Na maré da facada, Ibope revela que Bolsonaro pode vencer a eleição

 

 

Charge do José Renato publicada hoje (12) na Folha

 

Ibope sorri a Bolsonaro

Duas coisas definem uma eleição em dois turnos: no primeiro, as intenções de voto; no segundo, a rejeição. Pelas intenções de voto, tanto a pesquisa Datafolha da segunda, quanto a Ibope divulgada ontem, indicam que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) estará no segundo turno. Se no primeiro instituto ele liderou com 24% nas intenções de voto, no segundo bateu 26%. Mas o dado mais relevante do Ibope de ontem foi que Bolsonaro caiu três pontos na rejeição: dos 44% na véspera da facada, para 41% depois dela. Em consequência, foi a primeira pesquisa a mostrar que a vitória final do ex-capitão do Exército é possível.

 

Bem nos dois turnos

Líder isolado em qualquer pesquisa, os 26% de intenções de voto no Ibope deram a Bolsonaro um mínimo de 15 pontos de vantagem sobre os concorrentes melhor colocados: Ciro Gomes (PDT) teve 11%; Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB), 9% ambos; e Fernando Haddad (PT), 8%. Mas a grande novidade ficou por conta das simulações de segundo turno. Em duas o capitão continuou atrás, mas já em empate técnico na margem de erro de dois pontos para mais ou menos: 37% x 40% para Ciro e 37% x 38%, para Alckmin. O empate foi numérico com Marina (38% x 38%) e uma vitória no limite da margem de erro com Haddad: 40% x 36%.

 

Tendências

A 25 dias das urnas de 7 de outubro, a ordem dos cinco primeiros candidatos, revelada na Datafolha de segunda, foi praticamente a mesma pelo Ibope do dia seguinte. Comparadas as duas últimas pesquisas deste instituto, apenas dois presidenciáveis ganharam eleitores nos últimos seis dias: Bolsonaro (quatro pontos) e Haddad (dois pontos). Ciro, que tinha crescido no Datafolha, apareceu com queda de um ponto no Ibope. E nele se juntou a Marina, que teve perda maior: três pontos. Entre a pesquisa Ibope de ontem e a divulgada no último dia 5, véspera da facada em Juiz de Fora, apenas Alckmin não perdeu ou ganhou votos.

 

Delírios

As diferenças, sobretudo nas simulações de segundo turno entre Datafolha e Ibope, irão suscitar dúvidas. Os eleitores de esquerda certamente questionarão os números do segundo instituto. Enquanto os de Bolsonaro, após o Ibope, miraculosamente passarão a acreditar nas pesquisas. Embora, contrariando a todas, seguirão pregando a crença na vitória do seu candidato no primeiro turno. E tanto de um lado, quanto do outro, terão o mesmo valor real de quem afirmou que a vereadora carioca Marielle Franco (Psol) era ligada ao tráfico de drogas, ou de quem depois disse que a facada em Bolsonaro foi fake.

 

Mais pesquisas

De qualquer maneira, está prevista a divulgação de novas pesquisas presidenciais: hoje (12), do instituto Paraná; amanhã (13), do Vox Populi; e na sexta (14), outra Datafolha. Destas três, apenas a segunda deve ser encarada com reservas, após sua última consulta de julho, numa parceria insuspeita com a CUT, afirmar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já preso em Curitiba, teria 41% de intenções de voto, enquanto todos os demais então pré-candidatos a presidente, juntos, teriam apenas 29%. Se o Vox Populi agora trouxer Haddad à frente de Ciro, Marina e Alckmin, ninguém fora do PT levará a sério.

 

Maré mais alta

Na definição batida, mas verdadeira: pesquisa é retrato do momento. Lógico que quanto mais o momento se aproxima da urna, é mais difícil de ser alterado. Mas o campista que assistiu à vitória no primeiro turno de Rafael Diniz (PPS) em 2016, sabe que nem tudo é previsto. Após a facada em Bolsonaro, que saiu ontem da UTI, ele vive seu melhor momento. O que é natural. E o Ibope viu este momento melhor ao candidato do que a Datafolha. Mas é difícil que se mantenha nos próximos 25 dias, após os ataques a ele recomeçarem. Em outra referência fácil a quem é da região: ao capitão, pode ter sido a maré alta da lua mais cheia de março em Atafona.

 

Na onda

E por falar no litoral de SJB, tem gente parecendo querer surfar com Bolsonaro. Na reta final de seu terceiro biênio como presidente da Câmara, Aluizio Siqueira (PP) usou seu perfil na rede social Facebook para pedir votos. O que chama atenção é a configuração, nada ideológica, da chapa proposta. Vai de candidata a deputada estadual pelo PT, passa por nomes do DEM e chega até o PSL, de Bolsonaro. Só o tempo vai mostrar se a tática trará resultados políticos. Agora, o que encara são águas revoltas no oceano de comentários das redes sociais por parte de quem não entende, e com certa razão, pedido de votos para o PT e o PSL ao mesmo tempo.

 

Com o jornalista Arnaldo Neto

 

Publicado hoje (12) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 8 comentários

  1. Marcos Cabral De Oliveira

    Não entendo o “na maré da facada”.
    ele iria subir nas pesquisas de um jeito ou de outro.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Marcos Cabral,

      Analiso o que foi. Do que poderia ser, nunca saberemos.

      Grato pela participaçaõ!

      Aluysio

      1. Marcos Cabral De Oliveira

        Tudo bem. Como leitor, me preoculpo com a imparcialidade na notícia.
        Obrigado.

        1. Aluysio Abreu Barbosa

          Caro Marcos Cabral,

          Qualquer jornal se divide em noticiário e opinião. O primeiro é a narração impessoal do fato. O segundo, a interpretação do fato. O texto que vc comenta, na análise de pesquisa, é de opinião.

          Grato pela participação!

          Aluysio

  2. Alex Olimpio

    A economia já dá sinais claros de que a melhor opção hoje é Bolsonaro. Qualquer outro candidato que ganhar levará o país à miséria ( Ciro, Haddad ou Marina). A segunda melhor opção a meu ver seria o Alckmin, mas que não tem chances reais.

  3. Jurema

    A pesquisa Ibope que acaba de ser divulgada é mais ‘antiga’ que a pesquisa Datafolha de um dia atrás. O Ibope ouviu eleitores entre os dias 8 e 10 de setembro, enquanto o Datafolha ouviu eleitores apenas no dia 10 – portanto dentro de um escopo técnico mais atualizado.

    A percepção técnica é a de que o Ibope está defasado com relação ao Datafolha, pois captou o princípio de comoção provocado pela facada a Bolsonaro, depois arrefecido e transformado mesmo em ‘ojeriza’, segundo análises de vários especialistas ao longo da semana.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Cara Jurema,

      Como está no texto, a maré da comoção pela facada tende mesmo a se esvaziar, sobretudo a partir da semana que vem. Mas daí a ter virado “ojeriza”, é uma conclusão sua, possivelmente seu desejo, não de nenhum especialista isento. Isto devidamente posto, vc levanta um ponto correto: embora divulgada depois, a Datafolha é mais atual do que a Ibope.

      Grato pela particpação!

      Aluysio

  4. Jaime Bastos Magalhães

    O trágico é saber que “Jurema” é um pseudônimo.

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