Vanessa Henriques — Anitta, Gilmar e “otras cositas más”

 

 

 

Difícil é acompanhar os debates que se desenrolam todos os dias nas redes sociais.

Eu simplesmente não consigo. À medida que vou rolando o feed do facebook, uma enxurrada de notícias que me parecem relevantes vão agrupando-se em forma de abas no meu navegador. Acabo ficando com a navegação lenta, a máquina trava e perco o amontoado de informações interessantes e úteis que tinha separado para ler. Sem contar as notícias salvas para ler mais tarde, para um dia em que entrarei novamente no “face” e terei muito tempo livre para ler os conteúdos dos links que já estarão ultrapassados por novas notícias. Preciso dizer que esse dia nunca chegou?

 

Itamaraty exonera diplomata acusado de bater em namorada

 

Verifique aqui se a sua marca de roupa favorita combate a escravidão

 

Universidades não têm diagnóstico da saúde mental de seus alunos de pós

 

Em meio à greve e protestos, Congresso argentino aprova reforma da Previdência

 

Às vezes me pergunto brincando se há espaço no meu cérebro para armazenar tanta coisa. Será melhor saber um pouquinho sobre tudo ou saber muito sobre poucos assuntos? A internet me empurra para o primeiro caminho; a Universidade, para o segundo.

Também fico meio perdida entre discussões sobre uva passas, bunda da Anitta, habeas corpus do Gilmar Mendes e especial de fim de ano do Roberto Carlos. Mesmo que esses temas não sejam exatamente novos e que o interesse por eles despertado seja renovado de tempos em tempos, parece que há sempre algo novo a ser dito, sempre um viés do debate que esteja escapando a todos e que precisa ser adicionado à discussão pública com urgência.

 

Alerj garante autonomia financeira para universidades estaduais

 

Você fica deprê nas festas de fim de ano? Você talvez seja normal

 

Supermercado de SP distribui ‘cartilha da família’ que diz que gays são ‘erro’ e ‘distorção da criação’

 

Como é se aposentar no Chile, o 1º país a privatizar sua Previdência

 

Em tempos de tanta convicção sobre todas as coisas, me parece um ato de coragem dizer “não sei”, ou “ainda não estudei o suficiente para opinar sobre este assunto”. Ou, talvez, venha a calhar um “não tenho interesse sobre esse tema”. Além disso, diante de tantas questões de extrema importância que precisamos dominar como condição para o bom exercício da cidadania, ainda é preciso saber diferenciar as notícias falsas das verdadeiras, quais são os portais confiáveis e aqueles que são conhecidos por não trazer informações tão acuradas assim.

 

The Disarming Paintings Made by Guantánamo Detainees

 

“Promotor diz que vai pedir pena de 6 a 20 anos para cunhado de Ana Hickmann”

 

“Por que os argentinos foram às ruas gritando “isso aqui não é o Brasil””

 

Vários portais reproduziram a notícia de que na Argentina a população que protestava nas ruas contra a “Reforma da Previdência” gritava “Isso aqui não é o Brasil”. Num segundo ato, várias personalidades influentes nas redes começaram a questionar este fato, afirmando que a informação se tratava de um “hoax”. Por sua vez, a notícia do cunhado da Ana Hickmann, indiciado por homicídio mesmo que este tenha sido praticado em legítima defesa, suscitou protestos irados nas redes por pessoas que afirmam que o caso se trata de uma grande injustiça, e que, dentre outros clichês, “esse país só defende bandido”. Eis que então surgem juristas para questionar o título da matéria, alertando que não é o promotor que “pede” uma dada pena ao acusado, mas é o Código Penal que estipula a pena, e é o juiz que pode fazer o cálculo da pena, a partir dessa estipulação legal. Além disso, via de regra, as pessoas que agem em legítima defesa são processadas criminalmente e é somente no curso de uma ação penal que um juiz poderia avaliar as provas e ouvir as testemunhas para decidir se a pessoa merece ser absolvida ou não.

Outra questão que gerou opiniões contraditórias foi a celeridade com que tramitou o processo do ex-presidente Lula no TRF4. Alguns afirmaram que o tempo foi recorde devido a intenções políticas dos magistrados. Outros afirmaram, com a mesma convicção, que a maior parte dos processos que por lá passou neste ano que se finda correu com rapidez similar. Por fim, não sei qual dos dois lados afirma a verdade, pois não acessei na íntegra a resposta do Tribunal à defesa do Lula, não tive tempo para apurar os fatos e tampouco consegui ler todo o processo. O que me espanta são as certezas que pululam de todos os cantos, mesmo que careçam de uma pesquisa mais aprofundada sobre o tema. E com a rapidez que se criam e se reproduzem informações falsas, todo cuidado é pouco na hora de fazer afirmações categóricas.

Encerro minha participação deste ano no blog Opiniões expressando o desejo de que em 2018 a nossa participação nas redes possa ser mais cuidadosa e menos apressada. Que passemos menos tempo de olho no celular e no computador e possamos arejar a mente junto a pessoas queridas, banhos de mar relaxantes e umas cervejinhas para variar.

A participação neste blog que agrega em si mesmo uma miríade de opiniões que ora convergem, ora se contrapõem, alargou minha visão sobre os fatos e os modos como as pessoas interpretam o mundo e as coisas com as quais interagimos. Parabenizo ao Aluysio pelo belo trabalho ao organizar essas opiniões e mediar os debates, deixando aberto à população um espaço plural que promove o aprendizado de todos que se propõem a debater.

Um Feliz Natal e que o próximo ano seja melhor do que este que se encerra.

 

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Este post tem 2 comentários

  1. Dídimo Ribeiro Gomes.

    Parabéns,você é ótima.É prazeroso ler você. Feliz Natal.

  2. Aluysio Abreu Barbosa

    Cara Vanessa,

    No agradecimento por sua generosidade com a parte que me cabe neste nosso esforço coletivo, desejo a vc e aos seus, como aos demais colaboradores e leitores deste blog, um natal de paz e um ano novo de realizações. Isto posto, endosso o Dídimo: “É prazeroso ler vc”.

    Abç afetuoso!

    Aluysio

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