A pessoa que colou cartaz no prédio da reitoria da Uenf na sexta (12), com denúncia anônima (confira aqui) de assédio na universidade, já teria sido identificada em vídeo do sistema interno da instituição. Seria uma servidora, não a aluna que teria sido a suposta vítima do suposto assédio. Se essa informação for confirmada, além da investigação interna, pode gerar consequências também no Judiciário.
Hoje, o coordenador do curso de Ciência Sociais, professor Hamilton Garcia; e o diretor do Centro de Ciências do Homem (CCH), professor Geraldo Timóteo; adiantaram que pretendem ingressar na Justiça Criminal e Cível contra o(a) autor(a). Embora não nominados, os dois tiveram seus cargos citados na denúncia anônima. Que gerou, na manhã de hoje, carta de repúdio (confira aqui) do Laboratório de Estudos da Sociedade Civil e do Estado (Lesce), do CCH da Uenf.
— Esperamos a divulgação do vídeo que identifica quem colou os cartazes para tomar as providências cabíveis na Justiça. Tanto Criminal, por calúnia e difamação, quanto na Cível, por danos morais. O caso todo é muito desagradável, mas precisamos entender quem está por trás deste virtual “gabinete do ódio” uenfiano. Neste sentido, é melhor que isso seja divulgado na imprensa séria, para que as pessoas sérias possam acompanhar o caso com a seriedade que merece — disse Hamilton Garcia, coordenador do curso de Ciência Sociais do CCH da Uenf.
— Nem como diretor do CCH, nem como coordenador do curso de Ciências Sociais, nunca recebi nenhuma denúncia de assédio sexual de uma aluna ou aluno. O que cabe, nesses casos, é proteger a vítima e evitar que possa haver uma nova vítima. Se existe a vítima, ela precisa ser identificada internamente. Para, com sua identidade preservada, ser ajudada a se recuperar do quadro de depressão de que fala a denúncia anônima. Agora, se não existe a aluna que teria sido vítima, e se há o vídeo que prova que uma servidora colou os cartazes, além do crime de difamação, há também o de falsidade ideológica. Vamos esperar a divulgação do vídeo para, além da apuração interna, ingressarmos na Justiça — disse o diretor do CCH, professor Geraldo Timóteo.
Ontem, antes da notícia da existência do vídeo, a reitora da Uenf, professora Rosana Rodrigues, falou sobre o caso. Ela também negou ter sido procurada por qualquer suposta vítima para falar sobre o suposto caso de assédio, como foi dito nos cartazes da denúncia anônima colados na reitoria:
— Estamos lidando com essa situação com muita cautela. A universidade tem canais apropriados para denúncias que resguardam o(a) denunciante. Embora essa não seja a forma de se denunciar qualquer ação, haverá apuração via processo administrativo e legal. Posso garantir que a “Rosana” nunca recebeu qualquer informação sobre os assédios relatados. Assédio é intolerável em qualquer ambiente, sobretudo dentro de uma universidade. Entendo perfeitamente que ocupo a posição em que estou hoje para dar voz a quem nunca foi ouvida(o) pelo sistema patriarcal, machista e misógino. E jamais vou me calar ou proteger quem pratica tais atos. Infelizmente a onda das fake news chegou até a universidade
Hoje, também foi ouvido o professor da Uenf Rodrigo Caetano. Como ele foi o diretor do CCH até dezembro de 2023 e um dos cartazes fala que o suposto assédio teria sido praticado no ano passado, ele destacou essa dubiedade temporal da denúncia anônima:
— Espero a posição oficial da reitoria e o acesso a esse vídeo com quem colou os cartazes para conversar com advogados e saber como me posicionar. Não queria falar nada antes. Só garanto nunca ter sido procurado por nenhum aluno com nenhuma denúncia de assédio. E que denúncias anônimas como essa, confusas e, no mínimo, dúbias, afetam a honra e a dignidade das pessoas, de servidores públicos íntegros e dedicados à Uenf, assim como suas famílias. Precisamos e vamos chegar ao fim disso. Se não a Uenf pode virar um inferno! — advertiu o professor Rodrigo Caetano.