“Li umas entrevistas (dos pré-candidatos a prefeito de Campos), dizendo que vão fazer pela Saúde, que vão fazer pela Educação. Beleza. Mas diga como! A população precisa ouvir propostas concretas. Vai tirar o dinheiro de onde? Vai montar parcerias como? Concreto! A todos os candidatos, fica aí a provocação. Você precisa ter como prioridade o enfretamento da desigualdade social. Não se pode abrir mão disso numa cidade paupérrima como Campos”. Foi o que o sociólogo Fabrício Maciel, professor da UFF-Campos, elegeu como prioridade para a disputa da Prefeitura de Campos, nas urnas de outubro. Ele participou no início da manhã de hoje do Folha no Ar 1ª edição, programa da Folha FM 98,3.
Ele considerou que, no governo Rafael Diniz (Cidadania), o enfrentamento das desigualdades sociais deixou de ser prioridade. Apesar de não questionar o quadro falimentar com que o prefeito pegou a cidade dos oito anos de gestão municipal Rosinha Garotinho (hoje, Pros), o sociólogo criticou a insistência com esse discurso oficial, sem a apresentação de “ideias novas”:
— O governo Rafael reproduziu um certo espírito da época, que a gente está vendo no Brasil e no mundo hoje. Ele se elege com um discurso anti-Garotinho, que Garotinho quebrou a cidade. Não estou questionando isso. Mas o ponto é que ele não cria uma linguagem política. Ele faz um discurso de gestão e passa todo o seu governo dizendo que não tem dinheiro. E o ponto que me preocupa é que o enfrentamento da desigualdade deixa de ser prioridade. Eu acho imperdoável fechar o Restaurante Popular e tirar a passagem (social, de ônibus). Na minha opinião, é um erro político: uma cidade desigual como Campos você não ter o enfrentamento da desigualdade como prioridade. É só ‘Garotinho quebrou Campos, vendeu o futuro’. Ficou nisso. Não tem uma ideia nova. As políticas sociais não pertencem ao Garotinho (sem partido), ao Arnaldo Vianna (PDT), não pertencem a ninguém. Elas podem e devem ser feitas para o povo, sem demagogia, por qualquer governo”.
Ainda assim e mesmo apontando “dificuldades” para Rafael, Fabrício não o descarta no tabuleiro das eleições municipais, daqui a menos de sete meses. No qual colocou o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) à frente, mas também citou o pré-candidato Caio Vianna (PDT) como adversário de peso. Para eles, os três “têm potencial”:
— Rafael enfrenta dificuldades. É o que vem das ruas. Se ele quiser reagir, vai ter que ouvir a voz do povo. Sem demagogia, ouvir a voz que vem da sociedade. Você tem três caras jovens aí, cheios de energia, que podem ser prefeitos: Wladimir, Rafael e Caio. Tenho tentado acompanhá-los e acho que eles têm potencial, tem alguma habilidade para política. O Wladimir talvez saia na frente, porque ele já tem uma carreira como deputado (federal). A atuação dele junto a UFF (de Campos, para a qual liderou emenda de bancada à conclusão das obras abandonadas do novo campus) foi elogiada. Ele tem agido para defender a região no mandato dele, é um garoto esperto. Como o Caio também parece ser, pelo que andou falando. Ele talvez esteja um pouco atrás porque não teve um cargo que mostrasse do que é capaz. A vantagem é que você tem três candidatos jovens, que podem mostrar o seu potencial.
Ouvinte do programa e também pré-candidato a prefeito de Campos em outubro, o ex-deputado Roberto Henriques (PCdoB) questionou o professor da UFF por mensagem de WhatsApp:
— O entrevistado só considera três (pré-)candidaturas? A eleição sequer começou.
Ao que Fabrício respondeu:
— Desculpe, querido. Fica aí a resposta: para todos os pré-candidatos, inclusive você, pode ter uma pauta de propostas concretas, de enfrentamento da desigualdade. Vai cuidar da Saúde? Diga como! Vai cuidar da Educação? Diga como!
Confira abaixo em vídeo os três blocos da entrevista com Fabrício Maciel, sociólogo e professor da UFF-Campos:
ESTES OPORTUNISTAS SABEM NECESSIDADE POPULAÇÃO:SAÚDE/EDUCAÇÃO/TRABALHO E UTILIZAM P/ SE AUTO PROMOVER CAMPANHAS ELEIÇÕES!!!! TODOS SABEM NECESSIDADE DIÁRIA OS 03 ITENS!!!!!!