Refletindo sobre o que temos aí predominante nas práticas e nas relações no campo das eleições 2018 (local, regional, nacional) – o escancaramento do irracionalismo, cuja face mais visível está nos fundamentalismos de todas as espécies, atentei para um aspecto do nosso tipo de voto. Ele é representativo – ele tem o caráter de ‘mediador’ das relações de poder e das decisões que são tomadas.
Contra toda forma de irracionalismo no presente e num futuro próximo, abro mão temporariamente da minha utopia plebiscitária, em nome da Democracia Liberal Representativa de novo tipo. Isso porque não tenho a ilusão de que sem uma EDUCAÇÃO POLÍTICA E ORGANIZATIVA contínua e sistemática possamos avançar na Democracia Direta. Sem ela não chegamos nem perto dos problemas de fundo, estruturais de nossa sociedade – origem das mazelas de todo tipo e dimensão em nosso país.
Apesar de todas as limitações e fragilidades já detectadas da Democracia Liberal Representativa, pela ótica da maioria esmagadora da população – desorganizada e atomizada, sob o domínio do senso-comum, e, no máximo, de sua empiria, percebo que é possível para o momento repensar a representação política! Não como um ‘atalho’, porque não existem atalhos na História, mas como processo possível na vida política.
Ora, se sabemos que o ‘voto representativo delega poder’, promovendo até aqui em nossa História uma cisão entre quem toma a decisão – o representante e quem delegou através do voto este poder decisório – o representado. Se sabemos até aqui que o representado é praticamente um incapacitado para escolher as agendas, os temas, as alianças, os votos em gabinetes, em plenários, em comissões etc, de seu representante depois de eleito, inclusive para ações de referendo e plebiscito.
Por que não DEMOCRATIZAR A REPRESENTAÇÃO, ativando as potências democratizadoras de realizar as ‘promessas’? Ficar apenas na crítica, mesmo que clara e fundamentada, aguardando um tempo de maturação da consciência para a Educação Política e Organizativa, é aprofundar a debilidade da nossa já frágil Democracia. Penso que deveríamos ‘fazer o caminho, caminhando’.
Vejo como factível duas ações: aprofundar e ampliar os ‘mandatos coletivos’, essas experiências já existentes que criam obstáculos ao paternalismo, ao surgimento de ‘mitos’ e personalismos, roedores do banquete democrático que deveria ser para todos. Simulacros muitas vezes do próprio exercício da Democracia Direta; e, realizar uma revolução na comunicação entre representante e representado, superando o ‘diálogo de uma fala’ (sic!), onde se concretiza apenas os ‘pedidos de uma voz só’, das trocas de favores individuais. O velho e atual clientelismo, ‘possessão do mal’ para qualquer Democracia – alimentando o patrimonialismo, o rebaixamento de toda forma de pensar um Projeto de Nação soberano.
Por que não, institucionalizar os ‘mandatos coletivos’ e avançar do comitê eleitoral, para a criação permanente dos ‘comitês de eleitos e cidadãos’ com caráter deliberativo, de supervisão e prestação de contas?
É isso por hoje. Em tempos de irracionalidade, resisto, não me entrego! Exercito e alimento minha Razão, ainda a dos tempos iluministas. Um dia alcançaremos a harmonia entre Razão e Coração!
Na entrelinha do texto leia-se marxismo cultural escrito pela notória marxista gramsciniana Guiomar…Além do mas, está “educação política e organizada” que transformaram as nossas universidade públicas um feudo da extrema-esquerda, aonde não se produz nada de relevante no meio acadêmico para o país e só serve para a doutrinação marxista.