“Infelizmente, a onda das fake news chegou à universidade”. Foi como a reitora da Uenf, Rosana Rodrigues, reagiu à colagem de dois cartazes em um dos banheiros da reitoria na sexta (12). Para fazer a denúncia anônima de um suposto assédio que teria sido praticado em 2023 pelo coordenador de Ciências Sociais a uma aluna. E de que esta, por sua vez, teria levado essa denúncia ao diretor (do CCH, Centro de Ciências do Homem) e à reitora, que não teria feito nada.
— Estamos lidando com essa situação com muita cautela. A universidade tem canais apropriados para denúncias que resguardam o(a) denunciante. Embora essa não seja a forma de se denunciar qualquer ação, haverá apuração via processo administrativo e legal. Posso garantir que a “Rosana” nunca recebeu qualquer informação sobre os assédios relatados. Assédio é intolerável em qualquer ambiente, sobretudo dentro de uma universidade. Entendo perfeitamente que ocupo a posição em que estou hoje para dar voz a quem nunca foi ouvida(o) pelo sistema patriarcal, machista e misógino. E jamais vou me calar ou proteger quem pratica tais atos. Infelizmente a onda das fake news chegou até a universidade — disse Rosana.
A reitora também confirmou que levou a situação, na própria sexta, ao Conselho Universitário da Uenf. Que deve emitir uma nota de repúdio. Coordenador do curso de ciências sociais, o cientista político Hamilton Garcia também se posicionou sobre a denúncia anônima a ele dirigida:
— Tomei contato a pouco com a peça difamatória que circula em banheiros da universidade, disseminada também, como seria de se esperar, em grupos de estudantes. O que me intriga, além do rol de implicados no suposto assédio, que vai da CooCISO à Reitoria, é por que, ao que se diz, foi uma servidora e não uma estudante a espalhar tais cartazes? Aguardemos as providências administrativas e legais que podem nos ajudar a entender quem está por trás deste virtual “gabinete do ódio” uenfiano — cobrou Hamilton.
Abaixo, as imagens dos cartazes colados no banheiro da reitoria. O caso é grave e demanda o devido esclarecimento. Mas a denúncia anônima traz aparentes indícios de má-fé. Quando diz “fui assediada pelo coordenador no curso de ciências sociais”, a suposta aluna não diz se o suposto assédio teria sido moral ou sexual. O que, quase sempre, empurra à apreensão do segundo caso. Ademais, a reitora foi assertiva ao negar ter recebido tal denúncia.
Lamentávelmente aconteceu também com o Curso de Pós Graduação em Cognição e Linguagem na semana passada, incrivelmente semelhantes aos textos absursos, acusações sem qualquer tipo de provas ou evidências (teor da denuncia completa), onde parte dela foi publicada aqui neste jornal, com base da chamada realizada na página do MPRJ. Acreditamos que esse virtual “gabinete do ódio” precisa responder pelos seus atos de forma exemplar.
Acredito que existem outras opções melhores de resposta a essa denúncia do que efetivamente subverte-lá a calúnia. Todos conhecem esse padrão de comportamento, onde se procura confundir quem é efetivamente uma vítima e um agressor pra tirar o foco da mensagem que está ali.
Me parece uma pessoa esgotada pela tentiva de denúncia pelos meios oficiais, que não encontrou outra forma de lidar com isso. Talvez até pela própria dor do que tenha acontecido.
Essa declaração é tanto para a Uenf quanto pro CCH, uma vergonha. Em vez de demonstrar preocupação em averiguar, em resolver a situação como uma incógnita, imediatamente se coloca a denúncia como uma tentativa de difamação e de “fake news”.