Alexandre Buchaul — Quem somos nós?

Escreveria hoje sobre o teatro político eleitoral, a última semana fora repleta de lances interessantes, tivemos as entrevistas dos cinco presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas pela dupla de apresentadores do Jornal Nacional na Rede Globo. Houve, a deveras esperada, decisão do TSE quanto a pitoresca candidatura do Lula (agora negada inclusive sua participação na publicidade). Na Folha da Manhã tivemos entrevistas de presidenciáveis e candidatos a governador, além de perguntas sem resposta que deveriam, ao menos, fazer com que pensasse o eleitor. Afinal, quem, enquanto candidato, não se digna a responder nossas questões, tão pouco o fará se eleito. Entretanto me pego cabisbaixo pela tragédia do Museu Nacional, consumido em chamas.

O desrespeito a nossa história vai além da escrita tendenciosa de quem se arvora o direito de interpretar fatos, como se fossem apenas ficção, para atender a fetiches ideológicos. O pragmatismo da lógica econômica já fez ruir muito de nosso patrimônio arquitetônico e com ele se tornam em entulhos bocados inestimáveis de história. Campos dos Goytacazes, rica em passado, destrói sua memória como se não houvesse futuro. Casarios e solares vêm abaixo pela inércia do poder público aliada a conduta criminosa de alguns proprietários. De prédios que vem abaixo pelo péssimo estado de conservação, vide Hotel Flávio, até aqueles que são derrubados na calada da noite ou nos finais de semana como o Clube do Chacrinha, na esquina das avenidas Treze de Maio e Saldanha Marinho.

Há algum tempo se consumia o Museu da Língua Portuguesa. No domingo foi a vez do Museu Nacional. Quanto de nós mesmos não se perde a cada lasca de história que rui, queima ou se apaga como se jamais tivesse existido?

O futuro se constrói no presente, sobre os alicerces do passado. Sem saber quem somos, não saberemos quem seremos. E como diz o Gato em Alice no País das Maravilhas: “Para quem não sabe aonde quer ir, todos os caminhos servem”. Mesmo os que levam ao desastre.

Conhecer nossa história é essencial para entender quem somos e projetar nosso futuro. Lamento as perdas inestimáveis que sofremos com essas destruições e ainda mais que tais preocupações passem longe do debate político. Líderes que não tem consciência de nossa vocação histórica, que desconhecem o povo que somos e não possuem visão da nação que podemos nos tornar são como cegos querendo ser guias dos demais.

 

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