Diretor da UFF Campos: eleição para reitor da Uenf e sua importância à educação

 

(Foto: Folha da Manhã)

 

 

Roberto Cezar Rosendo, diretor da UFF Campos

Eleição para reitor e a importância da Uenf ao desenvolvimento regional

Por Roberto Cezar Rosendo

 

A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) materializa-se no início dos anos 1990 como resultado, respectivamente, de um árduo desejo da população campista e da histórica confluência da expertise e genialidade de três grandes mestres, a saber: na Educação, o magnífico professor e antropólogo Darcy Ribeiro; na arquitetura, o imortal Oscar Niemeyer; e na política, o consagrado e emblemático governador Leonel de Moura Brizola.

Em suas trajetórias de vida, Darcy, Brizola e Niemeyer perceberam, desde cedo, que o investimento em educação pública, gratuita e de qualidade, associado ao permanente estimulo à produção científica e tecnológica, consistiam nos elementos fundamentais para que se produzisse no Brasil uma verdadeira revolução social e econômica pela Educação. Havia a expectativa de que uma revolução pela educação como concebiam, sobretudo, Darcy e Brizola, levaria o Brasil a um salto em seu desenvolvimento econômico e social “cach up”. Como antropólogo e educador, Darcy expressou em muitas de suas obras literárias que a maior riqueza do Brasil era o povo brasileiro. Portanto, investir no aprimoramento intelectual da nação, especialmente dos jovens, era a receita para tirar o país do atraso.

O projeto para revolucionar o país de Darcy, Brizola e Niemeyer inicia-se pela educação básica no estado do Rio de Janeiro, por meio da implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps).  A proposta era inusitada em todos os sentidos, desde a concepção arquitetônica de Niemeyer, que concebeu os Cieps por meio de estruturas de estilo moderno, que eram pré-moldadas construídas em escala industrial, passando pelo inovador modelo didático e pedagógico proposto por Darcy Ribeiro, que notabilizou os Cieps como “escolas de tempo integral”. No plano político, Brizola construiu 500 Cieps em seus dois governos no Estado do Rio de Janeiro (1983 a1987) e (1991 a 1994).

A estruturação do Campus da Uenf ocorre entre os anos de 1990 a 1993, e se dá como desdobramento da perspectiva que Darcy, Brizola e Niemeyer tinham da educação. No plano arquitetônico, a estrutura dos centros de pesquisa lança mão do projeto arquitetônico dos Cieps. No plano acadêmico e organizacional a Uenf é pensada por Darcy — na maturidade e experiência que adquiriu ao planejar a Universidade de Brasília (UNB) e ter contribuído com a implantação de várias universidades na América Latina —, como uma experiência revolucionária nos campos do ensino superior,  da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e da Ciência e Tecnologia (C&T).

Como a ênfase na educação superior pensada por Darcy Ribeiro para a Uenf era em P&D e C&T, a organização da universidade se dá por meio de laboratórios e não por departamentos. Neste sentido, a Uenf inicia suas atividades acadêmicas com cursos de pós-graduação nas diferentes áreas do conhecimento científico. Procura, então, atrair pesquisadores altamente qualificados, nacionais e estrangeiros, para compor os diferentes laboratórios e dar início aos programas de mestrado e doutorado.

Com laboratórios e cursos de pós-graduação já estruturados, somado a um corpo docente muito qualificado, logo sugiram os primeiros cursos de graduação na Uenf. A idiossincrasia da Uenf revela-se mais uma vez na concepção de educação que permeou sua construção histórica. Assim, a perspectiva de educação integral, de educação continuada e de uma sólida formação acadêmica e humana de Darcy, Brizola e Niemeyer deram frutos abundantes desde sua inauguração: a Uenf formou centenas de pesquisadores em seus 15 programas de mestrado e doutorado ao longo das três últimas décadas. E, da mesma forma, muitas centenas de bacharéis e licenciados em seus 16 cursos de graduação e quatro de licenciatura. A Uenf contribui de maneira singular para desenvolvimento científico e tecnológico nacional e regional, sendo uma das expressões deste esforço o Laboratório de Engenharia de Petróleo (Lenep). Localizado em Macaé, que desenvolve frequentes parcerias com a Petrobras.

A educação continuada e os investimentos em iniciação científica também deram frutos: em 2003, por ter obtido o maior percentual de ex-alunos participantes da iniciação científica concluindo cursos de mestrado e doutorado, a Uenf ganhou o Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica, conferido pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Em 2009, foi novamente premiada.

Anualmente, a Uenf sedia o Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (Confict) e, mais recentemente, o Congresso Fluminense de Pós-Graduação que integra alunos de iniciação científica e de mestrado e doutorado das instituições de ensino superior do Norte Fluminense, com destaque para a participação dos alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF/Campos), do Instituto Federal Fluminense (IFF) e da própria Uenf. Trata-se de um dos maiores congressos científicos e tecnológicos do estado do Rio de Janeiro, e um dos maiores do Brasil.

A eleição para reitor da Uenf é de suma importância não apenas para a educação do estado do Rio de Janeiro, mas para educação brasileira. A Uenf representa o sonho de Darcy, Brizola e Niemeyer que se materializou, o sonho de mudar a nossa região, o nosso estado e o nosso país pela educação, o que temos constatado. Viva a educação pública, gratuita e de qualidade!

 

Publicado hoje (15) na Folha da Manhã

 

fb-share-icon0
Tweet 20
Pin Share20

Este post tem um comentário

  1. Mateus Gomes Rangel

    Manter os sonhos destes personagens icônicos é conduzir o Brasil rumo ao processo estampado em nossa Bandeira. Por isso o Reitor da UENF deve ser alguém com este perfil e responsabilidade histórico-social e consequentemente educacional e política.

Deixe um comentário