Morre Mario Vargas Llosa, escritor e tradutor da América Latina

 

Mario Vargas Llosa

 

Morreu hoje (13), aos 89 anos, em Lima, no Peru, um dos maiores escritores produzidos naquele país e na América Latina: Mario Vargas Llosa. Nobel de Literatura em 2010, foi um dos principais expoentes do chamado boom latino-americano, movimento que ganhou nos anos 1960 e 1970 o mercado editorial do mundo. Onde esteve ao lado de outros gigantes literários, como o argentino Julio Cortázar, o colombiano Gabriel García Márquez e o mexicano Carlos Fuentes.

Na política, Llosa se tornou também conhecido, e combatido por colegas de literatura, quando trocou a defesa do socialismo e da Revolução Cubana de 1959, bandeiras da sua juventude, pelo liberalismo econômico em sua fase madura. Nela, disputou a eleição a presidente do Peru em 1990 por uma coligação de direita. E chegou a vencer o primeiro turno, mas acabou derrotado no segundo por Alberto Fujimori — uma espécie de protótipo nipo-peruano do atual presidente argentino, Javier Milei.

Llosa desceu a espinha dorsal do continente nos Andes para se espraiar como tradutor do que significa ser latino-americano. Profundamente marcado pela leitura de “Os Sertões”, em que Euclides da Cunha narra a Guerra de Canudos (1896/1897), no sertão da Bahia, da qual foi testemunha, o peruano fez a sua própria expedição a Canudos. E dela emergiu com um livro não menos importante do que aquele que fundamentou em 1902, com Euclides, o próprio conceito de brasilidade.

Publicado em 1981, “A Guerra do Fim do Mundo” mistura a ficção do anarquista e frenólogo escocês Galileu Gall com personagens reais como o líder messiânico Antônio Conselheiro, seu comandante guerrilheiro Pajeú e o coronel Moreira César, cruel representante dos militares que transformaram o Brasil de Império em República. E que se consolidaria no governo Prudente de Moraes, nosso primeiro presidente civil, ao custo do massacre de 25 mil brasileiros reunidos pelos Evangelhos e a produção coletiva da terra seca do sertão, às margens do rio Vaza-Barris.

Tomar “Os Sertões” como ponto de partida é o caminho não de quem desce os Andes, mas escala a cordilheira literal e literária. Ainda assim, “A Guerra do Fim do Mundo” não padece de vertigem. Na visão e vivência de um peruano sobre uma pedra fundamental do Brasil, se lhe equipara — como versejaria o poeta paraibano Augusto dos Anjos.

Se fosse apenas por isso, Maria Vargas Llosa já teria sido um dos maiores escritores da América Latina.

 

José Cunha Filho — Dos ramos às cinzas, ontem e hoje

 

Cristo saudado com ramos, como Messias, em sua entrada em Jerusalém, em pintura afresco do pré-renascentista Pietro Lorezenzetti (1280/1348) na Igreja de Assis

 

José Cunha Filho, jornalista e escritor

Ramos

Por José Cunha Filho

 

A eterna namorada custa a se preparar para surgir, cheia, plena, invadindo o meu escritório, o meu quarto, o céu inteiro, não faltará ao encontro. Desde os primórdios é testemunha fiel dos acontecidos nesta bola de gude azul hoje habitada por quase nove bilhões de humanos — ainda que a dúvida paire quando se sabe que a limpeza étnica está em processo na chamada Terra Santa. Com os judeus copiando os nazistas e exterminando a população palestina a pretexto de matar terroristas que nunca estão onde caem os mísseis e bombas.

A mesma lua observou, curiosa, talvez, os israelitas saudando o jovem de Nazaré, montado em um burrico, cercado por poucos discípulos, a passar pelos portões de Jerusalém, coisa de uns dois mil e poucos anos passados. Saudado pela população com ramos e flores e gritos de louvor ao Messias. Pouco menos de uma semana depois testemunharia o cumprimento da profecia com o Messias sendo sacrificado em uma cruz romana.

Indiferente ela. Testemunha das tolices da humanidade e do destino do planetinha azul hoje ameaçado por sociopatas como o Trump e os nossos conhecidos e ditos sábios que idolatram a inteligência artificial, mas não conseguem impedir a ação deletéria do clima distorcido por gigatoneladas de poluentes, por mares onde os plásticos e o lixo já superam os peixes e outros seres marinhos. Sobram ainda praias onde se pode olhar as meninas de fio dental e vendedores de mate gelado. Mas, é por pouco tempo, parece insinuar o clarão da lua. Há que reverenciar nos templos o Domingo, dia do Senhor, com os ramos a serem queimados e cujas cinzas servirão para abençoar os fiéis na Quarta-Feira pós Carnaval. Até lá, é aproveitar enquanto ainda se pode.

O resto é silêncio, já nos ensinou Shakespeare através de Hamlet.

 

Aerolula ontem para a vinda de Lula a Campos nesta segunda

 

Ontem, o  Aerolula pousou em Campos, na preparação à vinda do presidente Lula nesta segunda, para inaugurar oficialmente o novo prédio da UFF na cidade (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

UFF traz Lula a Campos nesta segunda

Como anunciado em primeira mão (confira aqui) pelo blog Opiniões e Folha1, desde o início da noite de quinta (10), o presidente Lula (PT) virá a Campos nesta segunda (14). Ele fará a inauguração oficial do novo prédio da UFF em Campos, na rua Santiago Carvalhido Filho, nº 80, marcada para às 15h.

 

Aerolula pousou ontem na cidade

Na tarde de ontem, a visita trouxe uma presença antecipada. Também chamado de Aerolula, o avião presidencial Airbus A319CJ pousou (confira aqui) no Aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos, para testes e reconhecimento de pista. Foi uma preparação de ordem técnica à visita do líder petista ao município nesta segunda.

 

Outros itens da agenda presidencial (I)

Na agenda de segunda, Lula tem outros atos oficiais previstos: a assinatura da autorização de publicação do Edital do Cpop/Cursinhos Populares, um termo de autorização para abertura de vagas para o PartiuIF e ProJovem, a assinatura da OS do novo campus Magé (IF Fluminense).

 

Outros itens da agenda presidencial (II)

Também consta na agenda presidencial desta segunda a assinatura de termos de autorização para construção obras do PAC. E, por fim, a assinatura de termos de aprovação de obras do pacto pela retomada de obras da educação básica.

 

Horas depois da Folha, confirmação oficial

Algumas horas depois de a Folha anunciar a vinda de Lula, a UFF-Campos confirmaria a informação ainda na noite de quinta, em sua página no Instagram: “A cerimônia contará com a ilustre presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do ministro da Educação, Camilo Santana, em um momento histórico para a UFF-Campos e para a região”.

 

No auditório ou no pátio da UFF?

A confirmação do horário, no entanto, só veio na manhã de ontem: às 15h de segunda. Até a noite de ontem, no entanto, o local exato ainda não havia sido confirmado. Será no auditório, como prefere a segurança presidencial, ou no pátio do novo do prédio da UFF? Que é preferido politicamente, por caber mais gente.

 

Paixões nas redes sociais

Pré-candidato à reeleição daqui a 1 ano e 5 meses, que busca reverter a tendência de queda na aprovação (confira aqui, aqui, aqui e aqui) ao seu governo nas pesquisas, Lula motivou paixões nas redes sociais, quando a Folha anunciou sua vinda a Campos. Que, frutos de amor ou ódio, foram registradas em centenas de comentários na postagem da matéria no perfil do Folha1 (confira aqui) no Instagram.

 

Comentários pró-Lula (I)

Mesmo numa Campos em que Jair Bolsonaro (PL) teve mais de 63% dos votos válidos nos segundos turnos presidenciais de 2018 e 2022, prevaleceram em 2025 os comentários favoráveis ao petista. “Educação é o que muda o mundo! Bem-vindo ao presidente que criou 18 universidades e quase 500 Institutos Federais”, contabilizou @raquel.azevedocarneiro.

 

Comentários pró-Lula (II)

“Quando se faz pela educação e cultura há esperanças. Seja bem-vindo”, desejou @professoraauxiliadorafreitas. “Estarei lá, com certeza, como servidor da UFF, para prestigiar a inauguração do novo campus e para estar com o nosso presidente, o maior estadista desse país”, registrou @linsadmcont.

 

Comentários anti-Lula

Por outro lado, mesmo desta vez em menor número, também houve comentários críticos. “Ótimo. Irei lá vaiá-lo e chamá-lo de ladrão”, protestou @emilbaracat.  “Chegando um político preso acusado de ter participado do maior esquema de corrupção do Brasil”, acusou @phpessanha.08. “Nem ovo dá pra jogar de tão caro!”, provocou @jeffersonquirotrainer.

 

Comentários anti-Bolsonaro

Dos simpatizantes de Lula, também não faltaram provocações a Bolsonaro, inelegível até 2030 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. “É só lambada no Bolsonaro, um ex-presidente que fala que quer um Brasil melhor, nunca fez uma escola, uma universidade, um hospital”, cobrou @eduardopwagner.

 

Reitor e diretora da UFF

Em entrevista ao Folha no Ar, programa matinal da Folha FM 98,3, em 14 de março, o reitor da UFF e a diretora da UFF-Campos, respectivamente, os professores Antonio Claudio da Nóbrega e Ana Maria da Costa, já tinham aventado (confira aqui) a possibilidade de Lula vir para a inauguração oficial do novo prédio. Que foi marcada para 17 de março e 10 de abril, com as duas datas (confira aqui) adiadas.

 

R$ 1 bilhão a Campos

Reitor da UFF, sediada em Niterói, Antonio Claudio dimensionou no Folha no Ar o impacto do investimento federal a Campos: “pode chegar à casa de R$ 1 bilhão a presença da UFF se nós somarmos toda a rede de impacto direto e indireto da presença”.

 

Crescimento da UFF na cidade

“Até o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), a gente só tinha um curso, que era o curso de serviço social. Então, a gente sai aí do entorno de uns 300, 400 alunos. Hoje, a gente tem, se nós juntarmos a graduação e a pós-graduação, chega a quase 4 mil alunos”, completou a diretora Ana da Costa na Folha FM.

 

História de uma conquista coletiva

A inauguração é uma conquista coletiva. Que nasceu em 2007, há quase 18 anos, quando a UFF-Campos, sob coordenação do professor José Luis Vianna da Cruz, se integrou ao Reuni, o terreno do novo prédio (da antiga Rede Ferroviária Federal) foi adquirido e as obras iniciadas. Foi no 2º governo Lula, graças à ação do então deputado federal campista Chico D’Ângelo.

 

Por Campos e a despeito das diferenças

As obras foram paralisadas em 2015. E seriam retomadas em 2019, quando um então estreante deputado federal Wladimir Garotinho coordenou (confira aqui, aqui, aqui e aqui) uma emenda de bancada à conclusão do prédio. Que, em esforço por Campos e a despeito das diferenças políticas, uniu deputados tão antagônicos quanto o psolita Glauber Braga e o bolsonarista Sargento Gurgel.

 

Aerolula em Campos para teste à vinda de Lula nesta segunda

 

Também chamado de Aerolula, o avião presidencial pousou no aeroporto de Campos para testes na tarde de hoje, em preparação à visita do presidente à cidade nesta segunda (Foto: Divulgação)

Anunciada em primeira mão (confira aqui) no início da noite ontem, pelo blog Opiniões e o Folha1, a visita do presidente Lula a Campos nesta segunda (14), para a inauguração oficial do novo prédio da UFF na cidade, trouxe hoje uma presença antecipada. Também chamado de Aerolula, o avião presidencial Airbus A319CJ pousou esta tarde no Aeroporto Bartolomeu Lisandro.

A vinda do avião presidencial hoje ao aeroporto de Campos se deu para testes e reconhecimento da pista. Foi uma preparação de ordem técnica à visita do presidente Lula ao município na próxima segunda.

 

Convite aberto ao I Festival Internacional Goitacá de Cinema

 

Cineastas Gabriel Barbosa e Fernando Sousa, respectivamente, produtor executivo e diretor geral do I Festival Internacional Goitacá de Cinema, lançado oficialmente na última sexta (Foto: Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

I Festival Internacional Goitacá de Cinema – “Preservar e Formar para o Futuro”

Por Fernando Sousa e Gabriel Barbosa

 

Na última sexta feira (04/04), realizamos uma coletiva de imprensa para anunciar o I Festival Internacional Goitacá de Cinema, iniciativa idealizada em meio ao debate sobre a retomada do projeto da Escola Brasileira de Cinema e Televisão (EBCTV). Nessa esteira, o Festival surge como um projeto arrojado e inédito na região Norte e Noroeste Fluminense, focado em celebrar e promover o cinema independente do Brasil e do mundo no interior do Estado do Rio de Janeiro, baseando-se em quatro eixos iniciais:

1) promover o desenvolvimento da indústria cinematográfica, criando novos postos de trabalho, geração de renda e trabalho;

2) contribuir com a promoção e difusão da produção cinematográfica independente, proporcionando a conexão entre novos e experientes realizadores;

3) estimular a criação de novas plateias e de processos de formação no campo do cinema e do audiovisual em nível técnico, de graduação e pós-graduação e, por fim;

4) proporcionar um ambiente de conexão para a criação de um ambiente inovador de negócios no campo do cinema, da economia criativa e do turismo, visando aquecer a economia da cultura no interior fluminense.

A idealização do Festival foi amadurecida ao longo do primeiro semestre de 2024, período em que realizamos exibições e debates com filmes, oferecemos oficinas de cinema em parceria com a Casa de Cultura Vila Maria e lançamos o curta-metragem “Campos é uma Cidade de Cinema”, produção na qual reafirmamos a longa história de Campos dos Goytacazes com o cinema brasileiro. Oportunamente, durante a coletiva de imprensa, anunciamos o tema do I Festival Internacional Goitacá de Cinema: “Preservar e Formar para o Futuro”.

A proposta articula o objetivo da iniciativa: valorizar a memória em diálogo com uma agenda comprometida com a formação profissional no cinema, a partir do interior fluminense. Trata-se de colocar a preservação e a formação em conversa com história de Campos com o cinema, com as suas diferentes manifestações culturais populares (o jongo, Mana Chica, danças típicas, a lenda do Ururau da Lapa; o carnaval, o Boi Pintadinho, dentre outros), agregando o rico e valioso patrimônio material e imaterial à sétima arte.

Através da proposta temática, articulamos a centralidade do campo da preservação e da formação e o protagonismo que a região pode e deve ocupar na qualificação de mão de obra para o mercado do audiovisual. Bem como a urgente necessidade de ações e políticas públicas que garantam a preservação e o acesso ao patrimônio material e imaterial da cidade e da região, incluindo o patrimônio audiovisual.

Essa proposta temática é mais que um marco teórico, pois está articulada com pautas concretas como a retomada do projeto da Escola Brasileira de Cinema e Televisão e da urgente necessidade de colocarmos em debate um projeto corajoso que possibilite a revitalização e entrega à sociedade campista do Cine São José, que se encontra em ruínas às margens da principal avenida da cidade. A revitalização do Cine São José pode e deve se tornar o símbolo de um projeto mais amplo de valorização e reocupação qualificada do centro da cidade.

Além de já ter contado com quase 70 salas de cinema e ter servido como locação para filmagem de importantes novelas e obras cinematográficas, foi em Campos dos Goytacazes onde pela primeira vez aconteceu a exibição pública de um filme brasileiro. Entretanto, como temos afirmado, a tradição de Campos com o cinema não é um traço do passado a ser apenas recuperado e preservado. É também fonte de imaginação, riqueza e construção do futuro. Cinema é arte, mas é também desenvolvimento, pujança e engrandecimento coletivo.

A coletiva de imprensa enquanto primeiro ato público de anúncio do I Festival Internacional Goitacá de Cinema foi acolhida de imediato por profissionais da imprensa, entusiastas, empresários, pesquisadores, produtores e cineastas de Campos, instituições e organizações da sociedade civil, cumprindo seu objetivo de agregar potenciais parceiros.

Realizado pelo Ministério da Cultura e a Quiprocó Filmes, através da Lei Rouanet, o I Festival Internacional Goitacá de Cinema já conta com o patrocínio da Ferroport, apoiador de primeira mão. Tem o apoio da Uenf, da Casa de Cultura Villa Maria, o Cine Darcy, o Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, o Centro de Ciências do Homem, a Faperj, a Capes e o Caminhos de Barro, além do fundamental apoio de mídia do Canal Curta e do Grupo Folha da Manhã.

Enquanto realizadores da iniciativa, deixamos aqui um convite para que mais parceiros e patrocinadores possam estar conosco nessa iniciativa pioneira para Campos dos Goytacazes e o Norte Fluminense.

Viva o Cinema Brasileiro!

 

Lula em Campos na 2ª para inaugurar novo prédio da UFF

 

Lula tem vinda a Campos programada na segunda para inaugurar o novo prédio da UFF em Campos (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará em Campos nesta segunda-feira, dia 14. Ele virá inaugurar oficialmente o novo prédio da UFF na cidade, na rua Santiago Carvalhido Filho, nº 80, que já teve duas datas marcadas em 17 de março e 10 de abril, ambas (confira aqui) adiadas. A presença de Lula foi confirmada em cerimônia às 15h, no auditório do novo prédio da UFF.

Além da inauguração do novo prédio da UFF em Campos, a agenda do presidente na segunda inclui a assinatura da autorização de publicação do Edital do Cpop/Cursinhos Populares, um termo de autorização para abertura de vagas para o PartiuIF e ProJovem, a assinatura da OS do novo campus Magé (IF Fluminense), a assinatura de termos de autorização para construção obras do PAC e a assinatura de termos de aprovação de obras do pacto pela retomada de obras da educação básica.

 

Paes favorito a governador e Flávio Bolsonaro a senador

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Paes favorito a governador com quase 50%

Como a Folha (confira aqui), a mídia carioca e nacional anunciaram na tarde de segunda (07), não há nenhuma novidade na eleição a governador do RJ. A pouco mais de 1 ano e 5 meses da urna de 6 de outubro de 2026, o prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) segue nadando de braçada. Na pesquisa Paraná deste mês de abril, ele tem hoje quase 50% das intenções de voto.

 

Adversários sem dois dígitos na pesquisa

Feita entre 31 de março e 4 de abril, com 1.680 eleitores e margem de erro de 2,4 pontos, a pesquisa Paraná evidenciou como é folgada a vantagem de Paes. Com a possibilidade de liquidar a fatura no 1º turno, se a eleição a governador fosse hoje, nenhum dos adversários testados em dois cenários de consulta estimulada alcançou dois dígitos de intenção de voto.

 

No 1º cenário a governador

No 1º cenário testado, Paes teve 48,9%. Ele veio seguido de longe pelo deputado federal Tarcísio Motta (Psol), com 8,7%; pelo ex-presidente do Flamengo Rodolfo Landim, com 8,5%; pelo presidente da Alerj, o campista Rodrigo Bacellar (União), com 8,2%; pelo vice-governador Thiago Pampolha (MDB), com 3,6%; e pelo médico bolsonarista Ítalo Marsili, com 1,0%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

No 2º cenário a governador

No 2º cenário da Paraná a governador do RJ, Paes teve 49,9%. Ele veio seguido, também à longa distância, pelo ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB), com 9,5%; por Landim e Tarcísio, empatados com 8,9% cada; e por Marsili, com 1,6%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Bacellar e Pampolha ou Washington Reis?

A mudança básica foi substituir Bacellar e Pampolha, no 2º cenário estimulado a governador, por Reis. Que foi o que mais se aproximou dos dois dígitos de intenção, ainda que distante de Paes. Mas o político de Caxias está hoje inelegível no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Bacellar fora da disputa?

Concluída na sexta (04) e divulgada na segunda, a Paraná veio após site carioca Diário do Rio anunciar na quinta (confira aqui):  “Rodrigo Bacellar fora da disputa”. Em três notas, intituladas “Vai desistir”, foi vago na explicação. Mas disse: “É pule de 10 entre jovens especialistas da política do Rio que o Todo-Poderoso Rodrigo Bacellar não será candidato a governador este ano”.

 

Só se for candidatura do grupo

Da parte de Bacellar, no entanto, nada teria mudado. Sua pré-candidatura a governador seguiria como antes e em torno do mesmo eixo: “só sairá se for do grupo. Não só de (Cláudio) Castro (PL, governador e considerado principal aliado do presidente da Alerj), mas também de Reis e Pampolha, de quem Rodrigo se mantém amigo e tem conversado”, disse uma fonte.

 

Rachas no grupo (I)

Da importância do vice-governador a Bacellar, a coluna adiantou desde 12 de março (confira aqui): “É dado como certo que Castro deixará o cargo de governador até abril de 2026, para se candidatar a senador, na 2ª vaga de Flávio (Bolsonaro, PL), ou a deputado federal. Se Pampolha também saísse, Bacellar se candidataria a governador já no cargo, com a máquina na mão”.

 

Rachas no grupo (II)

Poucos dias depois, Pampolha e Castro trocaram farpas (confira aqui) pela imprensa. No dia 14, o governador disse que só cederia sua cadeira ao vice “se morrer ou infartar”. Por sua vez, no dia 27, Pampolha bancou a réplica: “Vou disputar as eleições ao governo do estado do Rio”.

 

Rachas no grupo (III)

No dia 28, Castro deu a tréplica: “Ele (Pampolha) não faz parte do meu grupo para que eu o apoie a governador. Preciso viabilizar meu candidato, que é o Rodrigo Bacellar”. Pela roupa suja lavada fora de casa por governador e vice, a questão do grupo, da qual Bacellar precisaria para viabilizar sua candidatura ao Palácio Guanabara em 2026, parece hoje complexa.

 

Flávio Bolsonaro favorito a senador

De volta aos números da pesquisa Paraná, ela não trouxe surpresa na liderança também isolada na corrida majoritária pelas duas cadeiras que o RJ elegerá ao Senado da República em 2026. Com 41,7% das intenções de voto, Flávio parece tão ou mais favorito à reeleição a senador do que Paes a governador.

 

Castro 2º a senador

A novidade foi a boa colocação de Castro na disputa pela 2ª cadeira ao Senado. Na qual o atual governador teve 31,3% na pesquisa, seguido da deputada federal Benedita da Silva (PT), com 27,1%; de Alessandro Molon (PSB), com 15,6%; da ministra da Igualdade Racial Anielle Franco (Psol), com 15,2%; e de outro deputado federal, Pedro Paulo (PSD), aliado de Paes, com 12,6%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Aprovação do governo Castro

A boa colocação de Castro a senador, na consulta Paraná, parece vir da sua avaliação de governo: aprovado por 48,3% e reprovado por 47,4%. O empate técnico na margem de erro foi melhor ao governador do que na pesquisa Quaest de fevereiro. Que não fez consulta a senador, mas deu o governo estadual desaprovado por 48% e aprovado por 42%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Cenários de Paes e Castro

“A 1 ano e meio das urnas de 2026, Eduardo Paes lidera com folga nos dois cenários testados pela pesquisa Paraná, com cerca de 50% das intenções de voto. Detalhe que chama atenção é a avaliação do governo Cláudio Castro, aprovado por 48,3%, com desaprovação de 47,4%”, resumiu o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em estatística no IBGE.

 

Governador/senador?

“Apesar da aprovação de governo empatada tecnicamente com a desaprovação, Castro aparece como um dos favoritos na pesquisa Paraná às duas vagas a senador no pleito de 2026. O governador aparece na 2ª colocação na corrida, com 31,3% das intenções de voto, atrás de Flávio Bolsonaro, com 41,7%, e à frente de Benedita da Silva, com 27,1%”, completou William.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Em queda de aprovação, Lula é favorito à reeleição em 2026?

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Lula favorito à reeleição?

Em queda de aprovação em todas as pesquisas, o presidente Lula (PT) permanece favorito à reeleição em 6 de outubro de 2026? No resumo de uma análise superficial da pesquisa Quaest divulgada em duas partes, quarta (aqui) e quinta (aqui), pode parecer que sim. Mas, em análise detida e na comparação com pesquisas anteriores, a projeção sem paixões pode ser diferente.

 

Governo em queda livre de aprovação

Feita entre 27 e 31 de março, a pesquisa Quaest foi a primeira após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar, no dia 26, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado. A despeito disso, a desaprovação ao governo Lula cresceu 7 pontos: de 49% em janeiro à atual maioria de 56% em março. Como a aprovação caiu 6 pontos: de 47% a 41%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

AtlasIntel confirma Quaest (I)

Os dados da Quaest revelados na quarta foram relativos à avaliação de governo. Que confirmaram as tendências de todas as outras pesquisas nacionais. No dia anterior, a AtlasIntel revelou na terça (aqui) que a reprovação ao governo Lula cresceu 2,2 pontos de janeiro a março: de 51,4% a 53,6% dos brasileiros — só 2,4 pontos menor que os 56% da Quaest.

 

AtlasIntel confirma Quaest (II)

Ainda na AtlasIntel, a aprovação ao governo Lula caiu 1 ponto de janeiro a março: dos 45,9% aos 44,9% — 3,9 pontos maior que os 41% da Quaest. Na comparação entre as duas pesquisas, com metodologias distintas, são números muito próximos. E colhidos com diferença de poucos dias. O que confirma os dados de uma e da outra.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Lula atrás de Bolsonaro, Tarcísio e Marçal (I)

Ocorre que, além de avaliação de governo, a AtlasIntel divulgou junto, na mesma terça, também seu levantamento eleitoral. No qual Lula ficou à frente na consulta estimulada ao 1º turno. Mas, nas projeções de 2º turno, ficou numericamente atrás de Bolsonaro, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP), e até do influencer Pablo Marçal (PRTB).

Lula atrás de Bolsonaro, Tarcísio e Marçal (II)

Pela AtlasIntel, Lula teria no 1º turno 41,7% de intenção de voto, contra 33,9% de Tarcísio, enquanto nenhum dos outros presidenciáveis alcançou dois dígitos. Mas, nas simulações de 2º turno, o petista ficou atrás não só do mesmo Tarcísio (46% a 47%), como de um Bolsonaro inelegível (46% a 48%) e de Marçal (46% a 51%).

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Quaest difere da AtlasIntel (I)

Mas, após trazer na quarta números muito próximos aos da AtlasIntel na avaliação de governo, na quinta a Quaest divulgou a 2ª parte da sua pesquisa. Que, focada só na eleição, trouxe uma perspectiva bem diferente: mesmo em queda de aprovação, Lula liderou as simulações de 2º turno não só com Bolsonaro, mas com os 7 outros nomes da oposição testados.

 

Quaest difere da AtlasIntel (II)

Na projeção de 2º turno da Quaest, Lula ficou à frente numericamente de Bolsonaro, por 44% a 40%, mas ainda no empate técnico. E, fora da margem de erro da pesquisa, bateria no 2º turno a Tarcísio (43% a 37%), a Marçal (44% a 35%), à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL, 44% a 38%) e ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL, 45% a 34%).

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Projeção eleitoral x avaliação de governo?

A disparidade na projeção eleitoral da Quaest não só com a AtlasIntel, como com a avaliação de governo da própria Quaest, gerou questionamentos. Entre bolsonaristas e lulopetistas, já é até normal. Questionam pesquisas para depois chorarem no quente da cama com o resultado da urna. Como os lulopetistas no 2º turno de 2018. Ou os bolsonaristas no 2º turno de 2022.

 

O piso de Lula

Do tamanho real de um e outro lado, a Quaest trouxe números elucidativos. Para 62% dos brasileiros, Lula não deveria se candidatar à reeleição. O que poderia gerar a pergunta: como, então, liderou todas as projeções no 2º turno à reeleição? Na dúvida, os 35% que acham que ele deve tentar parecem ser o piso de Lula. Que ainda não foi batido pela queda de aprovação.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Bem maior que o PT

A Quaest também perguntou com que partido o eleitor mais se identifica. E 17% responderam que com o PT. É mais de duas vezes menos do que os 35% identificados com a reeleição de Lula. O que evidencia que este, como há muito se fala abertamente, é bem maior que o PT.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O tamanho da direita

Com o PL, se identificam 8% dos eleitores. É um terço a menos do que os 12% que se encaixam como bolsonaristas. Enquanto estes, na mesma medição, são pouco mais da metade dos 21% que dizem não ser bolsonaristas, mas de direita. Ou seja, bolsonaristas e não bolsonaristas somam 33% à direita. São quase os mesmos 30% dos que se assumem como antipetistas.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Brasil dividido em terços

Com questionamentos válidos à diferença que trouxe entre avaliação de governo e projeção eleitoral numa mesma pesquisa, a Quaest também confirmou que o Brasil continua dividido em terços praticamente iguais: 33% de direita (12% bolsonaristas + 21% não bolsonaristas), 31% de esquerda (19% de lulopetistas + 12% não lulopetistas) e 33% ao centro.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Centro definiu em 2018 e 2022

Em 2018, a direita só venceu com Bolsonaro porque ele conseguiu atrair mais os eleitores do centro, por conta do grande desgaste do PT, após 13 anos no poder. Em 2022, a esquerda só venceu com Lula porque ele conseguiu atrair mais os mesmos eleitores do centro, por conta do grande desgaste de Bolsonaro, após 4 anos no poder.

 

Tarcísio antes do boné de Trump

Nomes radicalizados como Michelle, Eduardo e Marçal teriam pouca chance de atrair o centro. Dificuldade que, entre os nomes da oposição mais bem cotados nas intenções de voto, pode ser menor a Tarcísio. Que, antes de ser ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e de vestir o boné de Donald Trump em 2025, foi diretor-geral do Dnit no governo Dilma Rousseff (PT).

 

Espaço para crescer

Numericamente à frente de Lula no 2º turno da AtlasIntel, Tarcísio tem uma potencial vantagem na Quaest: 42% dos brasileiros não o conhecem. É mais espaço para crescer do que os 33% de Marçal, os 22% de Michelle, os 21% de Eduardo e os 6% de um Bolsonaro inelegível. Ou os 4% que disseram ainda desconhecer um Lula em queda de aprovação.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.