Compromisso com a Uenf, deserções garotistas e um ano do Ocupa TB

 

Na primeira noite de ocupação do TB, há um ano, os artistas de Campos não se intimidaram com a pressão da Guarda Civil, que impediu a entrada de água e alimentos para quem estava dentro do teatro (Foto: Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

 

 

 

 

Uenf: do discurso à ação

Depois das duas últimas edições dominicais da Folha dedicadas à crise na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Darcy Ribeiro, o prefeito Rafael Diniz (PPS) ontem mostrou que discurso tem que ser confirmado por ação. Ao assinar (aqui) um convênio entre Prefeitura e a mais importante instituição de ensino superior da região, o jovem governante marcou pontos não só com a comunidade acadêmica, mas com toda a população de Campos, sensibilizada em apoio à Uenf, desde que seu reitor Luis Passoni admitiu (aqui) à Folha: “É difícil saber até quando manteremos a universidade funcionando nestas condições”.

 

Responsabilidade assumida

Na mesma edição do jornal de 30 de abril, que trouxe o alerta do reitor pelos efeitos da crise financeira sem precedentes do Estado do Rio, Rafael havia afirmado (aqui): “Abraçar a Uenf neste momento é um dever de toda a sociedade”. E ontem, nove dias depois, ao assinar “o primeiro convênio, de tantos outros que virão”, o prefeito assumiu a luta pela universidade como sua: “A Uenf é sim uma responsabilidade da Prefeitura de Campos”. Emblematicamente, disse isso na frente do seu secretário de Educação, o sociólogo Brand Arenari, “cria” da universidade, como tantos outros quadros da cidade e região.

 

Contabilidades

Enquanto há quem registre pontos a favor, há aqueles que os contabilizem negativos antes mesmo do resultado. Ontem, num site de apoio ao ex-governador Anthony Garotinho (PR), assim como ao ex-candidato a prefeito Caio Vianna (PDT), foi anunciado que dos seis vereadores garotistas não diplomados e eleitos no “escandaloso esquema” da troca de Cheque Cidadão por voto, quatro já estariam de malas prontas para a bancada governista. Isso, lógico, caso o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) venha a seguir o voto da relatora Luciana Lóssio, no último ato desta na instância máxima da Justiça Eleitoral.

 

Façam suas apostas!

Bem conhecida dos campistas pelas decisões contrárias à Justiça Eleitoral de Campos e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas favoráveis aos condenados nas duas instâncias pela operação Chequinho, Lóssio votou pela diplomação de Linda Mara (PTC), Kellinho (PR), Miguelito (PSL), Ozéias (PSDB), Thiago Virgílio (PTC) e Jorge Rangel (PTB). A dar valor ao anúncio da deserção prévia de quatro destes, antes mesmo de qualquer um conseguir assento na Câmara de Campos, quem seriam? Há alguém capaz de imaginar, por exemplo, Linda Mara saindo da prisão domiciliar para integrar a bancada de Rafael? Façam suas apostas!

 

Um ano do Ocupa TB

Ontem se completou um ano da ocupação do Teatro de Bolso (TB) Procópio Ferreira. Foi em 9 de maio de 2016 que os artistas de Campos resolveram ocupar (aqui) seu espaço mais tradicional na cidade. Ele estava fechado desde 2014, a título de uma reforma inexistente, enquanto tinha suas dependências ocupadas eventualmente para uso de alguns poucos “amigos do rei”. Ou da rainha, afinal era o governo de Rosinha Garotinho (PR), que tinha sua amiga Patrícia Cordeiro como presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). Ex-dançarina de axé, ela também era conhecida no governo por ser, como a prefeita, muito ligada a Linda Mara.

 

Ironias

Então secretário de Governo — muito embora, na sua posterior prisão, tenha sido acusado pela Justiça de Campos de ser “o prefeito de fato” —, Garotinho chegou a visitar a ocupação, na noite de 12 de maio, para prometer aos artistas (aqui) a reabertura do teatro em 45 dias. Ex-ator daquele mesmo palco, ironicamente ele havia liderado uma outra ocupação do TB pelos artistas, em 1982, para dali se lançar à política. Mais de três décadas depois, a promessa de reabrir o espaço só seria cumprida (aqui) pelo governo Rafael, no último dia 28 de março, aniversário de Campos e dia mundial do Teatro, pelas mãos de alguém da classe: o diretor Fernando Rossi.

 

Saldo e fatura aberta

Foi Rossi quem abriu (aqui) em 11 de maio o Teatro de Bolso ao recebimento das pautas dos grupos locais que quiserem apresentar projetos para compor a programação de 2017. Ontem, ele celebrou (aqui) a ocupação do teatro pelos artistas, que se encerrou em 6 de junho do ano passado, e comemorou os 120 alunos hoje abrigados no curso livre de teatro. Inegáveis os avanços, mesmo com o pouco tempo e todos os problemas e dívidas herdados pela nova administração. Mas enquanto permanecerem fechados outros espaços vitais ao setor, como o Palácio da Cultura, mais uma vítima do desastroso segundo governo Rosinha, haverá inquietação na classe.

 

Publicado hoje (10) na Folha da Manhã

 

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