“Política é como nuvem. Você olha e está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. A definição do falecido ex-governador mineiro Magalhães Pinto virou jargão da política por ser a sua melhor definição. Entre 31 de agosto e 16 setembro, se darão as convenções partidárias. Em Campos, as movimentações desta semana se intensificaram sobre o que o eleitor vai encontrar como opção nas urnas de 15 de novembro. Se fosse hoje, elas talvez não trouxessem um dos pré-candidatos considerados mais fortes ao Executivo. Quem quisesse votar a prefeito no representante dos ex-governadores Garotinho e Rosinha, poderia ter que fazê-lo não no deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), mas no ex-vereador Fábio Ribeiro, do mesmo partido. Que traria como vice um ex-vereador rosáceo de “cabeça branca”: Edson Batista ou Paulo Hirano. Caso se confirme, a troca trará alterações profundas na disputa a todos pré-candidatos a prefeito, inclusive outros também considerados competitivos, como Caio Vianna (PDT) e o atual ocupante da cadeira, Rafael Diniz (Cidadania). Mas a pergunta sem resposta matemática permaneceria a mesma a qualquer um: como administrar uma cidade com orçamento previsto em abril para R$ 1,7 bilhão em 2021, que pode cair até a R$ 1,5 bilhão por conta da crise econômica advinda da pandemia da Covid-19, com R$ 1,1 bilhão já comprometido só com a folha de pagamento dos servidores?
Em busca de resposta não à indagação fundamental para quase 600 mil almas, mas à chance de poder ser candidato, Fábio Ribeiro hoje vai se encontrar no Rio com Garotinho, que busca impor a candidatura ao filho Wladimir. Este não estará presente, para evitar atritos com o pai. Nos bastidores circula o pensamento: deputado de bom mandato na Câmara Federal, Wladimir perderia a prefeito de qualquer maneira. Menos, todavia, se desistisse da pré-candidatura do que se saísse derrotado nas urnas de novembro. Com uma carreira política promissora, Wladimir poderia perder ainda mais se for candidato em 2020 e ganhar. O que o obrigaria a enfrentar em 2021 a realidade de queda nas receitas do petróleo, mais a crise econômica mundial da Covid, mais a herança financeira ao município deixada por seus pais.
Parte desta será revelada na divulgação do relatório da CPI do PreviCampos, marcada para às 14h desta terça (28). O rombo deixado, segundo o presidente da Câmara Municipal, vereador Fred Machado (Cidadania), adiantou no Folha no Ar de ontem (24), é de cerca de R$ 500 milhões. Isto em valores não corrigidos.
As dificuldades que Wladimir teria pela frente, caso se elegesse a prefeito de Campos em novembro, não seriam diferentes a nenhum outro governante que sair das urnas. Ele só teria a dificuldade adicional das cobranças que o pai poderia fazer, caso não seguisse suas orientações de como governar. O que não seria constrangimento para Fábio, pelo menos enquanto candidato, por não ser dono do capital eleitoral necessário para chegar à Prefeitura. Também sem mandato eletivo, embora bem votado a prefeito em 2016 e a deputado federal em 2018, Caio não tem nada a perder voltando a se candidatar ao Executivo goitacá. Mesmo contra Wladimir, a baixa rejeição do filho do popular ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) é considerada sua maior arma para vencer a eleição em um eventual segundo turno.
A situação de Caio é oposta à de Rafael, com quem disputou e perdeu a crista da onda do antigarotismo em 2016. Vencedor daquele pleito em turno único, o prefeito enfrenta a rejeição por ter prometido na campanha o que não pode cumprir no governo. E hoje parece não ter saída política a não ser se candidatar à reeleição. Com decisões administrativas questionadas nos últimos três anos e meio, em meio a uma crise financeira cuja face mais cruel é a falta de pagamento dos RPAs nos últimos seis meses, Rafael parece ter diminuído a rejeição por conta da atuação firme no enfrentamento à pandemia da Covid. Mas esta reavaliação a partir da inauguração do CCC, em 30 de março, é ainda restrita à classe média. À maioria da periferia, em que se espraiou a “onda verde” de 2016, a reação de decepção é emocional. E consideravelmente mais difícil de ser revertida pela racionalidade dos números.
Se Wladimir decidir que não deve ser candidato a prefeito, e conseguir convencer seu pai disto, caberá à sua mãe, a também popular ex-prefeita Rosinha, a tarefa de levar Fábio Ribeiro embaixo do braço na campanha. Sobretudo na periferia, área de maior penetração histórica do garotismo. Se já não seria fácil, a missão terá a dificuldade extra das limitações de contato físico da Covid. Contra a desistência de Wladimir, está o fato de que ela seria encarada e explorada como a confirmação do que Rosinha chegou a admitir, em ato falho, em live nas redes sociais em plena campanha de 2016: “Campos está no buraco”. Constatação reforçada por Garotinho em dezembro daquele ano, com a eleição já perdida, quando “profetizou” que Rafael não conseguiria pagar os salários dos servidores a partir de maio de 2017.
Há outros atores com ânsia de protagonismo: o ex-prefeito Roberto Henriques (PC do B), os ex-vereadores Alexandre Tadeu (Republicanos) e Odisséia Carvalho (PT), Lesley Beethoven (PSDB), Cláudio Rangel (PMN) e Jhonatan Paes (PMB). Henriques foi prefeito por 43 dias em 2008, no afastamento temporário de Alexandre Mocaiber do cargo, e se elegeu deputado estadual em 2010, com o apoio do então prefeito Nelson Nahim, que governou mais tempo no afastamento de Rosinha. Tadeu deve contar com o apoio fiel da Igreja Universal e espera ter o apoio do clã Bolsonaro, após o seu partido abrigar o senador Flávio e o vereador carioca Carlos. Odisséia encara a missão de dar visibilidade à sua legenda, na disputa por uma cadeira na Câmara de Campos. Beethoven, após conseguir o comando do PSDB local pelo qual tanto lutou, tentará algo parecido. Cláudio e Jonathan têm pouca densidade. Todos ambicionam chegar lá, o que é legítimo. Como é brigar pelo máximo possível de votos no primeiro turno para cacifar seu apoio entre os dois que forem ao segundo. Mas, com o naufrágio anunciado do governador Wilson Witzel (PSC), a grande surpresa de 2018 é muito difícil de ser repetida.
A situação cada vez mais difícil do ocupante do Palácio Guanabara tem reflexos diretos sobre as outras pré-candidaturas a prefeito de Campos. A mais óbvia é na do líder lojista Marcelo Mérida pelo PSC. Mas também sobre as articulações do relator da comissão que analisa o pedido de impeachment do governador na Alerj, deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD). Ao lançar como pré-candidato o juiz aposentado Pedro Henrique Alves, ele tencionava repetir o fenômeno do ex-juiz federal Witzel. Como não foi registrada, pesquisa recente a prefeito de Campos pelo instituto Paraná não pode ter os números divulgados. Mas não apontou nada que ninguém já não soubesse. E o fato de ter sido encomendada pela Alerj com o nome da médica Cândida Barcelos como prefeitável do SD indica que o magistrado está fora do jogo.
O problema é que Cândida também teria decidido esta semana não concorrer a prefeita, o que acendeu a luz ao vereador Igor Pereira (SD). No Folha no Ar da última quarta (22), ele reafirmou sua intenção de disputar a reeleição. E não é segredo que sonha suceder a Fred Machado na presidência da nova Legislatura. Mas, no streaming do programa ao vivo, alguns simpatizantes do edil lançaram em comentários seu nome a prefeito, possibilidade que ele não assumiu, nem negou. Seu aliado Rodrigo era considerado o principal articulador da pré-candidatura de Caio, até os dois romperem. Ao que consta, após o pedetista ter se recusado a deixar o deputado indicar o vice da chapa e aceitar um acordo prévio para fazer de Igor o próximo presidente da Câmara. O filho de Arnaldo receava ser feito de refém, como o então prefeito Alexandre Mocaiber foi do pai de Rodrigo, Marcos Bacellar, quando este presidia a Casa do Povo. Enquanto o SD não se define, quem espera na possibilidade de aliança é o DEM do ex-deputado federal Pastor Éber Silva, pré-candidato a prefeito restante.
Assim foi como as nuvens pareceram esta semana sobre a política goitacá. Dificilmente manterão a forma nos 115 dias que separam este sábado do domingo de 15 de novembro. O que não mudará é o sol real acima das nuvens, que deveria cegar todo o eleitor campista responsável para tudo mais ao redor: como governar uma cidade com R$ 1,6 bilhão de orçamento e R$ 1,1 bilhão comprometido com pagamento de servidor? Na dúvida, uma certeza: sabendo ou não, você vai pagar a conta.
Publicado hoje (25) na Folha da Manhã
Fabio Ribeiro ? Entao o Caio/Arnaldo vai ganhar…..
SOU MAIS WLADIMIR , PARA CAMPOS PTECISA VOLTAR A SORRIR , O POVO TA CANSADO DE SOFRER E PADECER NAS MAOS DESSE EX PREFEITO.
CHEGA DE SOFRIMENTO. SOU MAIS WLADIMIR E O MELHOR PARA CAMPOS DOS GOYTACAZES!
Neste tabuleiro, se o Deputado Wladimir sair, nenhum apontado para o substituir terá capacidade de governar o nosso município.
Temos bons nomes, que creio pelos anos de política seria uma opção forte:
Roberto Henriques e o Juiz Pedro Henrique.
Que me desculpem os outros candidatos.
Vamos aguardar para saber como ficará as chapas.
que vença o melhor.
ET: pedir ao sr Rafael Diniz, que faça um balanço do seu governo e tire seu banquinho devagarinho para não passar vergonha
Rafael vai continuar. É o mais sensato.
Só Wladimir para salvar Campos um deputado federal bem questionado no govarno federal e ele é um deputado federal limpo n importa quem fez no passado so n foi ele e a prova está aí Wladimir Garotinho (PSD)– Deputado federal, 35 anos, Wladimir começou a carreira pelas mãos do pai, o ex-governador Anthony Garotinho. Foi presidente municipal do PR e coordenou as campanhas de Rosinha Garotinho, sua mãe, quando foi eleita prefeita de Campos, em 2008, e depois assumiu a coordenação da campanha do deputado estadual Bruno Dauaire, em 2014. Em 2018, chegou à Câmara Federal com 39.398 votos. Atualmente, concorre ao prêmio de melhor deputado na Câmara Federal.