Por Wilson Diniz e Ranulfo Vidigal(*)
Malala Yousafzai ganhou o Prêmio Nobel depois que protagonizou a frase: “Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”. Derek Bok, reitor da Universidade de Harvard disse: “O governante que diz que não tem dinheiro para a educação não sabe o preço da ignorância”.
A política venezuelana de Maduro implantada pela atual governante de Campos junto com o seu marido, o secretário de Governo, poderia ser mudada se fosse inspirada nas frases de Malala e de Derek Bok.
Analisando o Índice de Progresso Social (IPS) publicado pela Universidade de Harvard, assinado pelo professor Michael Porter, a cidade campista não tem nenhuma variável das 52 elencadas no estudo que mostra a matriz de políticas desenvolvimentistas de um país, estado ou cidade.
O acesso ao conhecimento básico, à informação e a comunicação são os vetores que o governo de Campos deveria priorizar como: taxa de matrícula na educação primária, a internet e assinatura de banda larga implantada nas escolas.
Nas escolas americanas da rede pública, a utilização das tecnologias no ensino fundamental tem sido preocupação dos governos dos estados e dos municípios. As crianças têm direito ao um pacote de benefício desde minicomputador ao ticket alimentação e seguro contra bullying.
A educação do ensino fundamental é a base para que uma nação resgate a população mais pobre para colocá-la no mercado de trabalho formal em igualdade social competitiva com os mais ricos que estudaram em escolas privadas na sua formação básica e depois concluíram o ensino superior nas universidades de boa qualidade do governo.
A governante de Campos comete “holocausto educacional” no ensino básico ao ofertar um modelo educacional de baixa qualidade com escolas sucateadas e sem infraestrutura básica. Campos não tem escolas em horário integral, os professores não são reciclados com cursos de suas áreas a cada ano letivo, as escolas não têm sistemas de internet e as crianças não tem um notebook de R$ 500 porque a educação não é prioridade no município.
Comparando Campos com Niterói e a cidade de Santos em São Paulo, a fotografia dos indicadores da Educação é discrepante. Vejamos as colunas abaixo:
Na coluna (1) a fotografia do ‘holocausto educacional’ em Campos comprova a tese que a governante da cidade que está de plantão há seis anos junto com o secretário de governo, não prioriza a Educação. Niterói ocupa a sétima posição no ranking com receita corrente de R$ 7,2 bilhões e Santos é sexto lugar com receita de R$ 9,4 bilhões, enquanto a cidade campista teve de receita acumulada nos últimos cincos anos (2009 a 2013) R$ 11,971 bilhões. Portanto, comparando com Niterói, a diferença de receita chega a R$ 4.77 bilhões e mesmo assim, os indicadores de desempenho de Campos são decepcionantes comparáveis as duas cidades. É inimaginável como uma governante com o caixa cheio de dinheiro deixar a Educação chegar ao estado que está no ranking número 1.445º entre os 5.565 municípios do país.
Observando as colunas 2 e 3, o IDH é mais discrepante, e pior, o IDH Geral, coluna 3 é superestimado, pois o PIB de Campos é falso, cerca de 70% é extraído do mar e reportado para as matrizes das empresas fora da cidade. Traduzindo em linguagem mais simples, os empregos gerados em Campos são oriundos da empregabilidade da Prefeitura e do comércio local, e a renda per capita não pode ser incluída no calculo do IDH sem expurgar a renda remetida do mar para fora da cidade. Recalculando, o IDH de Campos é igual ao de cidades dos grotões do Maranhão.
Na coluna 4, a população com mais de 18 anos que terminaram as primeiras séries do ensino fundamental, o índice é alarmante: só 70% concluíram o ciclo escolar considerado de baixa qualidade em decorrência dos baixos indicadores do Ideb.
O “holocausto educacional” implantado em Campos é comprovado quando entramos no quadro das despesas correntes por função. A prefeita em cinco anos gastou na Educação do ensino básico, apenas R$ 1,555 bilhão, representando 14% em média das despesas correntes.
Comparando com os gastos da administração, onde são alocados contratos com terceirizados e com empresas prestadoras de serviço, o quadro é vergonhoso e irresponsável, condenando uma população de adolescente a não ter oportunidade a uma vaga no mercado futuro de trabalho. A conta administração chega a ser o dobro do que é gasto na Educação. Foram gastos R$ 2.986 bilhões neste período de governo do modelo venezuelano dos Garotinhos.
Outras contas chamam a atenção, como o gasto com cultura que chaga a R$ 124 milhões, uma média de R$ 20 milhões por ano. Com este dinheiro daria para montar várias oficinas de teatro e de cinema para a população. Pergunta-se: para onde foi este dinheiro?
Na conta transporte, outro valor jogado na lata do lixo. São R$ 250 milhões que financiam o sistema de transporte com o programa Passagem a R$ 1,00.
Nos encargos especiais, despesas com dívidas, o valor é alarmante para um município que tem receitas de R$ 2.4 bilhões por ano em média e que está endividado.
Na conta assistência social, foram gastos outros R$ 334 milhões em programas de distribuir esmolas.
Com despesas judiciais, o valor gasto é de R$ 50 milhões em processos jurídicos e com advogados sem considerar R$ 14 milhões pagos no primeiro semestre de 2014 em época de eleição para governo do Estado.
Na conta de obras — urbanismo, habitação, saneamento e gestão ambiental — o valor é escandaloso. Em cinco anos foram gastos R$ 2.591 bilhões e na Saúde outros R$ 2.844 bilhões.
Com uma série de denúncias em cadeia ocorrida nos últimos dias, como no caso da perda de mais de R$ 110 milhões em títulos no mercado de capitais, a situação da prefeita é muito delicada no campo judicial, depois que o vereador Marcão do PT foi a plenário informar sobre o relatório que mostra o desfalque no caixa da Prefeitura decorrente da perda nas aplicações em títulos públicos.
As denúncias não param por aí, compras sem licitação na área da Educação traduzem o quadro de desmando que se encontra a gestão venezuelana implantada em Campos.
O casal que administra o município poderia ir a Niterói e Santos visitar os prefeitos e as escolas para tentar se sensibilizar e entender como se governa.
A prefeita e o secretário de Governo não sabem diferenciar entre crescimento da economia e desenvolvimento econômico. Tampouco têm políticas estruturantes de médio e longo prazo para benefício de todas as classes sociais, baseadas em vetores da produtividade, começando pelo investimento em educação.
Eles preferem políticas populistas de cunho assistencialista que deixa a população adormecendo em colchões de aparato sociais como o “Cheque cidadão” esperando a morte chegar. Campos está em concordata até 2016.
(*) Economistas e analistas políticos
Publicado hoje na Folha da Manhã
Eles não são educados ,como podem ter a Educação como prioridade?
Fazer política com o dinheiro do povo, que paga impostos.Populismo barato.
E além disso,não interessa a eles um povo culto e/ou educado
Vidigal vc é um dos meus.
Se o campista não mudar a mentalidade e continuar mantendo este tipo de político de baixo nível, nada poderá melhorar. É evidente que ao “Sistema” não interessa “mudar” a questão da Educação. Povo educado não vota em boçal!
Tá querendo se promover hein Ranulfo? Wuanta incoerência!
Bruno
*Quanta
Cada povo têm o governo que merece, seja ele culto ou leigo…
Artigo muito bom. Expõem, em dados reais, as vísceras desse governo ridículo e farsante. Alias, como disseram os autores, nunca houve políticas estruturantes na Prefeitura: basta ver o nipe dos secretários-pelegos e demais subservientes que sugam o erário. Não existem politicas públicas e nem mesmo projetos dignos, o que submete a população aos desmandos de uma trupe de capachos e de seu general tresloucado. Em todos os campos essa gente só apaga incêndio, sem interesse de atender a população nas suas reais necessidades. Exemplo? A saúde nota zero, a educação ridícula, as obras malfeitas, os programas sociais baratos e eleitoreiros, a administração sucateada… É isso que o povo quer? Acho que não… Mas por enquanto, é o que merece.