Crítica de cinema — Torcendo por avanços nas comédias cinematográficas

Colyseu

 

Qualquer gato vira-lata 2

 

Mateusinho 2QUALQUER GATO VIRA-LATA 2 — Quando se transforma em sucesso de bilheteria, um filme aclamado por público raramente fica sem uma continuação. Em alguns casos, as sequências não passam de caça-níqueis que acabam sendo ignoradas.

O cinema brasileiro, pelo menos nas produções de comédias românticas, vem enfrentando um momento de crise criativa, daí é muito mais fácil e seguro apostar em investimentos certeiros na busca pelo grande público. Só assim para explicar a enorme quantidade de sequências que foram lançadas nos últimos tempos e que não agradaram.

Em 2011 a produtora Buena Vista lançou “Qualquer gato vira-lata” baseado na peça “Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia do que a nossa”, de Juca de Oliveira, a comédia romântica foi um inesperado sucesso de bilheteria, levando mais de um milhão de espectadores aos cinemas sem nenhum nome de grife do gênero — o mais próximo era o coadjuvante Álamo Facó, que participou do seriado “A grande família” (2009-2010) e do besteirol “Totalmente inocentes” (2012).

Sem nenhuma surpresa nos chega em 2015 “Qualquer Gato Vira-Lata 2” (107min) com a direção de Roberto Santucci, realizador de todas as comédias campeãs de bilheteria no atual cenário nacional. São dele, por exemplo, os recentes “O candidato honesto” (2014) e “Loucas para casar” (2015). O roteiro é de Paulo Cursino, que assinado o de quase todas as outras comédias realizadas no país nos últimos anos, como “De pernas para o ar” (2010) e “Odeio o dia dos namorados” (2013). “Qualquer Gato Vira-Lata” contava a história de uma bela moça (Cléo Pires) que, apesar de estar apaixonada por um rapaz todo careta e certinho (Malvino Salvador), ficava balançada pelo jeito malandro e desapegado de um ex-namorado (Dudu Azevedo). Pois sua continuação recente narra exatamente a mesma série de eventos. A única diferença é o cenário, deixa-se de lado o Rio de Janeiro original e muda-se para uma ilha paradisíaca do Caribe.

É a mesma fórmula empregada, por exemplo, em “De pernas para o ar 2” (2012), do mesmo diretor e roteirista. Dessa vez, o casal protagonista está meio de férias e meio a trabalho para o lançamento do livro dele, mas quando ela o pede em casamento, ao invés dele aceitar de imediato, fica em dúvida e “pede um tempo para pensar”. A crise começa, e o antigo concorrente ressurge, colocando tudo em suspense mais uma vez.

Cléo Pires continua tão linda quanto seus colegas masculinos (embora desajeitados), e a verdade é que ela não convence muito como par de nenhum dos dois. Malvino exagera nas caras e bocas, evidenciando uma falta de direção mais atuante, enquanto que Azevedo é o que mais sofre com a inconsistência do seu personagem  — a sub trama com a filha postiça chega a ser risível, e é constrangedor perceber que a menina Mel Maia está muito melhor preparada do que ele nestas cenas.

As novas aquisições da franquia são bem vindas. Mel Maia (“Avenida Brasil”) interpreta Julia, uma garota subornada por Marcelo para se passar por sua filha e amolecer o coração da amada. No viés dramático do enredo, Fábio Jr. (“Tal pai, tal filho”) faz uma participação especial como o pai de Tati. A cena claramente mistura emoções da vida real com a história ficcional e cria um momento tocante.

No final das contas, “Qualquer Gato Vira Lata 2”  só pode ser considerado um saldo positivo na medida em que há melhorias evidentes na qualidade da produção. Os romances/comédias cinematográficos estão longe de acabar. Então, é melhor torcer pelos avanços do gênero.

 

Mateusinho viu

 

Publicado hoje na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme:

 

 

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