
A 38 dias das urnas de 2 de outubro, a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral continua caindo. Foi o que confirmou a pesquisa Exame/Ideia feita de sexta (19) a quarta (24) e divulgada hoje (25), cuja consulta estimulada ao 1º turno deu 44% das intenções de voto ao petista, contra 36% do capitão. A diferença atual de 8 pontos era de 11 pontos (44% a 33%) na Exame/Ideia de 21 de julho. Indica que o ex-presidente bateu em seu teto e patina, enquanto o atual cresce. Lula continua vencendo a projeção ao 2% turno de 30 de outubro, no qual hoje bateria Bolsonaro por 49% a 40%, fora da margem de erro de 3 pontos para mais ou menos. A pesquisa foi feita por telefone com 1.500 eleitores.

Índice considerado fundamental à definição do 2º turno, a rejeição também vem se encurtando entre Lula e Bolsonaro. Hoje há empate técnico entre os 45% dos brasileiros que não votariam de maneira nenhuma no capitão, contra os 42% do petista. A diferença na rejeição, que era de 6 pontos em julho, caiu pela metade, para apenas 3 pontos em agosto. Mês que confirmou a cristalização da polarização da eleição entre o ex-presidente e o atual. Na consulta espontânea, sem apresentação dos nomes dos candidatos, Lula teve 33% das intenções de voto, em outro empate técnico com os 30% de Bolsonaro. A diferença atual de 3 pontos entre os dois também caiu pela metade, em relação aos 6 pontos (36% a 30%) na espontânea de julho. Para 83% dos eleitores, o voto a presidente já está definido. Para cobiçados 13% dos brasileiros, o voto ainda pode mudar.


— A vantagem de Lula para Bolsonaro diminuiu dentro da margem de erro, o que pode indicar leve redução da diferença ou manutenção da distância. No levantamento anterior, divulgado em 21 de julho, a diferença era de 11 pontos (44% a 33%). Na pesquisa divulgada hoje, caiu para 8 pontos (44% a 36%). O crescimento de 3 pontos para cima, dentro da margem de erro, pode indicar ganho de intenção de Bolsonaro. Ciro Gomes (PDT) oscilou 1 ponto para cima, passando a 9%. Simone Tebet (MDB) mantém os 4% da sondagem anterior. Na pesquisa espontânea, Lula e Bolsonaro empatam dentro da margem de erro, com o primeiro numericamente à frente (33% a 30%). Refletindo o grau de consolidação e de definição do voto, 83% dos eleitores entrevistados declararam que o voto para presidente já está definido, contra apenas 13% que disseram que ainda podem mudá-lo — concluiu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística do Setor Público, da População e do Território na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE.
Diferente de outras pesquisas recentes, como a BTG/FSB de segunda (22), ou a aguardada Datafolha da quinta anterior (18), a Exame/Ideia de hoje não divulgou os números das intenções de voto por fatias. Assim, é impossível confirmar se o crescimento de Bolsonaro se deu no voto dos evangélicos e da classe média, como indicam todas as pesquisas das duas últimas semanas. Assim como no voto dos pobres que recebem o novo Auxílio Brasil pago desde o dia 9, como indicaram a PoderData do dia 17 e a BTG desta semana. Sobre esse eleitor que recebe o benefício federal, a Exame/Ideia se limitou a projetar que representa 18% dos brasileiros.
— Para Maurício Moura, fundador do Ideia, que realizou a pesquisa, a definição do voto está acontecendo cada vez mais cedo. Ou seja, há pouco espaço de convencimento de eleitores que podem mudar de voto”. Ele acrescenta que, entre os que poderiam mudar de voto, um dos grupos mais relevantes é o de jovens, de 16 a 24 anos. “Talvez eles tenham um grau de desencanto maior com as alternativas que estão na corrida eleitoral. É um grupo que vai ser fundamental nesta reta final. Além disso, existe a classe C, de pessoas que ganham entre três e seis salários-mínimos e que votaram no Bolsonaro (em 2018). Atualmente, essa parcela não vota mais nele no mesmo grau de intensidade” — complementou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE.