Política & Polícia
Desde o período pré-eleitoral, esta coluna se converteu num resumo entre opinião e noticiário dos fatos políticos do dia. E com a ação desassombrada do Ministério Público Eleitoral (MPE), da Justiça Eleitoral e da Polícia Federal (PF) — cujas consequências irão além das urnas de 2 e, ao que parece, 30 de outubro —, a política goitacá se viu mais uma vez misturada com decisões judiciais e inquéritos policiais. Nesta seara, tivemos ainda ontem (aqui) outra apreensão da PF e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE): R$ 138 mil numa casa e num carro dentro de um condomínio de luxo, junto material de campanha de um candidato governista a vereador.
Os seis
Muito embora nada indique que os abusos eleitorais respeitarão o dia da eleição, resta ficar na torcida para que nada corrompa (ainda mais) seu direito intransferível de escolher quem vai governar sua cidade, da sua família, vizinhos, colegas de trabalho, amigos e conhecidos a partir de 1º de janeiro de 2017. E são seis os candidatos que se dispõem a isso. Pela ordem decrescente das intenções de voto nas últimas pesquisas (aqui), são eles: Rafael Diniz (PPS), Dr. Chicão (PR), Caio Vianna (PDT), Nildo Cardoso (DEM), Geraldo Pudim (PMDB) e Rogério Matoso (PPL).
Rafael
Rafael talvez tenha sido, entre todos, o de pré-campanha mais fraca. Junto do seu PPS, só conseguiu o apoio de duas legendas pequenas: Rede Sustentabilidade de PV. Mas ao se manter vivo até a convenção, transformou a aparente fraqueza em sua maior força, com uma campanha curta, mas muito bem bolada, na TV e, sobretudo, nas redes sociais, onde talvez ganhasse o pleito em turno único. Do mundo virtual ao real, após patinar nas pesquisas entre junho e agosto, sua campanha se transformou em setembro numa onda espraiada muito além da “pedra”. Orador articulado, empolga pelo emocional, no qual às vezes se excede.
Chicão
Como esta coluna ressaltou diversas vezes, por sua simpatia pessoal e bom desempenho nas pesquisas pré-convenção, Dr. Chicão sempre foi o governista mais viável à sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR). Se alguns, até entre os rosáceos, questionam sua capacidade, deveriam perguntar qual outro nome chegaria tão rápido nas intenções de voto aos 33% dos mesmos eleitores que desejam a continuação do governo. Orador sem brilho e forçado a atacar, sendo atacado de todo lado, sua participação nos debates não foi boa. Homem digno e médico conceituado, pode pedir voto a qualquer um, sem ter que pedir desculpas a ninguém.
Caio
Caio começou bem, não só nas pesquisas que chegou a liderar em junho, como pela brilhante pré-campanha. Tirou o PEN do pai e ex-prefeito Arnaldo Vianna (PMDB), trouxe para compor sua chapa o vereador Gil Vianna (PSB), que seria o vice de Rafael, e manteve o PSB numa queda de braço contra Anthony Garotinho (PR). Mas, sem o apoio de Arnaldo, que ficou com Pudim, Caio estagnou nas pesquisas. Com sua inflexão ensaiada, foi bem no debate da InterTV, mas ainda pesa sobre ele a suspeita de ser o “Cavalo de Tróia” do garotismo, levantada por Pudim. Se houver segundo turno, estando ou não nele, definirá seu futuro.
Nildo
Nildo é um dos políticos mais experientes de Campos. Apesar do jeito às vezes assertivo de liderança tradicional da Baixada, conhece todos os caminhos que levam o eleitor à urna. Batalhou em sua pré-campanha, sendo descartado pelo PMDB para conquistar a candidatura pelo DEM, na qual trabalha para superar Pudim e, se der, Caio. Tem consciência que sua votação a prefeito é fundamental para puxar votos também para o filho, José Leandro Cardoso (DEM), candidato a vereador. Assumiu o compromisso com a oposição no segundo turno.
Pudim
Nos debates, Pudim mostrou que talvez seja o candidato com mais conhecimento técnico da Prefeitura de Campos. Todavia, o apoio de Arnaldo, no lugar de agregar a popularidade do ex-prefeito, acabou se prestando ao consumo desta, fruto do repúdio natural da população a um pai contra o próprio filho. Garotista desde a gênese do grupo, ainda nos anos 1980, é hoje crítico mais feroz da “parentocracia” na qual os antigos aliados querem transformar a política de Campos e região. É o mais firme no compromisso com a oposição num eventual segundo turno.
Matoso
Ex-vereador, Matoso não conseguiu encarnar a opção jovem da mudança, que os eleitores identificaram em Rafael e Caio. Batalhador, perdeu a vaga do PMB, mas conseguiu não só se candidatar pelo PPL, como tirar o PC do B de aliança com o PT e ainda pegar o Pros de Caio. Foi nos debates, sobretudo da InterTV, o mais contundente contra os governistas, quando se dirigiu ao líder do grupo pela tela da Globo: “Desafio o coronel Garotinho para um debate em sua rádio, mas olho a olho, como homem” . Para o riso dos ouvintes, o desafiado bravateou no dia seguinte, à distância segura do microfone da sua rádio, ontem mais uma vez tirada do ar (aqui) pela Justiça: “Não temo homem nenhum. Não sou covarde”.
O destino é você
Paixões à parte — e desde que os gregos inventaram antes de Cristo a democracia, não há política sem paixão —, quem quiser encontrar virtudes nos seis candidatos, certamente as achará. Assim como os defeitos que todos temos e nos diferenciam por quanto cada um deles é capaz de nos fazer descer moralmente. Com seus currículos merecedores de respeito tanto por eleitores, quanto por opositores, temos seis homens e um destino: você, leitor, hoje, na urna. A escolha é só sua!
Publicado hoje (02) na Folha da Manhã
excelente resumo! parabéns!
As urnas mostraram que eleições se ganha nas urnas!!!!