Wladimir analisa seus 100 dias e alerta ao risco de colapso do sistema funerário

 

“A gente está tomando as medidas para que não haja também o colapso do sistema funerário em Campos”. Talvez seja a frase mais forte dita na manhã de ontem pelo prefeito Wladimir Garotinho (PSD), no balanço dos seus 100 primeiros dias de governo. Geralmente, é um período em que o governante ainda goza da lua de mel das urnas com os governados. Mas o clima de “romance”, como para a grande maioria dos prefeitos eleitos em 2020 nos 5.700 municípios brasileiros, foi transformado em filme de terror pela pandemia da Covid. “A gente está tendo uma média de 10 mortes por dia na cidade. Para que as pessoas não se assustem, essa média deve aumentar”, alertou o prefeito de Campos no início da manhã de ontem ao programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Além da trágica realidade que transformou o Brasil em principal epicentro mundial da doença, Wladimir se comprometeu a pagar o 13º do servidor, mas não deu prazo. Assim como em reabrir o Restaurante Popular ainda neste primeiro semestre. Falou também da crise financeira goitacá e de como vem tentando combate-la, como nos projetos para retomada da agropecuária. E de outros, como do parque público municipal e do fim da Fundação Municipal de Saúde. Sobre política, tratou da relação com os vereadores da base, da oposição dos Bacellar e das eleições de 2022.

 

(Foto: Genilson Pessanha – Folha da Manhã)

 

Possibilidade de Campos comprar vacinas contra a Covid – Apesar de ter sido recentemente liberado para estados e municípios comprarem vacinas, ninguém ainda conseguiu comprar, nenhum município. Existem diversas iniciativas individuais ou em consórcios, protocolos de intenção com vários fabricantes de vacina, mas ninguém conseguiu. E existe ainda o risco velado, ainda não oficial, de um possível confisco das vacinas por parte do Governo Federal. Que já reconhece através do seu ministro (da Saúde, Marcelo Queiroga), o quarto ministro, o atraso na vacinação. Então poderia haver uma retenção de vacinas compradas pelos municípios para centralizar no Governo Federal.

Vacinação em Campos – Aqui, em Campos, a vacinação está bastante adiantada. A gente sabe que ainda existem alguns problemas de logística, mas melhorou demais. Hoje temos 27 pontos de vacinação descentralizados. A gente já alcançou 12% da população (12,4% receberam a primeira dose, entre os quais 3,7% tomaram a segunda) que é maior que a média estadual e nacional. E a gente deve isso ao trabalho em equipe. Eu só tenho que agradecer a todos os profissionais envolvidos, com bastante dedicação e carinho para a gente levar a vacina para o nosso povo. Mas, infelizmente, eu acho que ainda vai demorar para a gente conseguir vacinar todo o nosso povo, por uma falha logística nacional. O que chega de vacina para mim, enquanto prefeito, a gente leva para a rua. E estamos esperando uma resposta oficial do Exército Brasileiro, quem tem uma companhia em Campos (2ª Companhia de Infantaria, antigo 56º Batalhão de Infantaria), para que ele nos ajude a acelerar a vacinação. Lembrando que o fato de acelerar, pode também deixar a gente sem vacina. À medida que a gente vai acelerando, a gente pode ficar sem doses. Mas a nossa ideia é acelerar o calendário.

Fim do lockdown de 21 dias – Em primeiro lugar, é bom ressaltar que todas as minhas decisões são baseadas na ciência e no que a equipe da Saúde me diz. Dr. Charbell (Kury, subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Proteção da Saúde) e dr. Rodrigo Carneiro (diretor de Atenção Básica) afirmam que, após 21 dias de restrição de circulação, começa a diminuir o contágio. E, de fato, a gente tem percebido isso nos últimos dois, três dias, na procura das pessoas pelos hospitais. Ainda existem muitas pessoas internadas, existe uma fila de espera (por leitos hospitalares para Covid), mas ela vem diminuindo a cada dia. Mas a procura de pessoas com sintomas está diminuindo a cada dia também. Isso significa que as restrições dão resultado.

Falta de empatia – O que deixa a gente um pouco incomodado enquanto ser humano, não é nem como gestor público, é que algumas pessoas insistem em não compreender o momento que nós estamos vivendo. O fato da pessoa tomar a primeira dose da vacina, não a deixa imunizada. O fato da pessoa tomar a segunda dose e não esperar o efeito (de 15 a 30 dias), também não deixa ela imunizada. O fato de as pessoas continuarem se aglomerando de maneira clandestina, fazendo festas, elas estão colocando a vida delas e a das outras pessoas em risco. E é muito ruim quando a gente começa a radicalizar, dizendo que a conta não é minha, a conta é do outro; a conta é da sociedade como um todo. O que gera a disseminação do vírus é a circulação de pessoas. A guerra não é A contra B, não é direita contra esquerda, não é de comerciantes contra o poder público. Nós triplicamos o efetivo da Vigilância (Sanitária) e da Postura, mas infelizmente Campos é uma cidade muito grande. Não damos conta de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. As pessoas começam a fazer festas mais afastadas do Centro, para não dar tempo de a fiscalização chegar. É uma atitude de falta de amor ao próximo, de falta de empatia.

Mortes vão aumentar – A gente está tendo uma média de 10 mortes por dia em Campos (na segunda, foram registradas 26 mortas nas 48 horas anteriores, média de 13 por dia). Para que as pessoas não se assustem, essa média deve aumentar. Porque infelizmente essa nova cepa, que é a chamada P-1 (de Manaus, embora também a variante P-2, do Rio, também já atinja todas as regiões do Brasil), a mortalidade dela, para quem vai para o tubo (entubamento em leito de UTI), é muito maior do que o coronavírus comum. Antigamente (em 2020) você tinha uma média de 50% de óbito em pacientes que chegavam nessas condições. Como essa nova cepa, a média (de mortalidade) está em 80% em quem vai para o tubo. Essa vai ser a média de óbito das pessoas que estão internadas nessas condições. É importante deixar isso claro para as pessoas e reforçar a necessidade do distanciamento social.

Aumento de leitos e exaustão dos médicos – Nós vamos concluir esta semana, se Deus quiser, com 109 (novos) leitos abertos (para Covid) em 100 dias de governo. Vamos colocar que esta semana se completem 110 dias, então estamos abrindo um novo leito por dia. São 62 de UTI e o restante (47) de clínica médica. Abrimos leitos na Santa Casa, na Beneficência Portuguesa, onde é o CCC, no Ferreira Machado e no HGG (Hospital Geral de Guarus). Mas quem é médico e trabalha na linha de frente da Covid sabe, e ainda tem muita gente que acha que é invenção do poder público, não adianta abrir leitos; os médicos estão exaustos. A Prefeitura já está pagando mais às equipes médicas que o valor de mercado. O problema não é o recurso financeiro para pagar. E nem é má vontade dos médicos em receber e trabalhar. Não tem equipe médica, eles estão exaustos, no limite físico e emocional. Ou alguém acha que é fácil entubar, seis, sete, oito, 10 pacientes por dia? Ver 10 pessoas morrerem na sua frente todo o dia?

Falta de medicamento e insumo – Não adianta abrir leitos porque não vai haver e insumo. A gente só consegue medicamento hoje para três, quatro dias; não tem para entregar. Liguei para o governador (Cláudio Castro, PSC) pessoalmente na semana passada e ele falou: “Wladimir, o Estado do Rio também não tem. Estamos aguardando o Governo Federal finalizar uma compra para nós podermos distribuir”. Então o problema é generalizado pelo Brasil afora.

Reforço de equipe nos cemitérios – Não adianta a gente ficar escondendo a realidade. E faço uma revelação aqui: nossas equipes dos cemitérios públicos estão pedindo reforço de equipe. Ontem (na segunda, dia 12), até a hora em que eu tive informação, nós tivemos 18 sepultamentos no Cemitério do Caju. E 13 foram de Covid. Aí se pergunta assim: “Ah, não morre mais gente de outra coisa?”. Claro que morre! Mas dessas 18 de ontem (segunda) no Caju, 13 foram Covid. É muito complicada a situação em que a gente está vivendo. A gente espera a compreensão das pessoas. A gente age, enquanto poder público, como pode agir. Mas sem a colaboração do cidadão vai ser impossível. A gente está tomando as medidas de precaução, de contingência, para que não haja também o colapso do sistema funerário em Campos. As pessoas precisam entender a gravidade do momento. E algumas, infelizmente, parece que não entenderam.

Prefeitos da região enlouqueceram? – Eu falei com o prefeito de Macaé (Welberth Rezende, Cidadania), falei anteontem, porque a situação dele é desesperadora. Ele só tinha remédio para hoje (ontem) e me perguntou se eu tinha fornecedor para indicar a ele, porque ele não sabe mais onde tentar comprar. Quando a gente precisou, em determinado momento, Macaé nos ajudou, mandou medicamento para cá. Quissamã é a mesma coisa, eu falo com Fátima (Pacheco, DEM) constantemente; ela não tem onde comprar remédio. Então será que está tomo mundo doido? Todos os prefeitos ficaram loucos? A Carla Machado (PP) continua com a cidade lá (São João da Barra) em lockdown; ela ficou louca? Não, é uma realidade. Nenhum prefeito quer ter o desgaste de fechar a cidade. Eu jamais iria querer fazer isso com o meu povo, com as pessoas que geram riquezas aqui, nesta cidade, que dão empregos, que pagam tributos ao município. Quando a cidade fecha, deixa de arrecadar. Isso é ruim para todo mundo. Mas se a gente não tiver conscientização do povo que hoje a Covid está matando todo mundo, jovem, está pegando em criança, está pegando em adolescente, em pessoas de 30, 50, 40 anos, nós vamos ficar nisso até quando? Até quando esse abre e fecha? Isso é péssimo para a economia. Mas quando não há mais nada que a gente possa fazer em nível hospitalar, que a solução está extramuros, a população não colabora. E a gente é obrigado a tomar medidas duras, infelizmente.

Abertura dos templos no lockdown – Eu até entendo que o cristianismo não precisa ser presencial. Pode ter culto online; acho que deve, os pastores devem incentivar o culto online. Mas eu também não acho correto a gente restringir a circulação, desde que ela seja organizada, nas igrejas (em Campos foi de 20% da capacidade total de ocupação durante o lockdown, passando a 25% desde a última segunda), porque elas ajudam as pessoas neste momento de dificuldade; as pessoas têm fé, querem ouvir uma palavra de oração. Então, a gente não está proibindo. Mas, olha só, eu vou deixar uma coisa clara aqui: se em algum momento precisar ser fechada, numa calamidade extrema, o decreto (municipal) diz que pode fechar. O decreto diz que é atividade essencial, mas que deve seguir a determinação das regras da vida e do poder público naquele determinado lapso de tempo. Então, se houver alguma necessidade de fechamento total, as igrejas também vão ter que aderir.

Escolas e profissionais de educação – Eu não vou abrir as escolas enquanto os profissionais não estiverem vacinados. Já existe um cronograma sendo montado com a abertura de novos postos para a gente começar a vacinar os educadores. Mas a gente depende da nota técnica do ministério da Saúde, que eu tenho que seguir. Assim que puder, estiver liberado, dentro da quantidade (de vacinas) que a gente recebe, mais a gente vai acelerar dentro da nota técnica.

13º do servidor – Queria dizer ao servidor público de Campos que nós estamos mantendo o salário em dia. Obviamente, com apenas 100 dias de gestão, eu ainda não consegui um fluxo de caixa que garanta um calendário oficial de pagamento, porque a gente herdou muitos problemas, a Prefeitura tem muita dívida. Eu herdei uma folha (de pagamento) em descompasso, estava com dezembro em atraso e o 13º, que continua em atraso, mas a gente está buscando agora mecanismos de pagar. A gente está em dia com o calendário mensal e muito em breve vou estar anunciando o calendário desse 13º em atraso. Vai ter que ser de forma parcelada, eu não vou conseguir quitar ele de uma vez. Mas vou anunciar o pagamento mito em breve, para quitar minha dívida com o servidor público. Estou me esforçando muito mesmo, para honrar com o servidor e manter os salários deles em dia, daqui para frente e também quitar aquilo que foi deixado em aberto pelo governo passado.

Reabertura do Restaurante Popular – Foi feita uma parceria entre município e Governo do Estado pela reabertura do Restaurante Popular. Cabe ao município as obras de adaptação e restauração do prédio, que estava fechado há muito tempo. Isso a Prefeitura está fazendo em parceria com a iniciativa privada. A obra, eu vou até visita-la esta semana novamente, ela está pronta. Agora depende de o governo estadual fazer a licitação da empresa que vai operar o Restaurante. Essa licitação está em prazo adiantado, mas depende de trâmite burocrático. Nossa ideia era inaugurar no aniversário de Campos, 28 de março, mas também, em virtude da pandemia, não seria possível. Nós vamos inaugurar ainda no primeiro semestre deste ano o Restaurante Popular.

Parceria com as universidades – O meu estafe, no primeiro escalão, tem muitas pessoas oriundas das universidades. Posso aqui destacar o professor Almy (Júnior, secretário de Agricultura), da Uenf (da qual foi reitor); posso aqui destacar o professor Marcelo Feres, que é nosso secretário de Educação e é oriundo do IFF; tem o nosso presidente da Codemca, Afrânio (dos Santos Júnior), que é também é oriundo da Uenf; tem o professor Marcelo Neves (subsecretario de Petróleo, Gás e Inovação Tecnológica), que também é oriundo do IFF; temos ainda, na Educação, a Ludmilla Matta, que é da Candido Mendes. Enfim, posso estar esquecendo algum nome de cabeça, mas temos muitas pessoas das universidades dentro do nosso governo, mantendo esse diálogo constante, para a gente trocar informação e soluções, porque muitas soluções para os problemas da cidade já estão nas universidades.

Pregão eletrônico – No próximo dia 22, vai acontecer o primeiro pregão eletrônico na história da secretaria de Educação (de Campos), que é para a aquisição dos kits de merenda escolar para os alunos da rede pública. Muitas pessoas questionam: “Ah, está demorando muito para comprar”. Eu só queria voltar um pouco no tempo para lembrar que o kit comprado pela gestão anterior foi denunciado, por mim, enquanto era deputado federal, ao Ministério Público Federal. Foi um kit muito ruim do ponto de vista nutricional para as crianças. Então eu não podia, enquanto denunciante e sabendo disso, manter aquele kit. A gente teve que encerrar o contrato com a outra empresa e estamos fazendo um novo processo, o professor Marcelo Feres está fazendo por pregão eletrônico, para tentar dar transparência na compra. O outro, do governo anterior, foi feito com dispensa de licitação. No pregão eletrônico, participam pessoas do Brasil inteiro e isso pode reduzir o preço. Então a Prefeitura vai adotar, gradualmente. Não dá para ser de forma instantânea, senão você mata o comerciante local, porque nem todos estão preparados para o pregão eletrônico. Mas eu vou trabalhar para que a adoção integral do pregão se dê ainda em meu governo.

Retomada da vocação agropecuária – Agricultura requer planejamento. O professor Almy, junto com o subsecretário executivo da pasta, que já foi inclusive secretário estadual de Agricultura, que é o Alberto Messias Mofati. O nosso planejamento para a agricultura em Campos inclui várias frentes. Nós já começamos, por exemplo, o programa “Estradas do Produtor”; A gente está com apoio de maquinário do Governo do Estado, já conseguiu a doação, da Arteris Autopista (empresa concessionária da BR 101), daquela sobra de material fresado. E está conseguindo fazer o mapeamento das principais estradas (vicinais) do produtor (rural) de Campos, das chamadas estradas de chão, para recapear as estradas e passar a máquina com material fresado. Campos tem também, e pouca gente sabe, uma usina de reciclagem de entulho. Foi comprada em 2016 pela ainda prefeita Rosinha (Garotinho, Pros). Ela está lá na Codin, sob tutela da Vital (empresa responsável pela coleta de lixo em Campos) e passou quatro anos da gestão passada sem ser usada. A gente está botando essa usina de reciclagem de entulho para funcionar e ela nos dá seis tipos de material diferente, britas, areia, pedra, de forma gratuita. E isso vai ser usado para revitalizar também as estradas vicinais.

Reativação da antiga Ceasa – Temos um grupo de estudo para viabilizar a retomada da antiga Ceasa (ponto de reunião e distribuição da produção agropecuária de Campos desativado há anos na Campos/Vitória), seja através de PPP (parceria público privada), seja através de concessão. É um grupo misto, do Desenvolvimento Econômico, com o (secretário da pasta) Marcelo Mérida, junto com o professor Almy. Uma PPP é aberta, o (empresário do ramo de supermercados) Joilson Barcelos é um dos interessados, mas também nos procuraram outras pessoas, inclusive de fora de Campos. O vereador Nildo Cardoso (PSL, que tentou reativar a Ceasa quando foi secretário de Agricultura do governo Rafael Diniz), por exemplo, também tem um grupo de fora e que também tem interesse pela área. A ideia da Prefeitura é montar um modelo de negócio que seja interessante para a cidade de Campos e vender esse modelo. Pode ser uma PPP, pode ser concessão. Mas, vamos ser realistas: em 100 dias a gente não consegue um modelo ideal ainda.

Parque público – Ontem (na segunda), fiz uma reunião com as secretarias de Planejamento, Meio Ambiente e Obras, para tratar da possibilidade de um parque urbano municipal em Campos. Existe um projeto conceitual, ainda sem a parte arquitetônica e de orçamento ainda, desenvolvido pela Faculdade de Arquitetura do Isecensa, para um belíssimo parque urbano de Campos numa área que é da Prefeitura, na Arthur Bernardes. E a Prefeitura de Campos ficou sabendo, há coisa de 15, 20 dias atrás, de uma compensação ambiental que a GNA, que é a empresa que está lá no Porto do Açu, tem que pagar ao Governo do Estado por um gasoduto que vai cortar Campos ao meio. Só que não foi apresentado até o presente momento, à secretaria estadual de Meio Ambiente, o projeto. E se não tiver projeto, não consegue recurso. E aí vai uma outra crítica ao governo que me antecedeu, porque tendo o projeto conceitual, eles já sabiam dessa compensação ambiental e não apresentaram projeto. Isso tem tempo. Então nós estamos correndo para tentar construir esse projeto, e aí, sim, com arquitetura e orçamento, ver se ele se encaixa nessa compensação ambiental para construção de um parque municipal urbano. Isso está sendo discutido, mas a gente tem a questão do tempo. A próxima fase é o projeto executivo e orçamento, mas não é rápido, para um parque de 100 mil metros quadrados.

Relação com a Câmara – A relação com a Câmara é republicana. Até confesso que gostaria de estar mais próximo do ponto de vista político e institucional. Mas a pandemia nos consome muito tempo, ou então a questão orçamentária. E eu tenho os vereadores que estão na base do governo nos ajudando neste momento de dificuldade; o presidente Fábio Ribeiro (PSD), todos sabem que é uma pessoa muito próxima a mim. Eles têm compreendido o momento. E também a gente entende que parte deles está insatisfeita pela distância. E porque algumas questões a gente não consegue resolver agora. Mas eu tenho fé que, vacinando o nosso povo, a gente vai conseguir acalmar as coisas e ter essa relação a mais próxima possível.

Oposição dos Bacellar – Quanto ao vereador de oposição, o Marquinho Bacellar (SD), infelizmente o irmão dele, o deputado (estadual) Rodrigo Bacellar, é a pessoa que fica financiando pessoas para me atacar; financiando blogs, financiando páginas na internet, financiando pessoas para ficarem em grupos de WhatsApp para me atacar. Eu não acho que isso seja bom para a cidade, em um momento de início de governo, em um momento de pandemia. Mas, infelizmente, é o estilo, é o modo de se fazer política. Ele não quer paz para a cidade. Faz parte do estilo dele, mas eu não vou entrar nessa briga, não faz parte do meu estilo. Eu preciso trabalhar pela cidade e entregar resultado. Se trabalhar e entregar resultado, acho que a população da cidade vai agradecer, independente dos incendiários e baderneiros (na sequência à fala do prefeito, o espaço do Folha no Ar foi franqueado ao vivo por sua bancada ao deputado Rodrigo Bacellar, em momento que ele julgar oportuno)

Vereadores da base insatisfeitos – Não é questão de insatisfação, a gente conhece a política. Os vereadores têm os seus grupos políticos, eles querem ajudar as pessoas que os ajudaram, mas nem tudo é possível. Eu repito: vou pagar quem trabalha em dia. E para pagar a folha em dia, eu não posso inchar a folha de pagamento. A gente não tem que fazer a política do empreguismo, mas a política do serviço prestado. Como é que eu, como prefeito, tendo que me preocupar com o macro da cidade, vou conseguir acompanhar o pedido de um vereador para trocar uma lâmpada? E às vezes a lâmpada que ele pediu não é trocada com a velocidade que ele queria? Isso depende da relação do vereador com o secretário e a velocidade da pasta. Às vezes um vereador pede uma limpeza o bairro tal, uma roçada, e a velocidade com que isso vai acontecer, não é a velocidade desejada, porque já tem uma programação sendo feita. Às vezes isso irrita, estressa um pouco a relação entre o governo e Câmara, mas a minha relação pessoal com os vereadores é boa. Eu falo com eles, recebo sempre que dá. Mas a relação entre vereadores e prefeito tem que ser conduzida pelo presidente da Câmara (Fábio Ribeiro) e líder do governo (vereador Álvaro Oliveira, PSD). Eu não me furto a receber, mas para facilitar, essa relação tem que ser institucional, através do presidente e do líder do governo.

CPI da Saúde sobre o governo Rafael e início do Wladimir – Tenho preocupação zero. Estou começando o governo agora, tenho feito tudo para ser o mais transparente possível, tenho comunicado ao Ministério Público as nossas decisões. Inclusive, em uma reunião com a sociedade civil, eu informei ao Ministério Público sobre os preços dos materiais que até um ano, um ano e meio atrás, a gente pagava menos da metade. Ou a gente vai deixar o povo sem remédio, vai deixar o povo sem equipamento? Ou a gente compra, ou vai deixar o povo morrer. Eu não tenho temor de CPI. Agora, a CPI está aberta. E a gente tem visto realmente falar muito pouco dela. E eu não me envolvo nas questões da Câmara. Todo o tipo de informação que a Câmara pede ao município para o andamento da CPI, a ordem do prefeito é de que dê a informação. Eu não me envolvo, não sei nem em que pé estão as CPIs que tramitam hoje na Câmara (as CPIs do Transporte e da Educação tem prazo de investigação até 31 de dezembro de 2020, enquanto a da Saúde pode se estender até 8 de setembro deste ano).

Fim da Fundação Municipal de Saúde? – Eu estudo encaminhar. Eu não vou tomar decisão nenhuma sem ter um estudo técnico me embasando antes, mas tem um estudo sendo encaminhado para isso. Se for o entendimento da nossa equipe técnica fazer, nós vamos fazer. Mas, agora, vamos ter que encarar a decisão de fazer, o que não será fácil. Ela não foi extinta até hoje porque existem pressões contrárias, que não querem extinguir a Fundação por N motivos. Mas do ponto de vista estrutural e organizacional, hoje é difícil enxergar motivos para mantê-la. Eu quero saber, até do ponto de vista administrativo e jurídico, se acabar com a Fundação o que pode acontecer? Vão fazer o estudo para mim, vão me entregar ele. Mas esse é um problema histórico e grave de Campos. Na verdade, não é acabar com a Fundação, é integrá-la à secretaria (de Saúde). Se tiver viabilidade técnica e jurídica, a vontade existe.

Clarissa e Mérida a federal, Bruno Dauaire, Fábio Ribeiro e Juninho Virgílio a estadual? – Eu preciso estar bem politicamente para lançar os candidatos e pedir à população que os ajude. Mas, hoje, falar de nomes, está muito cedo. Eu sei o que é querer ser candidato e não poder ser. Aconteceu isso comigo em 2014 (o ex-governador Anthony Garotinho apoiou Geraldo Pudim a estadual e Wladimir, sem vaga no grupo, lançou e ajudou a eleger Bruno Dauaire pela primeira vez à Alerj). E depois eu me elegi (em 2018) a deputado federal. Eu já ouvi de 10 vereadores que têm sonho de ser deputado. Agora, isso é uma construção. Vai depender do vereador que estiver ao nosso lado, vai depender do vereador que estiver ativo na defesa do governo, do vereador que tiver viabilidade política, o que é medido em pesquisa. Eu acho que se dividir muito, se lançar muito candidato, acabar não elegendo ninguém. E isso não é bom para a cidade. É bom que a cidade tenha representatividade. E Campos perdeu para a Covid dois deputados (estaduais, Gil Vianna e João Peixoto, mortos pela pandemia em 2020). Primeiro é vencer a Covid, estruturar a cidade, ter pelo menos o básico funcionando, porque nem isso vinha funcionando bem em Campos. Para depois pedir ao povo de Campos: por favor, nos ajude a fazer Campos melhor, ter um prefeito que está no poder que está pedindo para ter representatividade para pleitear coisas ao Governo Estadual e Federal. Clarissa e Bruno são naturais, eles já estão no mandato. Os demais são uma construção política.

Bruno Vianna a estadual? – Bruno é meu amigo pessoal, uma pessoa que eu gosto muito. A mãe dele, inclusive, é minha subsecretária (de Desenvolvimento Humano e Social) e não é por ser mãe do vereador. Ela tem um coração muito bondoso, a Andrea (Vianna). É uma pessoa em uma relação muito próxima com as entidades, a Apae, a Apape, e muito trabalhadora. E fiz isso como uma maneira, inclusive, de homenagear o meu amigo Gil Vianna, com quem eu tinha uma relação pessoal próxima, independente de às vezes estar em lados políticos diferentes. Então Bruno é também um que tem a sua pretensão. Eu já conversei com ele algumas vezes sobre isso. Mas, como eu falei, lançar muitas pessoas não é bom para a cidade, porque vai acabar não elegendo ninguém. A gente tem que ter maturidade política e entender o momento. Quem tiver maior viabilidade, a gente vai lançar como candidato.

Inversão: Clarissa a estadual e Bruno Dauaire a federal – De concreto, nada. Eu ouvi também, foi uma coisa que surgiu aqui por Campos mesmo, mas nunca houve conversa real nesse sentido, da inversão dos dois. Não que minha irmã não tenha o desejo de ser (deputada) estadual. Ela já disse isso publicamente algumas vezes; ela é mãe, quer ser mãe novamente. Mas essa inversão com Bruno Dauaire nunca foi discutida internamente. Até porque eu acho que se fosse o caso de ter os dois (deputados) estaduais, não haveria maior problema, porque ela tem base eleitoral fora. Bruno, por ser secretário estadual de Assistência, também está ganhando base eleitoral fora. Tudo vai ser conversado no momento oportuno.

 

Confira abaixo, em três blocos, os vídeos da entrevista do prefeito Wladimir Garotinho ao Folha no Ar, na Folha FM 98,3, no início da manhã de ontem (13):

 

 

 

 

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