Nada é mais divertido do que uma boa discussão sobre direita e esquerda. Talvez por isso, os colaboradores deste blog Opiniões optaram pelo tema “Avanço da Direita no Brasil” nesta rodada de reflexões. O tema é atual, já que convivemos diariamente com vários personagens. Tem “direita coxinha”, “direita bolsonática”, “direita programática” e tem até a direita travestida de esquerda. São os militantes violinistas: seguram o instrumento com a esquerda e tocam com a direita. Mas afinal, quem ajudou a fabricar tantas coxinhas e bolsonáticos? Não é preciso uma grande pesquisa para notar que, após 13 anos da esquerda no poder (Lula, Lula de novo, Dilma, e Dilma de novo até o impeachment), seria natural uma onda conservadora.
Em São Paulo, por exemplo, após uma série de pesquisas qualitativas, o empresário João Doria lançou o seu personagem, apontado como coxinha, e venceu a disputa pela Prefeitura, que estava sob o comando do PT. No plano nacional não é diferente, mas as pesquisas mostram que não basta ser coxinha para entrar na briga. É preciso falar mais grosso e defender com firmeza algo que deveria ser obrigação: honestidade. Nesse embalo o deputado federal Jair Bolsonaro vai moldando o seu personagem para ser aceito por vários grupos. O tema central do seu discurso é a honestidade, batendo firme nos escândalos de corrupção que envolvem políticos dos mais variados partidos. No entanto, Bolsonaro se encontra em uma espécie de sinuca. Ele precisa agradar seus eleitores de extrema direita, lunáticos defensores da ditadura, por exemplo, sem desagradar a direita mais branda. Se optar pelo discurso radical, Bolsonaro sabe que terá um teto e dificilmente conseguirá avançar nas pesquisas. Para completar a dificuldade de Bolsonaro, ele é um candidato raso, que não suporta um debate sério sobre temas complexos.
Ciente da sua parcela no fortalecimento de coxinhas e bolsonáricos, o PT já demonstra que não irá voltar as suas raízes, como havia defendido o ex-presidente Lula em recentes discursos. Jogando o jogo político com as cartas que possui e conhecendo muito bem o tabuleiro que dominou por quase 15 anos, os petistas apostam no fisiologismo e já começam a formar alianças visando as eleições de 2018. Em seis estados o partido deverá caminhar ao lado do PMDB, legenda que os seus militantes classificam como “golpista”. Em Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Piauí e Sergipe, os partidos deixaram a rixa do impeachment para trás e estão namorando sério. Os senadores peemedebistas Renan Calheiros e Eunício Oliveira, por exemplo, foram favoráveis à saída de Dilma Roussef, mas estão ao lado do ex-presidente Lula.
Para os que acompanham a política mais de perto, chega a ser cômico ver duelos nas redes sociais entre os admiradores dos principais representantes da direita e da esquerda no Brasil. Cegos em suas ideologias, eles não percebem o quanto alguns líderes são parecidos. Até porque, a canalhice em nosso país vai muito além da direita e da esquerda: ela é ambidestra.
Infelizmente Lula ajudou a essa bancada ruralista e pagou o preço de alianças pelo poder, contudo sem alianças não se faz política.