenimento para seus filhos.

Falando de “Toy Story”: este ano fazem duas décadas que foi estreado o primeiro filme da Pixar, o qual seria também o primeiro longa de animação computadorizada, ou, como é conhecido em inglês, em CGI (Computer-Generated Imagery). A Pixar reinaria solitária como a produtora deste tipo de filmes por alguns anos, até que, em 1998, a Dreamworks (fundada por Steven Spielberg) lança “Formiguinhaz” — embora o estudo só ficaria a par da Pixar a partir de 2001, ano em que estréia “Shrek”.

Depois viriam as companhias Blue Sky (“A Era do Gelo”, 2002), a mesmíssima Disney (“Chicken Little”, 2005), Sony (“Está Chovendo Hambúrguer”, 2009), e muitas outras a concorrer no lucrativo segmento dos filmes infantis.

Revisando este breve resumo de filmes animados digitalmente, se percebe que a qualidade dos mesmos, tanto na técnica quando (e especialmente) nos roteiros, possuem uma média tão alta que dificilmente se encontre em outros gêneros cinematográficos. Nem sequer a animação convencional produziu tantos filmes bons de forma tão hegemônica. Pareceria ser que com a nova tecnologia apareceu também uma nova leva de diretores e roteiristas que vieram renovar não somente o cinema infantil, mas a sétima arte como um todo.

Ironicamente, este crítico lembra de uma oficina de animação que fez em Buenos Aires, lá no ano de 1992, onde o professor que ministrava a aula, uma eminência local, vaticinava que os gráficos animados por computador nunca iriam se equiparar aos desenhos tradicionais, realizados ‘na mão’, por ter aqueles a frieza e a dureza plástica do digital. Tinha razão, involuntariamente: não se igualariam. Viriam a ser superior a tudo que foi feito no cinema até o momento.

 

Mateusinho viu

 

Publicado ontem na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme:

 

 

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