Fora o Michel Temer e o Roberto Jefferson — e suas respectivas claques: governo e PTB — ninguém acha cabível que Cristiane Brasil possa ser ministra do trabalho. A cada semana aparece um antecedente mais constrangedor do que o anterior sobre a deputada. No entanto, a atitude da presidente do STF, Carmen Lúcia, de manter o suspense sobre a palavra final que a Justiça dará sobre a questão, mantendo a sua liminar sem o julgamento definitivo, beira à arbitrariedade. O melhor seria definir logo se Cristiane pode ou não pode ser empossada. Seria bom que pudesse, porque isso seria muito ruim para aqueles dois que mencionei no começo do parágrafo.
***
Aliás, falando da arbitrariedade de manter uma medida cautelar sem nunca colocá-la em pauta para ter uma decisão final, vocês se lembram da lei que o Congresso promulgou em 2013 que determinava o reparto dos royalties para todos os estados, incluídos os não produtores (Lei 12.734/2012)? Carmem Lúcia concedeu liminar, naquele ano, suspendendo temporariamente seus efeitos, e nunca mais se falou do assunto. Que bom, né?
***
Há quatro semanas, na minha participação neste blog (aqui), falei que seria legal que o governo municipal entendesse que o conceito de urgência também se aplica às necessidades da população, e fizesse uma contratação emergencial para começar a manutenção da iluminação pública, enquanto aguarda a liberação do TCE para realizar a licitação definitiva. Felizmente, e finalmente, esta semana foi anunciado que os trabalhos começam hoje, na praia do Farol.
***
Quando vim morar em Campos, me lembro do espanto que me causou ver uma ambulância com o nome de um deputado estadual colado nas laterais — nome que tinha incorporado justamente a palavra ‘ambulâncias’. Na época, não sabia que essa era uma prática comum na política brasileira, e me parecia inaceitável que um representante utilizasse seus proventos, e os dos seus assessores, para gastá-los em promoção pessoal, sob a desculpa de fazer um ‘serviço à comunidade’. Achava, e ainda acho, que a tarefa de um legislador não é fazer o que o poder executivo não faz, mas fiscalizar, denunciar e promover os instrumentos legais para que o governo atue como o representante pretender. Até porque, ainda que tenha a melhor das intenções — coisa rara — ele só atenderá uma pequena parcela da população, quando seu trabalho e seus recursos deveriam se concentrar em promover o interesse coletivo e impessoal. É lamentável que ainda hoje tenhamos deputados, e vereadores, que persistem nessa conduta.
***
Segundo informa o jornalista Saulo Peçanha (aqui), há polêmica sobre a decisão da prefeitura de utilizar as instalações do Cepop para abrigar a Secretaria de Obras. A Liga do Carnaval de Campos (!) é contra. O Centro de Eventos Populares Osório Peixoto é uma obra faraônica, não apenas pelo superdimensionamento e pelos recursos que se gastaram na sua construção, mas também porque o prédio é tão prático e funcional quanto são as pirâmides do Egito. Pensando bem, as pirâmides possuem mais utilidade, pois geram recursos do turismo histórico.
Proponho promover um circuito similar em Campos, direcionado ao turismo arqueológico-político, para que sejam apreciadas as instalações que a prefeitura constrói ou adquire e depois abandona, enquanto aluga imóveis para alocar servidores. Além do Cepop, integrariam o circuito o museu Olavo Cardoso, o Palácio da Cultura e a antiga Faculdade de Filosofia.
***
Matéria de hoje do jornal Folha de S. Paulo informa que, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos Moris em 38 países, o Brasil é o segundo país com menor noção da sua própria realidade.
A pesquisa não levou em conta, felizmente, o que os magistrados brasileiros pensam acerca de receber auxílio moradia ainda ganhando 19 vezes mais do que o salário médio do cidadão comum.