Rodrigo Bacellar articula Carla Machado a prefeita de Campos

 

Carla Machado, Rodrigo Bacellar, Caio Vianna, Bruno Calil, Wladimir Garotinho, Jefferson Azevedo, Filippe Poubel e Rodrigo Amorim, quando quebrou em 2018 a placa da vereadora carioca do Psol Marielle Franco, executada a tiros naquele ano (Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Carla quer, mas pode ser candidata a prefeita?

Deputada estadual e ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PT) quer ser candidata a prefeita de Campos em 2024? Quer! E pode? Por entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe a terceira candidatura a prefeito consecutiva em município limítrofe, não! Mas há uma tese jurídica que começa a ecoar no PT fluminense: a última candidatura de Carla foi a deputada estadual, em 2022, na qual se elegeu. Não sua reeleição de prefeita em 2020. De onde passa a contar? Como qualquer definição jurídica, depende de interpretação.

 

Articulação de Rodrigo Bacellar

A tese jurídica que poderia abrir espaço para Carla disputar a eleição de 2022 a prefeita de Campos, na qual seu nome é sondado desde 2016, teria sido elaborada por Robson Maciel Júnior. Advogado conceituado de Campos, com larga experiência em direito eleitoral e público, ele é procurador-geral da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O que revela o grande articulador dessa eventual candidatura de Carla a prefeita: o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União).

 

Procura-se candidato

Na última eleição a prefeito de Campos, em 2020, Rodrigo ainda não era secretário estadual de Governo de Cláudio Castro (PL). Com quem, como relator do impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PSC) na Alerj, teve fatura aberta. Mas o deputado viveu três anos atrás um dilema que, para 2024, seria resolvido com Carla. Porque em 2020 Rodrigo apoiou e rompeu com Caio Vianna (hoje, PSD), depois aventou lançar um juiz e dois outros médicos ao cargo, antes de finalmente vir com Dr. Bruno Calil (hoje, MDB).

 

Demanda do 3º ao 2º turno

A quem acompanhou a eleição a prefeito de 2020 pela objetividade fria dos números das pesquisas, confirmados nas urnas do primeiro e segundo turnos, é fato aritmético: Wladimir Garotinho (hoje, PP) só não se elegeu prefeito em turno único, por conta da alavanca no canto que Rodrigo engatou na campanha de Bruno Calil. E o fez terceiro colocado na disputa, acima dos dois dígitos: 13,17% dos votos válidos. Ficou atrás dos 42,94% de Wladimir e dos 27,71% de Caio, que disputaram um segundo turno duríssimo vencido pelo primeiro.

 

Perguntas de 2020 a 2024

Se, só como simples deputado estadual, Rodrigo levou ao segundo turno a eleição a prefeito de Campos em 2020, com um candidato até então cotado apenas a vereador, o que poderia fazer em 2024? Como presidente de uma Alerj cada vez mais empoderada e com uma candidata com a densidade eleitoral de Carla? Poderia repetir o seu feito no pleito majoritário de Campos em 2020? E forçar também o segundo turno em 2024? Que todas as pesquisas, até aqui, indicam ser hoje desnecessário para reeleger Wladimir prefeito?

 

Nova pesquisa e a questão PT

Como o grupo dos Bacellar fez recentemente uma nova pesquisa quantitativa a prefeito de Campos em 2024, mas não a divulgou, tudo indica que Wladimir se mantém franco favorito, a pouco mais de 11 meses da urna. Se puder ser candidata, para que Carla tivesse mais chance, os articuladores dos Bacellar entendem que ela não deveria concorrer pelo PT. Por conta dos 63,14% dos votos válidos do campista a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno presidencial de 2022. Mas, interessado em sua bancada na Alerj, o PT liberaria Carla para sair do partido?

 

Como ficaria Jefferson?

Até os Bacellar investirem na possibilidade de Carla, o reitor do IFF, professor Jefferson Azevedo, era o provável candidato do PT a prefeito de Campos. Agora, ele talvez só venha se ela puder e também o fizer por outra legenda. Já houve conversa entre Carla e a estadual do PV, aliado do PT na Federação que elegeu Lula presidente. Articuladores dos Bacellar também já especularam que as chances de Jefferson numa Campos bolsonarista seriam maiores fora do PT. Mas, diferente de Carla, o reitor do IFF não mudaria de partido para tentar ser prefeito.

 

Da esquerda à extrema-direita

Mesmo que Carla possa ser candidata e consiga concorrer fora do PT, deixando este para Jefferson, o esforço dos Bacellar não se resume à esquerda. No objetivo de pulverizar os votos a prefeito para tentar diminuir a grande vantagem de Wladimir nas intenções de voto nestes 11 meses que os separam da urna, uma candidatura de extrema-direita também está na estratégia. Neste sentido, uma nota na mídia carioca tentou até lançar a prefeito de Campos o deputado estadual bolsonarista Filippe Poubel (PL). Que é político de Maricá.

 

Governo Wladimir deve explicação

Lançado como blefe a quem conheça algo da política goitacá, ou saiba que Maricá não é SJB, Poubel esteve em Campos na sexta (20). Veio com os colegas Rodrigo Amorim (PTB) e Alan Lopes (PL), todos aliados de Bacellar na Alerj. Armaram um circo patético, no jogo de cartas marcadas com a oposição local. Só trouxeram um ás na manga: buscaram no Hospital Geral de Guarus (HGG) um médico, residente na Bahia, que “empresta o nome para outra pessoa trabalhar”. Não deve mudar a aprovação de Wladimir. Mas seu governo deve explicações.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Atualizado às 10h15 para correção de informação.

 

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Este post tem um comentário

  1. Ricardo Gomes

    Wladimir continua imbatível, Carla candidata a Prefeita de Campos? Só vai queimar o filme dela….
    A candidatura do POLBEL é uma piada de péssimo gosto do Presidente da Câmara , uma trágica comédia a ser inserida nos anais da Política Goitaca.
    O prefeito está apurando a caso do HGG , Wladimir nunca comungou com estas coisas.Vai apurar e punir, ele já fez isso antes.

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