Wladimir vence, Rodrigo perde
Quem foi o grande vencedor da eleição municipal de Campos? Se não há dúvida ao afirmar que foi o prefeito Wladimir Garotinho (PP), reeleito no 1º turno com 19 dos 25 vereadores, parece também não haver dúvida para reconhecer o grande perdedor do pleito: o presidente da Alerj, deputado Rodrigo Bacellar (União). Isso foi exposto aos campistas na derrama de recursos, com bandeiras do 44 em todas as principais ruas do município. Nada muito diferente do que Anthony Garotinho (hoje, REP) fez em 2004 e 2006, quando Rosinha era governadora, pelo então candidato a prefeito do casal, Geraldo Pudim (hoje, PV e aliado dos Bacellar).
Vaidade desnecessária
Foram vários erros cometidos pela oposição liderada por Rodrigo, a despeito de suas virtudes para chegar tão rápido a presidente da Alerj. O primeiro foi colocar sua imagem pessoal, que não concorria a nada, em toda a propaganda não só da Delegada Madeleine (União) a prefeita, como dos candidatos a vereador. Num exercício de vaidade desnecessário. E desinteligente diante das pesquisas que apontavam a reeleição de Wladimir no 1º turno desde a GPP de março de 2023. Como foi a Iguape de julho daquele ano que sepultou, por baixa intenção de voto, a ideia do presidente da Câmara Municipal, Marquinho Bacellar (União), vir a prefeito.
Com Rodrigo x sem Garotinho
Como a terceirização da principal candidatura majoritária da oposição foi definida ainda em 2023, pela pouca chance de um Bacellar bater o prefeito, por que depois associar Rodrigo a Madeleine na propaganda de 2024? Sobretudo quando nenhuma das 7 pesquisas registradas no TSE neste ano eleitoral, incluindo a desaparecida Paraná de setembro, jamais deixou de apontar a vitória de Wladimir no 1º turno? A primeira decisão, pragmática, é oposta à vaidade da segunda. Ademais, pode ter gerado no eleitor a ideia que Madeleine, se eleita, seria só uma preposta de Rodrigo. Imagem que Wladimir conseguiu desfazer em relação ao pai.
Goleada de 19 a 6 e disputa da artilharia
A maior derrota dos Bacellar no domingo (6), porém, não veio do pleito a prefeito de Campos mais fácil de antever desde a reeleição de Rosinha ao cargo em 2012. Veio naquela que era considerada a especialidade dos presidentes da Alerj e da Câmara de Campos: a eleição legislativa. Onde os recursos de Rodrigo não impediram a goleada de Wladimir nos vereadores por 19 a 6. Com uma derrota particular: Marquinho não teve menos voto só que o governista Kassiano Tavares (PP), reeleito como edil mais votado. Ficou também atrás da jovem estreante Thamires Tavares (PMB). Cuja eleição deve ao pai, o deputado estadual Thiago Rangel (PMB).
Dinheiro x voto
Reeleito prefeito no 1º turno de 2024, em tendência confirmada por 13 pesquisas (incluindo três Quaest não registradas) em mais de 18 meses de medição antes da urna, Wladimir se cacifa a voos maiores em 2026. Assim como o prefeito Eduardo Paes (PSD), reeleito na cidade do Rio também em turno único e virtual candidato a governador do estado daqui a dois anos. Que é o objetivo também de Rodrigo. Se concretizado, a derrota acachapante na Campos de 2024 tem lições a ensinar. A principal? Dinheiro pode ter importância preponderante em eleição proporcional. Na majoritária, embora também influa, o fundamental é ter voto.
Virgem de 2º turno em Campos
Há outra lição. Que se tira da comparação da derrama de recursos nas eleições a prefeito de Campos em 2004 e 2006 (após a primeira ter sido anulada pela Justiça), ambas com os Garotinho no controle do Executivo estadual, e na de 2024 com os Bacellar no controle do Legislativo estadual. Embora tenha perdido duas eleições seguidas ao apostar em Pudim, fraco de voto, Garotinho conseguiu levar seu candidato ao 2º turno a prefeito. Com Bruno Calil (hoje, MDB) em 2020 e Madeleine em 2024, Rodrigo ainda não conseguiu levar um candidato seu além do 1º turno em Campos. Os Bacellar têm que aprender a disputar eleição majoritária.
Publicado hoje na Folha da Manhã.