Antes do começo, o início de tudo…
Por Péris Ribeiro(*)
De repente me vem uma história, da qual ainda guardo os detalhes. É que, bom aluno que era do curso científico do Liceu de Humanidades de Campos, o adolescente Aluysio Cardoso Barbosa vivia sendo pressionado a seguir em breve para o Rio de Janeiro. Ainda mais que só lá, na então capital da República, é que se traçaria a geometria do seu futuro — para todos os efeitos, promissor.
Poderia ele, muito bem, se tornar um advogado de renome. Talvez, um grande engenheiro. Quem sabe, médico, arquiteto… Porém, o que bem poucos pareciam atentar por ali, era para os prazeres daquele adolescente de olhar sempre observador. Enfim, para o mundo que o atraía. Logo ele, que começara a dar os primeiros passos rumo à fase dourada da juventude.
Apaixonado por futebol, Aluysio já fora, àquela altura, campeão juvenil de Campos com o time do Clube Esportivo Rio Branco, onde se destacava no meio-de-campo. Também já vira o Fluminense, do qual era frenético torcedor, se sagrar campeão carioca em 1951, com os campistas Didi e Pinheiro brilhando intensamente. E não perdia as corridas do Hipódromo da Gávea, no Rio, pois o turfe era outra grande paixão sua.
Foi o turfe, por sinal, que acabou por aproximá-lo do jornalismo — sua maior vocação e paixão definitiva. O mais incrível é que, o convite para escrever sobre “corridas de cavalo”, surgiu assim meio ao acaso. Feito pelo próprio Hervé Salgado Rodrigues, turfista e dono de A Notícia — à época, jornal mais popular da cidade. Foi suficiente para que o experiente dr. Hervé farejasse o admirável jornalista que surgiria pouco depois.
Dono de um estilo que primava pela técnica e pelo texto exato, enxuto, Aluysio dizia sempre que admirava os que possuíam o estilo bonito, filigranado, “que sabiam bem como fantasiar as palavras”. Porém, confessava, este não era o seu jeito. Por isso preferia os repórteres que lhe traziam a matéria “feijão com arroz. Simples. Só que sempre bem apurada. Intensa!”
Editor-geral de A Notícia em pouco tempo e, quatro anos depois, já figurando como respeitado repórter especial do Jornal do Brasil — então, o maior do país —, eis que um sonho, uma obsessão pareceu dominá-lo. E Aluysio cedeu de vez a ela, garantindo a si mesmo que daria a Campos um jornal moderno e ousado, que fosse um dos maiores do interior do Brasil.
A meta, enfim, foi cumprida. O sonho/obsessão virou realidade. E, mesmo com todos os prêmios recebidos, o mais importante talvez Aluysio recusasse. Discreto, apontaria outros que julgasse mais merecedores. Com seu característico jeito meio sem-jeito, não concordaria em ser apontado como o mais importante personagem da história recente do jornalismo campista.
Porém, eis que são os vitoriosos 40 anos da Folha que dizem isso.
E aí, como duvidar?
(*) Jornalista, escritor e amigo de infância de Aluysio Cardoso Barbosa
Publicado hoje (07) na Folha da Manhã
Grande Perinho!!! Com orgulho fomos colegas no curso de Jornalismo!
Mais um goal de folha seca do Péris Ribeiro. Goleador nato. Parabéns