Ibope: Haddad a 10 pontos de Bolsonaro
No último sábado (29), esta coluna havia registrado seu estranhamento com a diferença nos números entre três pesquisas presidenciais divulgadas no correr da semana. Ibope e Datafolha deram seis pontos de vantagem ao líder Jair Bolsonaro (PSL) sobre o segundo colocado Fernando Haddad (PT). Enquanto o instituto Paraná registou em 11 pontos a diferença entre os dois candidatos. Pois ontem, a apenas seis dias das urnas, a nova consulta divulgada pelo Ibope se aproximou da Paraná: Bolsonaro teve crescimento real de quatro pontos, foi de 27% a 31% e abriu 10 de vantagem sobre Haddad, que patinou nos mesmos 21% anteriores.
Capitão apanha e cresce
A semana passada terminou aparentemente desfavorável a Bolsonaro. Ainda no sábado, mulheres tomaram ruas e praças de várias cidades do Brasil, incluindo Campos, no movimento “#elenão”. Manifestações ao seu favor também ocorreram, mas sem a mesma adesão. No domingo, a nova pesquisa CNT/MDA pôs o petista em empate técnico com o ex-capitão do Exército: 25,2% a 28,2%. Na manhã de ontem, a nova pesquisa BTG/FSB, que vinha dando os melhores índices de intenção de voto a Bolsonaro, registou sua oscilação para baixo (33% a 31%) e para cima de Haddad (23% a 24%). Mas à noite veio o contravapor com a nova Ibope.
PT: após os votos, a rejeição
As notícias ruins a Haddad não vieram só da sua estagnação e do crescimento de Bolsonaro nas intenções de voto. Se este é o índice que determinará o primeiro turno, naquele que definirá o segundo, o petista teve um revés ainda pior. Após aparecer na última Ibope, divulgada no dia 26, com 27% rejeição, ele cresceu nada menos que 11 pontos: agora são 38% os brasileiros que não votam de jeito nenhum no candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na margem de erro de dois pontos para mais ou menos, Haddad já está em empate técnico na rejeição com Bolsonaro, que manteve seus 42% anteriores.
Empate no segundo turno
Se a impressionante capacidade de transferência de votos de Lula a Haddad aparenta ter encontrado seu teto, a rejeição igualmente impressionante do ex-presidente parece estar agora apresentando sua fatura. Não por outro motivo, a simulação Ibope do segundo turno entre Bolsonaro e o candidato petista resultou em empate numérico: 42% a 42%. Segundo todas as pesquisas, não parece mais ser possível haver outro segundo turno. Na disputa do primeiro pelo Ibope, Ciro Gomes (PDT) permaneceu bem atrás na terceira posição, oscilando negativamente de 12% para 11%, enquanto Geraldo Alckmin manteve os 8% anteriores.
Competitividade talhada à faca
Ciro permanece como candidato potencialmente mais forte ao segundo turno. Se conseguisse passar Haddad para chegar lá, o cearense bateria Bolsonaro por 45% a 39%. Alckmin ficaria numericamente à frente do capitão no turno final, mas em empate técnico: 42% a 39%. Quinta colocada na corrida, Marina Silva (Rede) continua a sangrar. Ontem, oscilou negativamente de 6% para 4%. Mas caso chegasse ao segundo turno, ela perderia por 38% a 43% para Bolsonaro. Candidato inicialmente forte apenas no primeiro turno, ele se tornou competitivo também no segundo, após o episódio da facada em 6 de setembro, em Juiz de Fora.
Mais pesquisas
Também na noite de ontem, uma pesquisa RealTime Big Data/Record deu uma vantagem menor de Bolsonaro para Haddad nas intenções de voto: 29% a 24%, cinco pontos de diferença, metade da registrada pelo Ibope. Nesta reta final da eleição, as pesquisas serão diárias: O Datafolha divulga novas amanhã (02), na quinta (04) e no sábado (06); o Ibope, na quarta e no sábado (06); e o Paraná na sexta (05). Outros institutos menos cotados também divulgar novas consultas, incluindo o Vox Populi no sábado, véspera da eleição, quando deve voltar a produzir números favoráveis ao PT.
Voto feminino
O Vox Populi não é o único a subverter a ética para tentar interferir no pleito. Ontem, o juiz federal Sérgio Moro arriscou seu prestígio ao suspender, a seis dias das urnas, o sigilo sobre a delação do ex-ministro petista Antonio Palocci, com denúncias de corrupção contra Lula, Dilma Rousseff e José Dirceu. Por sua vez, como um Hamilton Mourão do PT, Dirceu declarou que “é preciso tirar todos os poderes do Supremo”. Enquanto isso, mesmo contestado pelas mulheres que foram democraticamente às ruas, Bolsonaro cresceu também no voto feminino, onde já liderava: de 18%, foi a 24%. Pelo Ibope, uma entre cada quatro brasileiras votará no capitão.
Publicado ontem (02) na Folha da Manhã