Alexandre Buchaul — Promessas de novo?

 

 

 

Mais um réveillon, mais uma vez renovam-se as esperanças de cumprir os sonhos, travestidos de metas, que se repetem ano após ano, mundo afora. Uma língua estrangeira… poupar… viajar… emagrecer…  se formar… mudar de emprego… sonhos que são atropelados pela realidade do tempo que corre implacável e logo põe as pessoas, como autômatos, a desesperadamente fazer as mesmas coisas que sempre fizeram e que, por óbvio, darão os mesmos resultados que sempre deram. Adaptam-se muito facilmente a realidade que as cerca e comodamente deixam o tempo passar sem que se apercebam de que, com o correr dos dias no calendário, com o girar dos ponteiros do relógio, a vida se esvai.

A vida, por mais que seja em parte regida pelo imponderável, como já dizia Maquiavel, permite administrar parte e, para que esta parte frutifique, planejar os passos a serem dados no intuito de atingir determinados objetivos. Quando estes se tornam metas, com planejamento definido, deixam de serem sonhos e se tornam mais palpáveis, se pode enxergar o caminho a ser percorrido, antever alguns problemas e tomar medidas para que, ao fim de mais um ano, tenhamos metas batidas e novos sonhos. Como numa escalada que tem por objetivo, por meta, o cume da montanha, mas que se inicia no desejo de realizar, passa pelo planejamento de como fazer e tem o esforço de escalar empreendido a partir da base da trilha. A diferença entre a vida e a morte de um alpinista, apesar do imponderável que cerca a escalada, pode estar no planejamento meticuloso do quê e como fazer.

Incrível que não apenas pessoas comuns conduzam suas vidas dessa forma…  nada espartana, mas também aqueles que se arvoram a tarefa de governar os demais  assim o fazem. Lançar-se candidato a cargo público sem qualquer projeto de governo sério e que vá além de vã retórica é regra. A disputa eleitoral se dá calcada em ofensas e deméritos, como em programas chulos na TV, no estilo “casos de família” e uma vez eleitos apagam-se incêndios, no jargão do meio político, sem nunca avançar nos sonhos que jamais chegam a se tornar metas. Para o povo, fica a sensação de tanto faz, são todos a mesma coisa. Falta aos municípios, aos estados, ao país um projeto, com metas claras e mensuráveis, com planejamento do caminho a ser trilhado para alcançar objetivos definidos. Onde estará a saúde, a educação, a segurança… daqui a quatro, oito, dez anos? Ouso dizer que nas cercanias de onde está agora, nos arredores de onde esteve nas últimas décadas, depositando as esperanças no ano que virá, renovando as velhas promessas e desejando feliz ano novo!

 

 

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Este post tem um comentário

  1. Emar Azevedo

    Excelente texto!

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