Lula lidera, mas patina. Bolsonaro cresce nos evangélicos, classe média e pobres

 

(Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Na confirmação da tendência eleitoral apresentada em várias pesquisas da semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém sua liderança isolada na corrida presidencial para as urnas de 2 de outubro, daqui a exatos 41 dias. Mas continua estacionado em seu teto, onde bateu e patina desde março, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) confirma sua tendência lenta, mas gradual de crescimento. Na nova pesquisa BTG/FSB feita de sexta (19) a domingo (21), e divulgada hoje (22), Lula manteve os 45% de intenções de voto na consulta estimulada ao 1º turno. Já Bolsonaro cresceu dentro de margem de erro de 2 pontos, passando de 34% a 36% na última semana.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

SEGUNDO TURNO E REJEIÇÃO — A diferença entre os dois na projeção do 2º turno também caiu 2 pontos: da vitória do petista por 53% a 38% na pesquisa BTB/FSB de 15 de agosto, aos 52% a 39% de hoje. Mas no índice considerado fundamental à definição do 2º turno, o capitão continua sem apresentar melhora: ele segue liderando a rejeição, na qual cresceu de 54% aos 55% dos brasileiros que não votariam nele de maneira nenhuma, enquanto Lula se manteve nos mesmos 44%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

VOTO EVANGÉLICO — O crescimento de Bolsonaro veio em faixas do eleitorado que também já tinham projetadas nas pesquisas da semana passada. Entre as BTG/FSB de 15 e 22 de agosto, o capitão ampliou sua vantagem sobre o petista no voto dos evangélicos: de 49% a 30% (19 pontos) para 56% a 30% (26 pontos).

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

VOTO DA CLASSE MÉDIA E COMBUSTÍVEIS — O presidente também votou a crescer sua vantagem sobre o ex nos votos da classe média, com renda familiar mensal entre 2 e 5 salários mínimos: de 40% a 38% (2 pontos, empate técnico na margem de erro) para 43% a 36% (7 pontos, fora da margem de erro). Esse crescimento está associado à sensação de redução no gasto dos combustíveis: em 15 de agosto, eram 64% que achavam os preços um pouco ou muito menores. Índice que cresceu 8 pontos no espaço de uma semana, aos 72% de hoje.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

VOTO DO POBRE E AUXÍLIO BRASIL — Faixa em que tem sua maior desvantagem a Lula, Bolsonaro também cresceu entre os mais pobres na última BTG/FSB. Entre os que têm renda mensal até 1 salário mínimo, o petista caiu 2 pontos: de 66% das intenções de voto a 64%. Mas o capitão cresceu 5 pontos: de 15% a 20%. Na faixa seguinte, com renda de 1 até 2 salários mínimos, não houve alteração fora da margem de erro. Entre as duas faixas, a alteração é fruto do novo Auxílio Brasil de R$ 600,00, que passou a ser pago em 9 de agosto. Entre os que recebem diretamente o benefício federal, Lula também mantém a liderança folgada, mas caiu 9 pontos, de 61% a 52% das intenções de voto. Em movimento oposto, Bolsonaro cresceu 7 pontos na última semana, de 24% a 31% no voto do brasileiro mais pobre.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE

ANÁLISE DO ESPECIALISTA — A pesquisa indica a possibilidade de Lula ter atingido o teto de intenção de votos neste 1º turno, ao mesmo tempo que aponta para a redução da diferença para Bolsonaro até o dia da votação. Assim, a tendência é de que haja 2º turno e de que Lula vença por uma margem mais estreita do que apontavam as pesquisas anteriores. Importante destacar nesta pesquisa da BTG/FSB que 79% dos eleitores ouvidos afirmaram que a decisão do voto para o dia 2 de outubro já está tomada, enquanto somente 20% informaram que ainda podem mudar o voto. Já 95% deram certeza de que comparecerão às urnas. Os ganhos relativos de intenção de Bolsonaro entre os evangélicos, a classe média, os pobres e os que recebem Auxílio Brasil indicam que são a divisão religiosa, a economia e a comida que chega no prato, ou a falta dela, os grandes determinantes do voto desta eleição — concluiu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística do Setor Público, da População e do Território na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE.

 

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