O dia de hoje, que amanheceu (confira aqui) com a prisão por corrupção do prefeito carioca Marcelo Crivella, ex-ministro da Pesca do governo Dilma Rousseff (PT) e hoje aliado do clã presidencial Bolsonaro, não foi bom para o Republicanos — partido da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Em novembro, a força eleitoral dos seus fiéis fez de Anderson de Matos, pastor da Iurd, o segundo vereador mais votado de Campos, com 4.905 votos. E hoje ele gravou um vídeo para questionar a necessidade de adoção do lockdown em Campos, defendida neste blog (confira aqui) pelo médico Geraldo Venâncio, secretário de Saúde confirmado (confira aqui) do governo eleito Wladimir Garotinho (PSD), para tentar conter o avanço da pandemia da Covid-19 no município:
— Eu gostaria de fazer uma análise da fala do médico, dr. Geraldo Venâncio, com respeito ao lockdown. Ele diz assim: “O lockdown em Campos tinha que ser decretado agora. E sem besteiras como o lockdown parcial”. O senhor (Geraldo) diz que essa medida radical deveria ser adotada agora porque nós estamos agora, como o senhor colocou, que nós não tivemos em abril, maio e junho: pessoas sentadas em poltronas com falta de ar e à espera de vaga (…) É triste, é lamentável, é revoltante saber que pessoas estão nessa situação, dependendo de um atendimento médico-hospitalar. Mas, doutor (Geraldo), não estamos falando de algo novo, não se trata de algo inédito — disse o vereador eleito no vídeo, passando a nele exibir reportagens sobre problemas de atendimento na Saúde Pública de Campos antes da chegada da pandemia. E prosseguiu:
— Por que só agora querem decretar lockdown (que já foi decretado em Campos, confira aqui, em maio) e trancar a cidade toda? (…) Eu penso que trancar a cidade toda, decretar o lockdown, como o senhor (Geraldo) está sugerindo, “medida radical” como o senhor mesmo colocou, na minha opinião é piorar a situação. Porque já foi feito lockdown em vários lugares (na Europa, confira aqui, vários países voltaram a adotá-lo desde o início de novembro, para combater o novo crescimento da Covid), faz o lockdown, volto do lockdown, volta para o lockdown de novo. E o vírus está aí, infectando todo o mundo. Essa é que é a realidade, triste, lamentável, mas é a realidade (…) Eu acredito que o enfrentamento da situação é a conscientização da população, com uma campanha fortíssima. A população precisa cooperar, necessita drasticamente de ter a utilização da máscara, manter o distanciamento. Isso não é algo para você fazer só quando vier ao Centro (…) Mas daí a se adotar esse tipo de medida radical (lockdown), eu também sou radicalmente contra. Eu acredito que o que tem que ser feito é o que o prefeito Wladimir anunciou que conseguiu hoje, mais 20 leitos de UTI (na verdade, Wladimir anunciou ontem, confira aqui, mais 20 respiradores). Confesso ao senhor (Geraldo), com todo respeito à sua autoridade, ao seu conhecimento científico, isso aqui não é negar a ciência de forma alguma, sempre o meu posicionamento será a favor da ciência; mas de forma equilibrada, onde possamos manter a cidade funcionando. Se não, vamos ter dois problemas depois, que são as empresas falidas, as pessoas desempregadas, na miséria, e o vírus contaminando, infectando todo o mundo.
Embora tenha se dirigido a Geraldo Venâncio, o vereador Anderson não fez menção em seu vídeo aos outros médicos de Campos que concordaram com ele na mesma matéria deste blog: os infectologistas Rodrigo Carneiro (cujo alerta, feito aqui, no programa Folha no Ar da última quinta, projetando o pico da pandemia para o mês janeiro, gerou toda essa repercussão) e Nélio Artiles; Cléber Glória, diretor-clínico da Santa Casa; e Paulo Hirano, subsecretário de Saúde do governo municipal eleito. A médica ouvida que disse não ver necessidade de adoção agora do lockdown em Campos foi a infectologista Andreya Moreira, chefe da Vigilância em Saúde do governo Rafael Diniz (Cidadania), como o blog também noticiou.
Confira abaixo a íntegra do vídeo do vereador eleito Anderson Matos:
Infelizmente o vereador representa setores atrasados que tem o negacionismo como marca, sem perspectiva de um mandato que deixe quaisquer contribuições positivas. Lamentável!
É duro ver um obreiro se dizer entendido de pandemia, deveria deixar de ser vereador e comandar a saúde, ao estilo Pazuello…
Entre o posicionamento de um especialista (médico), e a opinião de um pastor (da Universal), fico com o médico. Tão óbvio né….