Campos/SJB 2024: Bacellar e Carla x Wladimir e Caio sob análise

 

“Toda ação provoca uma reação igual e em sentido contrário”. Terceira Lei de Newton, serve para explicar do universo à política humana. À tentativa do grupo dos Bacellar de lançar (confira aqui) a deputada estadual Carla Machado (PT) à prefeita de Campos, os Garotinhos responderam com a possibilidade (confira aqui) de lançar o deputado federal Caio Vianna (PSD) prefeito de São João da Barra.

Na prática, nenhum dos dois movimentos parece capaz de afetar o grande favoritismo que os prefeitos, respectivamente, Wladimir Garotinho (PP) e Carla Caputi (sem partido), têm em todas as pesquisas (confira aqui e aqui) para se reelegerem em 6 de outubro de 2024. a pouco mais de 9 meses. Mas as movimentações políticas entre os dois municípios, a favor e contra a corrente do Paraíba do Sul, têm gerado marolas no leito do rio.

Abaixo, a leitura delas, por fontes balizadas da política planiceana, sejam seus integrantes ou analistas:

 

Em cima: Wladimir Garotinho, Caio Vianna, Rodrigo Bacellar, Carla Machado e Carla Caputi. Observados abaixo por Nelson Nahim, Marcão Gomes, Guiomar Valdez, George Gomes Coutinho e William Passos (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Nelson Nahim (MDB), ex-prefeito de Campos, ex-deputado federal, ex-presidente da Câmara Municipal e advogado — “Tanto Wladimir como Carla Caputi têm candidaturas muito fortes, isso confirmado até agora em todas as pesquisas. Caio candidato em São João da Barra, na minha opinião, seria uma aventura. Bem como em Campos, até agora, não vemos uma candidatura para bater o prefeito. Carla, na minha modesta opinião, está impedida pela legislação eleitoral de se candidatar por Campos, fora a discussão de sua ilegitimidade”.

Marcão Gomes, ex-deputado federal, ex-presidente da Câmara de Campos, servidor federal, advogado e pré-candidato a vereador em 2024 — “O mandato de deputado federal de Caio depende diretamente da benção de Eduardo Paes (PSD). Caso contrário, volta a ser suplente. O deputado estadual Rodrigo Amorim (PRD), fiel escudeiro do Rodrigo Bacellar (União), é quem mais tem antecipado o confronto direto com o Paes à Prefeitura do Rio, numa prévia do que deve acontecer de maneira cada vez mais intensa até o ano que vem. Eduardo resolveu também mexer o tabuleiro aqui na região, determinando a Caio o afastamento de Bacellar e aproximação com Wladimir. Então o Caio, na verdade, tem que cumprir a missão dada por Paes, seja aqui em Campos ou SJB”.

Roberto Henriques, ex-prefeito de Campos e ex-deputado estadual — “Pelas redes sociais, dirigentes do PT campista festejaram a transferência de domicílio eleitoral da deputada Carla Machado e sua candidatura. Uma breve pesquisa junto à nota pública à época, nas redes sociais da deputada, encontrará declarações dos petistas dizendo que a mudança eleitoral e a candidatura da deputada seria para ‘dar maior visibilidade ao Partido dos Trabalhadores’. Esse tipo de declaração é uma confissão descarada de renúncia à cidade. Julgo que é tratar Campos e São João da Barra com menoscabo; é acinte, é política rasteira. Quem patrocina e participa desse ‘tráfico eleitoreiro’, não está à altura da importância da nossa região. Quando os dois lados, Carla e Caio, falam mal um do outro, os dois estão com a razão”.

Guiomar Valdez, historiadora e professora do IFF — “Garotinhos + Viannas + Dauaires X Bacellares + Machados = pensando aqui… Se continuarem a fomentar o nome de Carla Machado em Campos, mesmo com outras intenções, os Bacellares vão pagar esse preço que está ficando alto? Onde estarão as suas certezas? Quanto à opinião do PT de Campos, expressa pelo Gilberto (confira aqui), me veio a necessidade de observar a situação do PT no Estado do Rio. Ora sob total domínio de Quaquá, vice-presidente de Gleise Hoffmann no PT nacional, ora disputando a hegemonia com Lindbergh. Poderíamos ampliar o território analisado e observar o movimento do PT em Macaé, por exemplo. O diretório de lá está em pé de guerra, entre os que aderiram ao governo Welberth (Rezende, Cidadania), na ocupação da secretaria de Educação, e os que, como o ex-vereador petista de dois mandatos Marcel Silvano, expõem sua insatisfação nas redes sociais”.

George Gomes Coutinho, cientista político, sociólogo e professor da UFF-Campos — “A dinâmica bastante crua da disputa de poder na conjuntura campista, em minha perspectiva, tem algo de déjà vu. Porém, não é a singularidade nossa no Norte Fluminense que está exposta. Falamos aqui de algo profundo, do inconsciente político brasileiro em sua aparição mais rude, crua, bruta. É a disputa de grupos rivais, organizados em clãs, o que envolve regras de pertencimento, hierarquia, configuração familial e entre nós o domínio de um patriarca. Tudo pelo poder em um dado território e sobre o destino das pessoas que habitam este mesmo território. Oliveira Vianna, teórico político conservador, fez a radiografia dessa característica clânica da política brasileira na primeira metade do século XX. Neste cenário não há espaço para disputa de ideias. Há é o grupo organizado que mantinha, quase por milagre, a unicidade daquela comunidade. A estabilidade se instaura, algo necessário para o pequeno burguês tocar seu comércio, quando um grupo mantém o domínio. E o circo pega fogo quando um grupo se depara com a concorrência de outros. Essa descrição é de uma força política concreta pré-moderna. Não há uso público da razão, disputas programáticas entre socialistas, liberais e suas subdivisões. Há é Montéquios e Capuletos (famílias inimigas na política da Verona de ‘Romeu e Julieta’, tragédia de William Shakespeare) em disputa franca, onde dedo no olho e golpes abaixo da cintura são permitidos. Projetos e soluções coletivas negociadas se apresentam como meros adornos, quando aparecem. Talvez essa mentalidade clânica seja o que guia os grupos em disputa. E não, isso não é nada bom para uma sociedade com a nossa complexidade. Vianna descreveu a sociedade colonial, a do Império e parou na Primeira República. Não custa lembrar que estamos em momento pós-Constituição de 1988”.

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE, especialista em pesquisas — “Wladimir vem se revelando uma personagem muito interessante. E, num certo sentido, surpreendente dentro do garotismo. Pragmático, político de composição, pode ajudar a tornar atrativo o pleito de São João da barra, que parecia bastante previsível. Acompanhemos!”

 

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