No último domingo (28) a Folha publicou (aqui) uma entrevista de duas páginas com o empresário Joilson Barcelos (PP), falando sobre a possibilidade dele se lançar candidato a prefeito de Campos em 2020. E gerou bastante repercussão, sobretudo pelas análises elogiosas e críticas que ele fez de lideranças políticas locais, regionais e nacionais. Citado criticamente, em encontros pessoais narrados por Joilson, o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) reagiu com veemência, acusando o entrevistado de faltar com a verdade:
— Joilson começa super-mal sua vida política, faltando com a verdade e elogiando os Garotinho. Só estive em sua casa perto da eleição de 2018, quando ele me convidou para conversar com representantes de instituições e pediu que eu liberasse pessoas do nosso grupo para apoiar Marcelo Mérida (então PSD, de mudança ao PSC). Deixei claro que não poderia fazer isso porque nosso candidato era Marcão. Mas será que ele se esqueceu de todas as audiências que solicitou comigo para tratar de seus empreendimentos, a última delas há três semanas? E convenhamos: quem considera Garotinho um fenômeno precisa mesmo procurar motivos para discordar do que eu tenho feito para reerguer Campos, depois do fenômeno de má administração e corrupção na gestão dos Garotinho. Mas Joilson deve ter seus motivos pessoais. Vou manter foco naquilo que me propus a fazer: reconstruir nossa cidade.
Por sua vez, o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) reagiu bem à maneira mais complacente com que foi analisado pelo entrevistado: “tem experiência de pai e mãe com gestões, chegaram a ser governadores”. Ao falar do ex-governador Anthony Garotinho (sem partido), Joilson disse: “esse cara é um fenômeno”. Filho de Garotinho, o pré-candidato a prefeito retribuiu:
— Joilson é um grande empresário de sucesso, um homem que todo campista deve reconhecer o bem que o grupo empresarial dele faz a cidade, na geração de empregos e fluxo de renda. Concordo muito com ele quando diz que ser gestor privado é completamente diferente de ser gestor público, tem muitas pessoas que pensam que é a mesma coisa e pode se usar os mesmos métodos, mas não funciona assim. Sendo ele candidato ou não, é uma pessoa importante no processo.
Quem também gostou da citação elogiosa foi a prefeita sanjoanense Carla Machado, do mesmo PP de Joilson, por quem foi chamada de “uma grande líder”. Ela respondeu:
— Joilson é um grande empreendedor e conhecedor da realidade da região. É natural que seu nome ganhe relevância no debate sobre o desenvolvimento regional. Ele tem uma vivência empresarial que é importante e o fato de ocupar hoje um espaço político é absolutamente legítimo do ponto de vista democrático. Sou muito grata a Joilson pelo reconhecimento ao nosso esforço para organizar a Prefeitura de São João da Barra e avançar nas políticas públicas. Temos conseguido resultados muito bons, mesmo com as dificuldades que herdamos, que não são poucas e até hoje impactam nossa gestão. Também fico feliz com a citação ao amigo Dodozinho (ex-prefeito de SJB e vice-prefeito nos dois primeiros mandatos de Carla).
Considerado pelo empresário como político de “uma experiência muito boa de articulação”, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) também devolveu a avaliação generosa. Mas foi mais econômico nas palavras que os demais:
— Não podia esperar nada diferente de um homem educado como o Joilson, grande empresário e empreendedor que não pode ser desprezado e muito menos subestimado no tabuleiro político para 2020.
Mais econômico ainda foi o pré-candidato a prefeito do PDT, Caio Vianna. Depois de ter sua falta de experiência criticada pelo empresário — “ele não tem visão nenhuma de gestão pública, conhecimento, de experiência de gestão de nada” —, o filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB) se limitou a dizer: “Prefiro não comentar”.
Vice na chapa de Caio na eleição a prefeito de 2016, o hoje deputado estadual e pré-candidato a prefeito Gil Vianna (PSL) preferiu analisar o lado bom das palavras de Joilson, que o chamou de “um cara bacana”, embora tenha questionado: “mas não sei se tem uma visão dessa gestão, do que é uma gestão de poder público, e digo Campos, especialmente, com R$ 2 bi de orçamento”. Gil respondeu:
— Joilson é um grande empreendedor do município, um visionário. Mas a política requer uma outra visão. A gente, que anda na rua fazendo política, sabe disso. Agradeço por ele ter se referido a mim como “um cara bacana”. Também acho ele um cara bacana, com origem de família humilde, mas de gente de caráter, como a minha. E eu acho que tem que ser por aí mesmo. Como sempre digo, em Campos você tem a política dividida entre famílias: os Garotinho, os Vianna, os Bacellar, os Diniz. Nesse ponto, eu e Joilson nos parecemos. Tivemos valores das nossas famílias e com eles fizemos nossos caminhos por conta própria. Se ele vier a prefeito em 2020, será mais uma opção ao eleitor. Uma opção que não foi testada na disputa majoritária, como são Rafael, prefeito e candidato natural à reeleição, e Caio, que disputou em 2016. Joilson, eu, Wladimir, Rodrigo e Mérida nunca fomos testados em eleição majoritária.
Considerado parceiro de Joilson no grupo empresarial local que aspira representação política, Marcelo Mérida está com um pé no PSC, pelo qual também pode ser pré-candidato a prefeito de Campos. Ainda que seja o partido do governador Wilson Witzel, a quem o entrevistado de domingo se referiu como “outro que caiu de paraquedas”. Elogiado, apesar disso, como “um líder da sua categoria”, Mérida devolveu:
— Nós temos uma visão clara e um compromisso com o desenvolvimento, geração de emprego e um entendimento que é preciso discutir Campos e não nomes. Acredito que estamos desbravando caminhos para inserir o modelo de gestão na política. Em tese concordo com seu posicionamento quando cita o laboratório que realizamos em 2018 (quando Mérida concorreu a deputado federal e ficou atrás de Wladimir, Marcão Gomes e Caio) na minha visão vitorioso pelo olhar da experiência adquirida.
Outro integrante do grupo empresarial de Joilson e Mérida, o presidente da CDL/Campos, Orlando Portugal foi também citado na entrevista, por conta da polêmica criada com o secretário de Governo de Rafael, jornalista Alexandre Bastos. Este acusou que algumas cobranças públicas da CDL a Prefeitura se deviam ao fato de Orlando, como Mérida, ter sido secretário do governo Rosinha Garotinho (hoje, Patri). Defendido por Barcelos, Portugal foi recíproco:
— Como presidente da CDL, atendo os anseios e necessidades de nossos associados, as demandas do setor produtivo chegam diariamente. As cobranças ao governo municipal quanto as melhorias no tocante ao transporte público e as pessoas que vivem em vulnerabilidade social em nossa cidade, são antigas, desde mandatos anteriores da CDL. Estamos vivendo momento crítico em relação a esses dois pontos. Não há por parte do presidente e sua diretoria qualquer movimento político em relação a esses fatos, embora tenha participado do governo anterior, consigo não misturar as estações. Tenho um grande respeito pelo amigo e empresário Joilson. E tenho nele um exemplo de esforço, dedicação e, acima de tudo, garra para desenvolver os seus negócios empresariais.
Como Rafael, quem devolveu as críticas de Joilson na mesma moeda foram representantes do PT de Campos, cujo líder preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi chamado de “corrupto” e “safado” pelo empresário. Ele também questionou a perda do dedo de Lula no trabalho como metalúrgico, afirmando que teria sido proposital. Outro candidato de Campos a deputado federal em 2018 e cogitado como pré-candidato em 2020 pelo partido, o petroleiro José Maria Rangel bateu duro no entrevistado:
— A fala dele sobre Lula e sobre os trabalhadores é preconceituosa, bem ao estilo de muitos empresários. Está filiado ao PP, partido com mais envolvidos na Lava Jato. Contraditório, né? Elogia Bolsonaro, por ter sido deputado por 30 anos e sequer sabe que ele apresentou projetos de lei que não enchem uma mão, nenhum para segurança pública. Elogia Moro, que pelas revelações do Intercept está revelando ser um corrupto e chefe de uma organização criminosa junto com Dallagnol. Ninguém é obrigado a gostar de Lula, mas é inegável que nos oito anos de governo dele todos os números da economia cresceram, muito provavelmente foi neste período que o grupo Super Bom (do qual Joilson é proprietário) cresceu. E, por fim, cita Deus como um vingador. Francamente.
No blog de Frederico Monteiro, hospedado no Folha 1, outro petista reagiu ontem com força às palavras duras de Joilson sobre Lula. Estudante da Uenf e membro da Juventude do PT, Gilberto Gomes questionou:
— O que mais me preocupa é como um empregador tão importante para nossa cidade pode pensar que um trabalhador seria capaz de se automutilar por folga ou indenização. Será que esta é a postura que Joilson assume quando um de seus funcionários sofre um acidente de trabalho? Joilson deveria tomar cuidado com as verdades que revela nas entrelinhas, uma vez que já existem denúncias de ex-empregados de sua rede pelo não cumprimento de obrigações trabalhistas. E ao ser questionado sobre como enxergava a figura de Anthony Garotinho, que nos jogou para um buraco sem precedentes, Joilson apenas respondeu: “Rapaz, eu acho esse cara um fenômeno”. Joilson ataca Lula, responsável pelos maiores avanços sociais do Brasil, e abraça Garotinho, que afundou Campos. Mais do que nunca, se encaixa aqui que: quando Joilson me fala sobre Lula, sei mais de Joilson que de Lula.
Publicado hoje (30) na Folha da Manhã
lendo a entrevista, pude entender que ele não seria um bom prefeito. assim como não é um bom patrão. (Trecho excluído pela moderação). Ao elogiar os Garotinhos, deu um tiro no pé. Farinha do mesmo saco. Os Garotinhos são chamados de chefes de quadrilha, envolvidos em escândalos, saquearam a cidade. Respondem vários processos. A prefeita de SJB foi boa no primeiro mandato. Conseguiu eleger seu irmão Fred através de mágica. . Conheci o mesmo nos corredores da Santa casa de SJB, ouvi muitas coisas ditas por ele e como num passe de mágica o cara amanhece eleito em Campos
Eu me pergunto! Como um grande empresário bem sucedido, necessita se envolver na política para se promover! Nestes anos de crise, o único nesta cidade que estava construindo a todo vapor, era nosso ” AMIGO AÍ” Os Barcellos (trecho excluído pela moderação). Estranho ! onde foi parar a grana dos garotinhos? (Trecho excluído pela moderação)
Quem responde mais processos é Cabral e Pezão que estão presos e tiveram apoio politico de Rafael e seu grupo politico, ou Garotinho e Rosinha.