A partir das 7h desta sexta (10), quem fecha a semana do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é Rafael Diniz (Cidadania), prefeito de Campos e candidato à reeleição. Ele dará seu testemunho pessoal da infecção pela Covid-19 e, como gestor, no enfrentamento da pandemia pelo município, que só não causou mais danos por conta da instalação do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC). Também analisará os pontos positivos e negativos do seu governo. E projetará suas perspectivas sobre a eleição a prefeito e vereadores de Campos, em 15 de novembro.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta, pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Professor da UFF-Campos, o sociólogo George Gomes Coutinho convida ao bate-papo, às 15 h desta quinta (09), sobre o lançamento do livro do colega Fabrício Maciel: “O Brasil-Nação como ideologia”. Os dois professores já honraram o blog com seus textos em mais de uma oportunidade. E você, leitor, poderá acompanhar a live que reunirá ambos aqui, numa promoção das Coordenações dos cursos de Ciências Sociais da UFF-Campos e do blog Autopoiese e Virtu.
Para quem busca compreender o Brasil, a visão dos dois sociólogos da planície goitacá, mesmo em eventual discordância, é sempre contribuição instigante.
Vídeo conferência na tarde de hoje reuniu Christino Áureo, Marcão Gomes, o ministro Tarcísio Freitas e Wladimir Garotinho (Foto: assessoria de Wladimir)
A elaboração de uma nota técnica do ministério da Infraestrutura sobre a concessão da BR 101-RJ à empresa Arteris, com o que foi descumprido no contrato e a arrecadação dos pedágios no trecho da rodovia, para abrir uma Comissão Externa da Câmara Federal. Esse foi o principal resultado prático da vídeo conferência da tarde de hoje (08) entre o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e os deputados federais da região Christino Áureo (PP), Marcão Gomes (PL) e Wladimir Garotinho (PSD). Em 19 de maio a Arteris anunciou unilateralmente sua intenção de abandonar a concessão durante em plena pandemia da Covid-19, gerando revolta e reação (relembre aqui) dos municípios fluminenses cortados pelos 320 quilômetros da rodovia entre a ponte Rio/Niterói e a divisa com o Espírito Santo.
— O ministro Tarcísio acredita que seja uma concessão saneável, apesar dos descumprimentos flagrantes da Arteris. O governo federal está em negociação com a mesma empresa, na concessão do trecho Sul da BR 101 em Santa Catarina. A lei 13.448, editada em 2017, faculta a devolução da concessão. Mas o poder público, em suas três esferas, não é obrigado a aceitar. E pode cobrar judicialmente o cumprimento do contrato. Não dá para deixar impune seu descumprimento. Alguém tem que pagar por isso. E não pode ser o contribuinte. Para acompanhar esse processo, a Comissão Externa será formada na Câmara Federal — explicou Christino Áureo.
— Sabemos que existe legislação específicas que prevê a devolução da concessão. Mas a empresa tem que cumprir antes o que pactuou em contrato. A obra do Contorno em Campos está parada. Precisamos dela para facilitar o desobstruir o trânsito do Centro da cidade, com duas pistas auxiliares da entrada da cidade até o Shopping Boulverd. Que também já estavam previstas e a empresa nada executou até agora. Outra cobrança é pela obra do trevo de Travessão, que dá acesso ao município de São Francisco de Itabapoana. Também é necessária a obra de passagem de nível de Serrinha. É preciso dar continuidade à duplicação prevista no contrato, sobretudo na altura de Casemiro de Abreu. Sabemos que existe uma questão ambiental em discussão. Mas, queremos que a empresa entregue todas as obras pactuadas para segurança dos usuários — enumerou Marcão Gomes.
— Através de um pedido nosso, o Ministério da Infraestrutura vai nos encaminhar o diagnóstico atual da concessão. A pasta acredita que o contrato é sanável, com pequenas adaptações. Mas, caso não seja, terá que estruturar um novo contrato e leilão. Ao longo desses 10 anos da concessão, os usuários têm pagado caro ao passar por cinco pedágios. E agora a Arteris não quer cumprir as obras previstas no contrato, entre elas, o contorno rodoviário de Campos e a duplicação do trecho entre Macaé e Rio Dourado. Já havia solicitado ao ministério em dar duas opções a concessionária: ou compra-se o contrato ou pague a multa rescisória, pois assim o Governo Federal poderá realizar as obras que são importantes e que já deveriam ter sido feitas — cobrou Wladimir Garotinho.
A partir das 7h desta quinta (09) o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é Wladimir Garotinho (PSD), deputado federal e pré-candidato a prefeito de Campos. Ele falará sobre a ameaça da Arteris (confira aqui) de devolver a concessão da BR 101-RJ, que será tema de vídeo conferência às 15h de hoje (confira aqui) entre ele e ouros representantes da bancada federal fluminense com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
Wladimir também dará seu testemunho pessoal sobre a infecção pela Covid-19. E analisará a questão do hospital de campanha de Campos e a situação do governador Wilson Witzel (PSC), ameaçado de impeachment por supostos desvios na saúde em tempo de pandemia. No último bloco do programa, projetará o que espera das eleições municipais a vereador e prefeito de 15 de novembro.
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Ameaça da Arteris de abandonar BR 101 será tema nesta quarta do ministro Tarcísio com os deputados federais Marcão, Wladimir, Christino e Gurgel (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Às 15h desta quarta (08), por vídeo conferência, o ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas terá uma reunião com os deputados federais da região Marcão Gomes (PL), Wladimir Garotinho (PSD) e Christino Áureo (PP), mais o presidente da bancada fluminense, Sargento Gurgel (PSL). O assunto será a concessionária Arteris, que em 19 de maio anunciou sua intenção em abandonar a BR 101-RJ, em plena pandemia da Covid-19.
O anúncio da Arteris gerou forte reação (relembre aqui) dos municípios fluminenses cortados pela principal estrada do país, bem como de seus representantes no Congresso Nacional. Entre eles Marcão, Wladimir, Christino e Gurgel, que marcou a vídeo conferência dos quatro com o ministro do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Além da Arteris, estrá em pauta a duplicação na BR 101 prometida quando a empresa ganhou a concessão.
A partir das 7h desta quarta (08) o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o vereador e empresário de Campos Luiz Alberto Neném (PSL). Ele falará da experiência pessoal da internação hospitalar para se tratar da Covid-19, do comércio e do poder público goitacá durante a pandemia, e das eleições municipais remarcadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para 15 de novembro.
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Maior músico do cinema de todos os tempos, Ennio Morricone recebe o Oscar de 2016 de melhor trilha sonora original, por seu trabalho em “Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino
A música está presente no cinema desde quando ele era mudo. Logo na primeira exibição pública da sétima arte pelos irmãos Lumiére, na Paris de 1895, um piano e um pianista faziam o fundo musical e davam ritmo às imagens na tela. E assim permaneceu por muito tempo, permitindo a um gênio renascentista como Charles Chaplin exibir seu talento, além de diretor, roteirista e ator, também como compositor. A história começou a mudar quando “O Cantor de Jazz”, considerado o primeiro filme falado e dirigido por Alan Crosland, estreou na Nova York de 1927. No ano seguinte, em 10 de novembro de 1928, nasceria em Roma o maior músico da história do cinema: Ennio Morricone. Que morreu hoje aos 91 anos, após 10 dias internado por uma fratura no fêmur, fruto de uma queda.
Entre as maiores duplas da história do cinema, Ennio Morricone e Sergio Leone
Morricone começou a compor com apenas 6 anos. Após tocar trompete em bandas de jazz na década de 1940, se tornou arranjador de estúdio para a gravadora RCA Victor. Em 1955, começou a compor para o teatro e em 1961, aos 33, assinou sua primeira trilha sonora para o cinema, no filme “O Fascista”, de Luciano Salce. O sucesso internacional viria naquela mesma década em que o rock dos Beatles e Rolling Stones revolucionava o mundo com a releitura britânica da música criada nos EUA. E o cinema teria seu gênero mais hollywoodiano, o “western”, reinventado na parceria entre dois mestres italianos: Morricone e o diretor Sergio Leone. Uma dupla tão afinada — e, talvez, mais genial — que John Lennon e Paul McCartney, ou Mick Jagger e Keith Richards.
Na mitologia dos EUA, o herói de John Wayne e o anti-herói de Clint Eastwood
Com a trilogia “Por um Punhado de Dólares” (1964), “Por uns Dólares a Mais” (1965) e “Três Homens em Conflito” (1966), Leone fundou o gênero “western spaghtetti”. Nele, o herói dos EUA na conquista violenta do Oeste do país continental, mitologia criada pelo cinema do mestre John Ford e encarnada entre os ombros largos do ator John Wayne, foi transformado em anti-herói. Latino de onde o latim foi ecoado ao mundo, Leone matou com um tiro à queima-roupa o moralismo anglo-saxão que separava o “mocinho” do “bandido”. E foi buscar nas séries de TV dos EUA um ator desconhecido que lançaria ao estrelato: Clint Eastwood. Seu pistoleiro sem nome, que protagonizou os três filmes, era inspirado no samurai sem senhor de “Yojimbo” (1961), do mestre japonês Akira Kurosawa.
Mesmo com a base em Ford e Kurosawa, e o carisma de Eastwood, a reinvenção de Leone só estaria completa com a música seca e minimalista de Morricone, que reforçava a aridez das paisagens da Europa em que as cenas da trilogia foram filmadas. Mesmo a quem não lembrar de nenhuma das suas cenas, ou sequer as tenha assistido, é impossível não ouvir o assobio da música tema e homônima de “Três Homens em Conflito”, sem associá-la imediatamente aos pistoleiros do “Velho Oeste” dos EUA. A trilha sonora ganhou uma força tal na cultura pop do mundo, que outra música do filme, “L’estasi dell’oro” (“O Delírio do Ouro”), acabou usada em shows por grandes de bandas de rock como Ramones e Metallica.
Outra das músicas de “Três Homens em Conflito” é “Morte di um soldato” (“Morte de um Soldado”). É dela o único som, além dos gemidos de um jovem soldado moribundo da Guerra Civil dos EUA e do relincho de um cavalo, em uma das cenas mais pungentes da história do cinema. Na qual Leone dialoga (confira aqui) com dois dos maiores poetas da literatura universal: o francês Arthur Rimbaud e o português Fernando Pessoa. Na dúvida, leia seus versos abaixo. Entre os dois poemas, veja a cena a que serviram de roteiro. E, sobretudo, ouça a música de Morricone:
Arthur Rimbaud por Pablo Picasso e Fernando Pessoa, por Almada Negreiros (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
O adormecido do vale
(Arthur Rimbaud)
Era um recanto onde um regato canta
Doidamente a enredar nas ervas seus pendões
De prata; e onde o sol, no monte que suplanta,
Brilha: um pequeno vale a espumejar clarões.
Jovem soldado, boca aberta, fronte ao vento,
E a refrescar a nuca entre os agriões azuis,
Dorme; estendido sobre as relvas, ao relento,
Branco em seu leito verde onde chovia luz.
Os pés nos juncos, dorme. E sorri no abandono
De uma criança que risse, enferma, no seu sono:
Tem frio, ó Natureza – aquece-o no teu leito.
Os perfumes não mais lhe fremem as narinas;
Dorme ao sol, suas mãos a repousar supinas
Sobre o corpo. E tem dois furos rubros no peito.
Outubro de 1870
O menino da sua mãe
(Fernando Pessoa)
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado —
Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
“O menino da sua mãe.”
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Lisboa, 1926
A parceria de Morricone seguiria na trilogia seguinte e derradeira de Leone, falecido em 1989: “Era Uma Vez no Oeste” (1969), “Quando Explode a Vingança” (1971) e “Era Uma Vez na América” (1981). O primeiro filme é considerado a obra-prima do cineasta. “Três Homens em Conflito” já traria diferenças na mesma música para os três personagens principais: flauta para Eastwood, oscarina (instrumento de sopro) para Lee Van Cleef e vozes a Eli Wallach. Mas em “Era Uma Vez no Oeste”, Morricone cria uma música própria para cada personagem entre os protagonistas interpretados por Claudia Cardinale, Henry Fonda, Charles Bronson e Jason Robards. O resultado é uma ópera do cinema. Mal recebido por público e crítica à época do seu lançamento, é hoje considerado o melhor western já feito.
Morricone nunca aprendeu a falar inglês ou deixou de morar em Roma. Nem deixou de compor trilhas sonoras para outros grandes diretores italianos, como para Gillo Pontecorvo, em “A Batalha de Argel” (1969); para Pier Paolo Pasolini, em “Teorema” (1968) e “Decameron” (1971); para Dario Argento, em “O Pássaro das Plumas de Cristal” (1970); para Giuliano Montaldo, em “Sacco e Vanzetti” (1971); para Bernardo Bertolucci, em “1900” (1976); para Giuseppe Tornatore, a quem escreveria a música de todos os filmes desde “Cinema Paradiso” (1989). Mas foi o sucesso com seu maior parceiro no cinema, Sergio Leone, que levou o compositor a Hollywood.
Morricone fez trabalhos memoráveis, como em “A Missão” (1986), ficção sobre o massacre real dos índios na colonização da América do Sul. Dirigido por Roland Joffé, o filme foi ganhador da Palma de Ouro de Cannes. E uniu o talento dos grandes atores Jeremy Irons e Robert De Niro, com quem Morricone já havia trabalhado em “1900” e “Era Uma Vez na América”. Em 2017, o compositor italiano diria: “A música de ‘A Missão’ nasceu de uma obrigação. Tinha que escrever um solo oboé, se passava na América do Sul no século XVI, e tinha a obrigação de respeitar o tipo de música do período. Ao mesmo tempo, eu tinha que compor uma música que também representasse os índios da região. Todas as obrigações me prendiam. Mas também fizeram com que saísse algo claro”.
Como De Niro, Morricone teve outros ítalos-estadunidenses como parceiros assíduos em Hollywood. Com o diretor Brian De Palma, trabalhou em filmes como “Pecados de Guerra” (1989) e “Missão: Marte” (2000), após legaram outra obra-prima ao cinema: “Os Intocáveis” (1987). A música realça as grandes interpretações de Sean Connery, que lhe rendeu o Oscar de ator coadjuvante, Kevin Costner e, mais uma vez, De Niro, como o violento chefe mafioso Al Capone. Ganhador de um Oscar honorário pelo conjunto da sua brilhante carreira, em 2007, Morricone ainda teria tempo para ganhar outro pelo seu trabalho em “Os Oito Odiados” (2015). Emblematicamente, foi um western. E dirigido por outro ítalo-estadunidense, grande admirador do músico e do cineasta Sergio Leone: Quentin Tarantino.
Estive na Itália em julho de 2010, verão deles, quando visitei a “bela cidade de Verona”, como a classifica Shakespeare logo na abertura de “Romeu e Julieta”. Já sabia que a cidade tinha uma grande arena legada pelos antigos romanos, menor, mas mais conservada que o Coliseu, na Roma de Morricone. E reservei ingressos para assistir, no palco antes destinado a gladiadores, à ópera “Carmen” de Bizet. Era dirigida por outro grande nome do cinema italiano, Franco Zeffirelli. E foi um espetáculo grandioso, do qual nunca esquecerei. Mas deixou um dissabor: só quando já estava em Verona, descobri que, na semana seguinte, era Morricone quem se apresentaria na mesma antiga arena romana. Cheguei a tentar mudar o roteiro da viagem, para tentar ficar e assistir. Mas foi impossível mudar a logística e as reservas já feitas de hotéis por outras cidades italianas.
Irmãos Auguste e Louis Lumiére
Uma década depois, o maestro escreveu seu próprio obituário: “Ennio Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho”. Em um ano de pandemia e perdas pessoais, a sua morte é sentida. Menos pelos 91 anos de uma vida plena. Que se difere pelo silêncio que sua última respiração não deixará; pela melhor música que o cinema foi capaz de produzir. Desde que um piano e um pianista acompanharam, há 125 anos, a primeira sessão dos irmãos Lumiére.
O pescador e os cães na Convivência, manhã de 06/07/20 (Foto de Ícaro Barbosa)
Semana aberta aos passos entre Atafona, a foz fechada do Paraíba e a Convivência. Fotos de Ícaro Barbosa.
Convivência, manhã de 06/07/20 (Foto de Ícaro Barbosa)
Atafona, manhã de 06/07/20 (Foto de Ícaro Barbosa)
“este mundo, que é o mesmo para todos, nenhum dos deuses ou dos homens o fez; mas foi sempre, é e será um fogo eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com medida”
(heráclito, d 30)
faces do mesmo
poderia ter usado a coroa do rei de éfeso,
mas renunciou à honra em favor do irmão.
prestar governo aos surdos, dever funesto,
aqui, agora, jônia européia há cinco séculos;
ou na ásia menor, meio milênio antes de cristo.
por iluminar seria, já aos antigos, o obscuro;
nada revelariam suas palavras de sibila,
não fosse a oposição do ouvido surdo,
como, sem tensão na corda, emudece a lira
e a do arco, por relaxada, inutiliza a flecha.
ao alcançar a outra margem, não era
mais o mesmo homem, nem mesmos
eram os rios atravessados, múltiplos
a desaguar no Um que a todos gera.
media a largura do seu pé pela do sol
por desconhecer outra grandeza ao passo
do homem entre a luz e a própria sombra.
domingos martins, 01/05/07
Cães na Convivência, com Atafona ao fundo, manhã de 06/07/20 (Foto de Ícaro Barbosa)