Sem denuncismo ou fake news: a Uenf merece o bom debate
Por Gilberto Gomes
As táticas que vem sendo adotadas por alguns integrantes da chapa 11 não são dignas de um processo eleitoral em uma universidade tão avançada como a Uenf, que deveria sempre zelar pelo diálogo e pelo respeito. Neste momento, deveríamos estar discutindo ideias propositivas para a garantia de uma universidade forte.
Faltam frentes de diálogo da chapa 11 com diversos setores da universidade e para frear o debate da chapa 10, nos últimos dias surgiram uma série de ataques infundados. A estratégia é fazer com que a chapa 10 perca tempo desmentindo boatos e acusações. Falharam. Apenas entregam o tipo de política que constroem: a política da boataria, da denúncia, do clickbait.
Os posicionamentos denuncistas e facciosos vão desde questionar o rendimento acadêmico de colegas professores, relativizar a importância da presença da professora Rosana Rodrigues como candidata a vice-reitora e até mesmo a publicação de matérias anônimas em sites locais reconhecidos amplamente pela prática de fake news.
Rendimento acadêmico, por exemplo, é uma das formas mais abusivas de exercer autoridade dentro de uma instituição de ensino. É assim que muitos professores, conhecidos nos corredores como “phdeuses”, se aproveitam para humilhar bolsistas e estudantes, por exemplo, como se um currículo Lattes fosse capaz de, por si só, garantir alguma qualidade docente.
Neste momento, é muito importante a atenção do eleitor. Faça suas escolhas baseadas estritamente no perfil dos candidatos e no debate de ideias. Não deem ouvidos aos ataques. Carlão é um profissional exemplar e referência nas mais diversas áreas. Tem competência e totais condições de dirigir a Uenf. Não necessita deste tipo de apelo tendencioso para alavancar sua candidatura.
Outro exemplo é a tentativa de ilustrar o professor Raúl como alguém “de direita” devido fotos com alguns políticos tradicionais. Risível. Raúl sempre deixou claro seus posicionamentos em defesa da educação, do estudante e contra o desmonte do ensino público. Ocupava um cargo institucional e isto exigia dele as mais variadas frentes de diálogo para garantir a ampla defesa da Uenf no estado do Rio de Janeiro.
Mesmo num cargo institucional, Raúl nunca negou uma reunião sequer com a representação estudantil, através da reitoria, mesmo que houvesse divergência. Sempre acolheu as demandas e as defendeu perante o governo. Assim, por exemplo, foi conquistado o histórico reajuste das bolsas, fruto de muita luta dos estudantes e diálogo com uma reitoria que, sob outras administrações, jamais recebia as representações estudantis.
Será mesmo que Carlão e companhia pretendem tocar uma reitoria conversando apenas com os companheiros dos partidos de esquerda? Se assim for, o isolamento será implacável com o destino da Uenf. Quem alerta para isto é um estudante, ativo no movimento estudantil e declaradamente filiado ao Partido dos Trabalhadores. Gostaria muito que o diálogo pudesse ser apenas com nossos aliados, com aqueles que entendem a importância da educação pública, gratuita e de qualidade. No entanto, eu mesmo fui um dos atacados pela chapa 11, pelo simples fato de ter exercido democraticamente a minha escolha por um candidato que não o deles.
Se coubesse a mim a postura de denúncia adotada pela chapa 11, poderia explorar diversas frentes, todas comprováveis, que poderiam estar colocadas desde o primeiro dia de campanha. É fato, por exemplo, que o vice da chapa 11 atuou na construção das novas normas de graduação, que possuem ampla rejeição entre o corpo estudantil. Isto sequer foi utilizado na campanha pelos estudantes que apoiam Raúl.
Optamos pelo diálogo, pela discussão das ideias.
Esperamos que assim esta última semana de eleições na Uenf. Com corações e mentes mais iluminados pelo bom senso, pela transparência do bom debate.
Transformar um momento tão importante num espaço onde permeiam fake news e ataques infundados somente favorece aos oportunistas do governo que aguardam ansiosamente por uma universidade dividida para aplicar seus pacotes de maldades.
Publicado hoje (14) na Folha da Manhã